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Indignação

Indignação


Há um tempo atrás, eu comentava muito sobre política nas redes sociais, mas com o passar do tempo, percebi que falava apenas para uma bolha, que acreditava nos mesmos ideais e valores políticos com os quais eu me orientava. O outro lado, a outra bolha, não dava a mínima importância. Eu jamais mudaria o pensamento ideológico de alguém, com os meus argumentos.

Nem se podia conversar com franqueza nessa dicotomia que passou a vigorar no Brasil, embora sempre houvesse de forma disfarçada. No máximo, o que passei a fazer, foi alguns comentários em publicações de amigos ou curtidas ou mesmo alguns compartilhamentos. E se publicava alguma coisa, o fazia de modo subjetivo, no qual, quem o lesse, perceberia nas entrelinhas o pensamento crítico ali embutido, pelo menos, é o que eu pretendia.

Mas hoje, porém, com o funesto e histórico discurso do Presidente da República, que repudia tudo o que está sendo elaborado e executado pela sociedade civil, através das recomendações da OMS e do próprio Ministro da Saúde, neste caso da pandemia, não há como ficar calado.

Não vou falar o que o cientistas da área médica exaustivamente já comentaram e teceram longos argumentos, apenas demonstrar a minha indignação com essa pessoa que deveria liderar a nação e ao contrário, desmoraliza e descontrói a luta contra o avanço do dramático vírus que avança em nossa população, contra o qual, os profissionais da saúde em suas várias especialidades e categorias desempenham com afinco no cuidado e no alerta à população para que faça o isolamento social, trabalhando de modo diuturno e arriscando as suas próprias vida.

Causa indignação e repulsa que essa pessoa faça um discurso na contramão de tudo que é cientifico e provado pelas autoridades médicas em todo o mundo e faça uma comparação esdrúxula com a Itália, salientando que aquele país é um país de idosos, como se somente estes possam adquirir o vírus, de modo que se conclui que esta parte da população brasileira de idosos não possui nenhuma relevância enquanto cidadãos, pois podem morrer à vontade, a partir do fim de confinamento da população ativa.

Nem me pergunto mais como grande parte dos eleitores (apesar dos fake nesws) foi capaz de votar neste homem, mas atualmente me questiono com tristeza e estupefação, como alguns ainda o defendem e repassam mensagens de whatsapps tentando enaltecer e ratificar atitudes que segundo eles, são adequadas, além de criticar outros países como a China e até, imaginar que esta nação é a grande culpada pela disseminação da epidemia.

Estes, na verdade, merecem o Presidente que tem. Nós, não. O povo brasileiro merece coisa melhor.

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