A vida, de volta, por favor
 
    Conto utilizando a personagem da ama de Julieta da peça de Shakespeare como protagonista nos dias atuais.Trata-se de um desafio literário.     Encontrei-a dobrada em dois, na mesa, braços cruzados, nariz enfiado no livro. Quando levantou a cabeça,  pude ver-lhe os olhos e nem percebi que havia uma gota de desilusão pelo que tinha lido. Nem uma lágrima mais pousaria tão rápido no papel, quanto aquela sentida, que nem parecia humana. Aproximei-me e sentei ao seu lado. Não compreendia o peso do infortúnio que parecia suportar aquela mulher, já ida nos anos. Girei o salto do sapato no ladrilho irregular e falei desprevenido.  _Não pensei que este livro  traria tantas recordações, e que tristes, me parecem.  Levantou a cabeça sem jeito, mas examinou no olhar todas as intenções que tentava ocultar. A voz era sonora e forte. Os modos de quem viu neste mundo, o que não encontrava no outro.  _Pois não, meu senhor, é que tenho que ficar assim, depois de quatro séculos. Se me pedissem para am...