Que vejo nas praças, nos parques, nas ruas, nas vielas empoeiradas, nos becos encardidos, na tristeza dos olhares, na fome revisitada, nos céus de abandono, no mar distante, nas ruas sem fim. Que vejo nas calçadas ardentes de outono, resquícios de dias quentes da estação passada? Que vejo de chinelos velhos em pés sujos, de andrajos soltos pelas pernas finas e desajeitadas. Que vejo neste balé disperso e deformado da mulher que grita pelo centro da praça? Que pula, dobra os joelhos para o monumento, retira os livros para a doção e os segura como um troféu. Fala alto e forte ante olhares soturnos, abandonados em telas brilhantes ou desconcertados pela loucura, como contagiosa fosse. Apesar das sombras do início da noite, ela continua lá, explanando um discurso que é para si mesma. Um casal de turistas, provavelmente, visita o monumento, tira fotos da criança, observam por um momento a cena e prosseguem na tarefa, convictos de que não lhes fará mal. Que faço eu para cercar-me de cuid...
Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.