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PÁSSARO INCAUTO NA VIDRAÇA - CAPÍTULO I I I

HOJE QUINTA-FEIRA, 14 DE JANEIRO DE 2016, PUBLICAMOS O TERCEIRO CAPÍTULO DE NOSSO FOLHETIM. ESPERO QUE GOSTEM E CONTINUEM LENDO A SEQUÊNCIA DOS CAPÍTULOS. Capítulo 3 Agora que Dulcina foi embora, sinto-me mais à vontade para viver a minha vida. Ela jamais me entenderá, como você. Tem a cabeça fraca, desorientada. Quase uma boçal. Agora, posso observar a escuridão das ruas, as luzes ao longe, o vaivém de lâmpadas que se acendem nas escadas dos edifícios, quando alguém acaba de entrar nos prédios. Em alguns, quase participo de suas vidas. Vejo-os entrar, deslocarem-se para seus quartos, seus locais de trabalho ou lazer. Um menino passa metade da noite na frente da tela do computador. A mulher do prédio da esquina se acomoda numa poltrona que quase desaparece, hipnotizada pela tv. Cada um faz uma atividade que lhe faz bem, que lhe proporciona prazer. Eu cá, fico na minha janela. Daqui vejo o mundo, do qual não posso partilhar. O velho aí da frente, ainda não se deitou. Já devia t

PÁSSARO INCAUTO NA VIDRAÇA - CAPÍTULO I I

HOJE TERÇA-FEIRA, 12 DE JANEIRO DE 2016, PUBLICAMOS O SEGUNDO CAPÍTULO DE NOSSO FOLHETIM DERRAMADO. ESPERO QUE GOSTEM E CONTINUEM LENDO A SEQUÊNCIA DOS CAPÍTULOS. Capítulo 2 _Pois não? _A senhora é dona Úrsula? Tive vontade de responder, sim, tal como a matriarca dos Cem anos de solidão do Gabriel Garcia Marques. Mulher de fibra, mesmo cega, se mostrava forte, valente. Mas não disse nada. Talvez nem conheça o livro. As jornalistas de hoje em dia são feitas a martelo, como dizia o meu pai. Ele sempre se queixava dos ajudantes. Detestava gente incompetente. _Desculpe, não entendi o que disse. Não disse nada, só pensei. Às vezes, penso demais e falo de menos. Também, nesta solidão em que vivo. Costumo falar com minhas plantas. Certamente, me dão mais atenção do que qualquer jornalista interessada em bisbilhotar. Desculpe, Rita, às vezes sou assim, ingrata. _E quem é você? _Meu nome é Susana Medeiros. Nos falamos ao telefone, lembra? _Sim, mas falei com tantas pessoas. E não a co

PÁSSARO INCAUTO NA VIDRAÇA - CAPÍTULO I

ESTE É O SEGUNDO FOLHETIM QUE PUBLICAMOS EM CAPÍTULOS. COMO NO ANTERIOR, SERÁ PUBLICADO NAS TERÇAS-FEIRAS E QUINTAS-FEIRAS. HOJE QUINTA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2016, PUBLICAMOS O 1º CAPÍTULO. ESPERO QUE CURTAM E VOLTEM AO BLOG PARA ACOMPANHAR A SEQUÊNCIA. OBRIGADO . Capítulo 1 Não sei se me arrumo de jeito. Quero ter as coisas no lugar e os dias passam rápidos que nem me dou conta. Acho que preciso parar e pensar e refletir muito, para não ficar rememorando coisas dormidas, esquecidas, mortas e enterradas. Por mais que me esforce ao contrário, os fatos acontecem. Pudera amanhecer o dia e nem ver as primeiras cores, os primeiros riscos avermelhados, quando tem sol ou quando o sol vai aparecer daqui a pouco. Que nada. Já nem me animo com estas belezas da natureza. Tudo já é cinza, sem cor. Afinal, passo as noites olhando pela janela, que nem desconfio se há qualquer diferença no tempo. Se chove, faz frio ou calor, saberei no decorrer do dia. A cabeça pesa, o corpo dói e os anos qu

Sobre o romance “Pássaro incauto na janela”

