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Mostrando postagens com o rótulo costumes

Quando não cabemos no mundo

“O mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.” Esta frase de Clarice Lispector nos remete a vários significados dentro do panorama social e político que vivemos no mundo e no Brasil. Parece-me que o mundo interior das pessoas, aquilo que pensam e professam durante toda a sua vida, independente do que realmente praticam, desemboca nas suas articulações políticas e sociais. Talvez mesmo, uma coisa não se possa separar da outra. E falo tanto no aspecto conservador, de costumes e práticas sociais, quanto no aspecto de vanguarda, de mudança de uma sociedade que avança gradualmente, quer queiramos ou não. Que avance para a melhoria do ser humano, no seu significado e significante em relação à vida atual, ou retroceda conforme o pensamento conservador extremo e neste caso, há uma luta de comportamento de modo estrutural e articulado. Explico melhor: o homem nasceu para crescer, evoluir em ambição à liberdade de se expressar, de se distinguir em diversos aspectos, de ser ap

Teu olhar

Leva o teu olhar ao passado, como se fosse permitido reverter o tempo. Como se o espaço em que vives, seja o mesmo em que tuas experiências deram sentido ou não a tua vida. Volta, mesmo que a saudade doa e o mar que atravessas não te permita o retorno. Lembra dos que contigo partilharam os mesmos caminhos e deles te distanciaste. Quanto desalento, quanta dor e desamparo. Quando houve acolhimento? Nos primórdios do país, quando se matava indígenas e se introduzia uma cultura que escravizava, matava e alterava os costumes? Quando se impunha uma teoria jesuítica transformando o homem da terra num ser metamorfoseado por conceitos adversos e estranhos a sua concepção de vida e humanidade? Quando se escravizou homens e se criou castas e distinções de etnia, de cor, de gênero? Talvez os processos de barbárie ainda prossigam nos mesmos parâmetros, apenas tingidos por tecnologias cujos avanços não se refletem na condição humana. Mas quem sabe, voltas o olhar ao passado, sem desviar do

PEQUENA CRÍTICA SOBRE O FILME A VIDA NO PARAÍSO (Så som i himmelen)

Certamente há centenas de críticas e resenhas sobre o filme “A vida no paraíso”, dirigido pelo sueco Kay Pollak, mas há sempre um aspecto a explorar e nunca é demasiado se falar de um bom filme. A vida no paraíso é um destes filmes em que os personagens são envolvidos na trama existencial de suas vidas, tão pacatas, mas borbulhantes de problemas e confrontos numa sociedade machista da pequena cidade em que vivem. É para lá, que o maestro famoso volta, Daniel, o protagonista, retomando uma busca que sempre se propusera, talvez de forma inconsciente. Uma retomada ao passado, à vida simples e também cheia de contradições desse lugarejo, aliás, o lugar onde nascera. Lá vivera os primeiros anos de sua vida e logo se mudara para a cidade grande, para tornar-se um grande maestro. Após uma transformação física e espiritual, volta à cidade natal, aos costumes, aos velhos conflitos. Não há nada aqui relatado que possa tirar a surpresa do filme, pois logo no início da película, surge a causa pr