Em seu trabalho, Clara não conseguia esconder o nervosismo, principalmente após a notícia do jornalístico da TV, que informava a busca por um clandestino, chegado à cidade num navio mercante e que desaparecera como por encanto. Presumiam, inclusive que havia grupos constituídos no Brasil, para facilitarem a sua fuga. Tanto ela, quanto ele estavam amedrontados. Clara tentava concentrar-se em suas atividades, mas sabia de antemão que era uma tarefa impossível. Suas mãos estavam trêmulas, seu olhar desorientado, observando as ondas escuras do mar dava mostras de cansaço. Ao sentir a presença de Gustavo, empurrando a porta, sem pedir licença, teve a impressão de que ele sabia de tudo. Via nas maçãs sumidas do rosto, a ironia estampada nos olhos pequenos e vivos. Com as mãos segurando o cinturão, e as pernas meio abertas, balançava o corpo, como se quisesse marcar a presença de forma definitiva. Clara prosseguiu digitando alguns dados no computador, fingindo cuidado com a tarefa. Lev...
Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.