Este romance mostra a solidão de uma idosa que vê, analisa e critica a vida através de sua janela. É viúva de um grande jornalista que lutava contra a repressão nos anos 70. Em sua solidão, costumava conversar com uma fotografia de Rita Hayworth. Faz um contraponto com a protagonista, uma jornalista que pretende entrevistá-la sobre os envolvimentos do marido. Aos poucos, são revelados os dramas pessoais da jornalista, a partir do conhecimento de que o pai em seus momentos finais pedira que ela desligasse os aparelhos que o mantinham vivo. Junto a tudo isso, há o homem do prédio da frente, do qual a protagonista tece as suas conjunturas e tudo culmina com o surgimento de sua família, que parece ter interesses especiais em sua vida. Com o decorrer da história, as duas personagens vão se descobrindo e encontrando novas formas de viver e serem felizes. É uma história de sentimento, emoção e poesia, na qual as vidas se entrelaçam e se revelam aos poucos. Como o fiz com “O doce

PENSO NO NATAL

Talvez falasse em consumo, em presentes, em comilança, em festa. Talvez falasse no Aniversariante, engendrando questões que explicassem, sob um viés capitalista, porque não se preocupam com Ele, ou só o consideram de passagem. Talvez falasse do Natal, como um feriado para compartilhar com parentes e amigos, a celebração da vida, a tentativa de ser feliz, pelo menos por um dia. Talvez comentasse tudo isso, mas prefiro pensar no silêncio. No silêncio daqueles que sofrem em hospitais, dos marginalizados nos depósitos psiquiátricos, dos alienados da vida real, dos que perambulam pelas ruas, dos que bebem da água que sobra nas garrafas sujas, jogadas após uma noite de festa. Dos amargurados, impedidos de falar, silenciados pelo peso da dor ou do jugo do parceiro. Das mulheres que descreem da vida, apartadas do seus, nos desvios produzidos por regimes. Nos pais que não enterraram os filhos, ocultados sob a dor de períodos de trevas, onde a liberdade era apenas um discurso

O DOCE BORDADO AZUL - 13º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 13º capítulo. Capítulo XIII A alma ferida de Laura A alma ferida de Laura Laura espeta o dedo com a agulha e larga o bordado rapidamente sobre a poltrona, chupando o sangue, evitando sujar o tecido. Está ansiosa, os dedos imprecisos, a mente conturbada. Embora já seja tão tarde, não consegue levantar da poltrona e dirigir-se à cama. Na rua, avista apenas sombras que se movem pela calçada, pessoas que passam rápidas, voltando para as suas casas, temerosas de assaltos, mãos nos bolsos, noite fria, vento forte, poeiras que voltam e rodopiam perto da janela, iluminadas à luz dos postes. Tudo o que Lúcia lhe contou, deixou-a humilhada, como se ela fosse a protagonista da história. Como a tinham atingido assim, tão rudemente, como se estivesse num tribunal da santa inquisição. Odiava aquela gente. Odiava aquelas freiras. Odiava aquele círculo fechado, um

OS PÓS-MODERNOS E EU

Sempre ouvindo o que tem a me dizer, a esclarecer sem que eu peça. Às vezes, sinto o ímpeto indefinível e prático de dizer o que penso. Está aqui, na ponta da língua. Mas não o faço. Como faz toda a gente. Como dizem os que se julgam de auto-estima prolongada. Existe esta expressão? Não sei, mas são os fortes, os que não levam desaforo pra casa, os que cortam o trânsito, arriscam suas vidas e a dos outros, os que imergem em soluções mágicas para sobreviver ou que se interpolam entre os que usam a inteligência e a moral, os políticos, os emergentes, os de pouca índole, os que se “acham”, como se diz na gíria popular. Não consigo ser assim, sou velho, desgastado, educado demais para os padrões pós-modernos. Mas que dizer dos que não tem padrão? Ou não seguem nenhum? Melhor não definir nada, não identificar os projetos e planos que assolam as mentes conturbadas, iludidas e manipuladas pela mídia, pelo outro que já foi manipulado e não sabe, e ainda se julga eficiente e moderno, uma moder