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UMA PLANTAÇÃO DE BONECAS

Centenas de bonecas se espalhavam no jardim. Quando passeávamos por ali, tínhamos a impressão de que um leilão de brinquedos era instalado ou talvez, tudo procedesse de um longo pesadelo do qual não podíamos acordar. Passamos por perto, chutando o que nos vinha pela frente, tanto as bonecas, quanto pedras e pequenos objetos de madeira que não significavam nada. Pelo menos, nada relacionado a brinquedos. Continuamos nosso percurso, um tanto desolados. Parecia também que uma inundação havia deixado aqueles rastros espalhados, a água viera, se acumulara até as janelas, mergulhara os jardins e por fim, retomava ao seu curso, deixando as bonecas arremessadas e sujas ao relento. Sentia pena. Não podia ser verdade o que diziam. Uma plantação de bonecas, como se fossem espantalhos no meio do milharal? Cada coisa estranha se passava em nossas cabeças, por isso, parei um pouco e tentei refletir sem qualquer emoção. Talvez aqueles objetos fossem apenas fruto de um total desconsolo pessoal,

A lanterna

O poeta transmudou a expressão "porque hoje é sábado" em inúmeros sentidos. Como uma lanterna iluminando fraca sob uma mão trêmula, na busca desesperada de algo perdido ou na iminência de acontecer. É assim, iluminando palavras ou desfocando sentidos e certezas, que se constrói o grande mosaico da manipulação. Quem sabe, somos lanternas pálidas para iluminar os focos imprecisos de nossos argumentos, quando nos inteiramos apenas de um lado da informação, do conteúdo ou da sinopse que julgamos como verdades absolutas. Quantas vezes alimentamos a luz desfocada para centralizarmos na fogueira! Uma afirmação modesta pode ser rica de conteúdo se iluminada no contexto certo. Nos sábados, as luzes se encontram, se estabelecem e se recriam. Nos sábados, o mundo para e as vozes emudecem. Nos sábados a alegria é dever e a tristeza apenas fuga melancólica dos amantes. Mas a vida real, por vezes perversa e obscura, nos leva a refletir apenas como lanternas frágeis à possibilid