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quarta-feira, dezembro 14, 2016

Momentos e encontros

Há momentos em que a multidão restringe os movimentos, os passos, os suspiros e outros em que a solidão prevalece em espaços vazios, produzindo estranhamentos em nossos mundos.

Há momentos de abastança, festas eloquentes e climas de euforia. Outros de espanto, pobreza e medo.

Há momentos de certeza, outros desconfiança.

Há momentos de temperança e tolerância. Outros em guerra lutando por paz.

Há momentos de entusiasmo, criatividade e procuras, outros de trabalho e suor.

Há momentos de prazer, de excessos e devaneios, outros de reflexões e dúvidas.

Há momentos que se cruzam, que se interpõem e se unem, ou morrem ou se recriam.

Por isso pergunta-se: por que lá fora o frio, a dor, o medo, a angústia, o sofrimento?

Quem sabe aqui, também, hospitais a céu aberto, onde as feridas não curam e os algozes as aceleram.

A vida, às vezes, ecoa sonora e musical, lá fora. E aqui, retumba surdo o som que some e não se assume.

Quem sou eu nestes encontros? Quem somos nós? Um mundo sem fim? Uma verdade sem dor? Uma dor irreal?

Talvez bastem apenas os momentos, aqueles que se atravessem nas fronteiras, que se encontrem e se mirem. Mirar produz o elo, porque o outro é espelho de mim.

Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/users/Quadronet_Webdesign-1555018/

sábado, dezembro 19, 2015

PENSO NO NATAL

Talvez falasse em consumo, em presentes, em comilança, em festa.

Talvez falasse no Aniversariante, engendrando questões que explicassem, sob um viés capitalista, porque não se preocupam com Ele, ou só o consideram de passagem.

Talvez falasse do Natal, como um feriado para compartilhar com parentes e amigos, a celebração da vida, a tentativa de ser feliz, pelo menos por um dia.

Talvez comentasse tudo isso, mas prefiro pensar no silêncio.

No silêncio daqueles que sofrem em hospitais, dos marginalizados nos depósitos psiquiátricos, dos alienados da vida real, dos que perambulam pelas ruas, dos que bebem da água que sobra nas garrafas sujas, jogadas após uma noite de festa.

Dos amargurados, impedidos de falar, silenciados pelo peso da dor ou do jugo do parceiro.

Das mulheres que descreem da vida, apartadas do seus, nos desvios produzidos por regimes.

Nos pais que não enterraram os filhos, ocultados sob a dor de períodos de trevas, onde a liberdade era apenas um discurso político, e apesar do passar do tempo, revivem a cada Natal, o sorriso do filho, que deixou o quarto intacto.

No silêncio dos meninos de rua, dos palhaços de sinal, dos pedintes, dos incapazes de sonhar. Nos que morrem no trânsito, nos que se suicidam nas estradas, nos que fugiram covardemente da vida.

Nos bêbados andrajosos, nos viciados, perdidos em noites escuras estruturadas em túneis sem fim, bamboleando entre vielas sujas e mal cheirosas, buscando o pouco de vida que lhes foge a cada acesso de prazer.

Nos solitários, nos patéticos frente a monitores, assistindo de longe a vida como cenário abstrato de poucos, tão fugaz e inatingível. Dos que se perdem nos bastidores de softwares, chips, megas, tentando encontrar outros ou a si mesmos, ineptos das ações mais humanas.

Nos velhos solitários, observando a vida da janela, borbulhando a dor nos ossos, na pele flácida, nos olhar aguado, assistindo as imagens em movimento, com alma em apuros; um item do passado, que o mundo esqueceu de conferir.

Penso neles. E também nos que percorrem a vida com calma, vivenciam a dor humana, consolam, ajudam, compartilham. Por tudo isso, penso no Natal. Um Natal que muitos não possuem, ou talvez, não propriamente como imaginamos, mas um Natal que se consagra aos poucos, no dia a dia de suas atribulações, quem sabe, um respaldo para o encontro maior com o Senhor.

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