Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.
domingo, junho 27, 2021
Como um androide
As pessoas eram apenas pessoas conhecidas ou não, um público que se avantajava na direção do centro ou dos bairros. Quase não percebia seus rostos, porque me era natural observar assim, preocupado com meus afazeres. Algumas cumprimentava, quando considerava conhecidas, outras me aproximava porque eram amigos que fortuitamente passavam por mim. Ou era aquele vizinho, quando morava em determinada rua ou mesmo o dono do boteco da esquina, ao qual eu conhecia há muito tempo. Agora, já não vejo estas pessoas, paira uma ameaça no ar, um medo que se agiganta e que me deixa inerte. Um pânico do vírus que assola nosso país e o planeta inteiro. Parece que aqui, ele fez moradia não tão temporária e insiste em se replicar como um androide de um filme sci-fi .
Também assolam os pensamentos as teorias vis e insanas que desinformam a população, assolam o mau ou não-uso de máscaras e precauções, assolam a prescrição de medicamentos sem comprovação científica, assolam as mentiras, as farsas, as corrupções nas altas esferas do poder. E por tudo isso, assolam as mortes e o medo que nos acompanha.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/corona-mundo-máscara-v%C3%ADrus-doença-4912807/
quinta-feira, abril 02, 2020
O cheiro doce da maresia
Fonte da ilustração: Bernhard_Staerck in: www.pixbay.com
Quisera falar coisas agradáveis. Talvez anunciar que ando lendo livros, ouvindo músicas , que arrumo minhas estantes e desorganizo meus pensamentos. Talvez a única opção correta é o caos de pensamentos.
Quisera sorrir com as piadas, com os memes da pandemia, com os artifícios de comunicação em mídias menos afeitas ao jornalismo.
Quisera sorrir e ver beleza em imagens da natureza, nos programas de viagens, nos realities falsos de construções e vendas de casas ou de restauração de carros. Quisera me divertir com programas de humor, de me emocionar com dramaturgia, de acalentar a alma com a melodia. Mas não consigo. Meu coração está apertado e meu peito não se expande para dar vazão a sopros de esperança.
Fico emocionado sim com o pessoal que trabalha na frente de batalha, como soldados fiéis e fortes, em nossa defesa. Parece que a humanidade está tão frágil e as questões de classes, etnias ou orientações sexuais parecem ter apenas um viés democrático, o de estarem todos no mesmo barco.
E parece que a tempestade é poderosa, cujos ventos e ondas estão a ponto de desestabilizar o barco no qual cabe cada vez menos pessoas. Como se fôssemos ficando sem espaço, pois os que decidiram avançar as ondas, já não podem voltar para o barco e se voltarem farão com que os que já estavam acomodados e isolados, afundem juntos. Quisera que a tempestade passasse rápida e que pudesse novamente olhar de frente o horizonte e observar uma paz indefinida, com a certeza de que não estou sozinho nem isolado e que outros já podem respirar ao meu lado. Antever ao longe, o oscilar das névoas entre o sol e a brisa, permeando meu olhar solidário. Para isso, basta que não enfrentem a ciência e fiquem no barco, não sigam as atitudes bisonhas de um líder que não lidera, que apenas aguardem que a maré abaixe, que as ondas diminuam, que o mar se acalme, que sintam o cheiro doce da maresia e a vida recomece. Nunca mais como antes, mas talvez mais rica e densa de valores.
quarta-feira, março 25, 2020
Indignação
Há um tempo atrás, eu comentava muito sobre política nas redes sociais, mas com o passar do tempo, percebi que falava apenas para uma bolha, que acreditava nos mesmos ideais e valores políticos com os quais eu me orientava. O outro lado, a outra bolha, não dava a mínima importância. Eu jamais mudaria o pensamento ideológico de alguém, com os meus argumentos.
Nem se podia conversar com franqueza nessa dicotomia que passou a vigorar no Brasil, embora sempre houvesse de forma disfarçada. No máximo, o que passei a fazer, foi alguns comentários em publicações de amigos ou curtidas ou mesmo alguns compartilhamentos. E se publicava alguma coisa, o fazia de modo subjetivo, no qual, quem o lesse, perceberia nas entrelinhas o pensamento crítico ali embutido, pelo menos, é o que eu pretendia.
Mas hoje, porém, com o funesto e histórico discurso do Presidente da República, que repudia tudo o que está sendo elaborado e executado pela sociedade civil, através das recomendações da OMS e do próprio Ministro da Saúde, neste caso da pandemia, não há como ficar calado.
Não vou falar o que o cientistas da área médica exaustivamente já comentaram e teceram longos argumentos, apenas demonstrar a minha indignação com essa pessoa que deveria liderar a nação e ao contrário, desmoraliza e descontrói a luta contra o avanço do dramático vírus que avança em nossa população, contra o qual, os profissionais da saúde em suas várias especialidades e categorias desempenham com afinco no cuidado e no alerta à população para que faça o isolamento social, trabalhando de modo diuturno e arriscando as suas próprias vida.
Causa indignação e repulsa que essa pessoa faça um discurso na contramão de tudo que é cientifico e provado pelas autoridades médicas em todo o mundo e faça uma comparação esdrúxula com a Itália, salientando que aquele país é um país de idosos, como se somente estes possam adquirir o vírus, de modo que se conclui que esta parte da população brasileira de idosos não possui nenhuma relevância enquanto cidadãos, pois podem morrer à vontade, a partir do fim de confinamento da população ativa.
Nem me pergunto mais como grande parte dos eleitores (apesar dos fake nesws) foi capaz de votar neste homem, mas atualmente me questiono com tristeza e estupefação, como alguns ainda o defendem e repassam mensagens de whatsapps tentando enaltecer e ratificar atitudes que segundo eles, são adequadas, além de criticar outros países como a China e até, imaginar que esta nação é a grande culpada pela disseminação da epidemia.
Estes, na verdade, merecem o Presidente que tem. Nós, não. O povo brasileiro merece coisa melhor.
terça-feira, março 17, 2020
Que o vírus imploda
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