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Mostrando postagens de outubro 4, 2020

Agitação impetuosa

A noite já acabrunhava os ossos mais frágeis pelo sereno que se intensificava. Doía uma certa melancolia, às vezes doce, às vezes ácida, deixando na boca uma secura que despertava a vontade intensa de qualquer líquido. Como se jorrasse do céu, por um minuto, um décimo de minuto, uma água nítida e brilhante, muito mais do que chuva, mas alguma coisa forte que significasse um banho profundo na alma e no corpo. Um banho que me transportasse a outro extremo da vida, talvez mais doce, mais límpido, mais puro, mais profundo. Caminhei como pude, enquanto as luzes se apagavam e surgiam as dos velhos postes das ruas transversais. Na casa acachapada no chão, uma calçada alta, que realçava o que havia lá dentro mais do que as paredes esverdeadas da casa. Uma luz tão amarela quanto às dos postes, mas mais fraca e algumas sombras, como fantasmas que se deslocavam de um lado para o outro, acercando-se da janela, espiando pelas frestas, tentando ver um pouco do mar escuro que jazia bem longe,