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sexta-feira, maio 26, 2023

Eu quero

Ilustração: RoySnyder in:pixbay.com



Eu quero ter a dúvida dos fracos, do que ter as certezas definidas. Eu quero ter os sonhos dos oprimidos, do que a realidade indolente dos vencedores. Eu quero sentir o cheiro dos pobres, dos mendigos, dos marginalizados, dos solitários das ruas, do que o perfume falso dos poderosos.

Eu quero sentir o sereno da noite, o vento fustigando o rosto, os olhos doendo, a fumaça dos becos, a melancolia das ruas, do que o ar refrigerado das mansões, as bocas fervilhando de questões com convicções, verdades absolutas, mãos que se tocam sorrateiras sem sentimentos ou empatia.

Eu quero saber que estou vivo, mesmo entre a morte, do que viver enclausurado em medos do outro e não de mim mesmo. Quero ter empatia para amar o próximo, mais próximo, aquele que avisto nas ruas, quase invisível, mas que de algum modo, alguma centelha de olhar, me toca, do que negar a sua existência e carimbar de algum modo seu passaporte para a morte. A morte do cancelamento, do não existir, do não ver, do não assumir, do não aceitar.

Prefiro o bafo quente e livre de seus desejos, do que o hálito artificial e embranquecido dos quereres ponderados. Prefiro a revolta dos que habitam um mundo que não é seu, nem meu, nem de ninguém, do que a submissão dos apáticos.

Enfim, prefiro viver, do que assistir, imaginando ser protagonista. Talvez a ribalta seja aqui, dentro de minha cabeça.

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