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sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Alguns comentários sobre o filme irlandês " Life’s a breeze"

O filme Life’s a breeze conta a história de uma família irlandesa que tenta unir-se na crise.

O desempregado Colm (Pat Shortt), sua mãe idosa Nan (Fionnula Flanagan) e sua sobrinha Emma (Kelly Thornton) devem superar suas divergências e lutar contra o tempo para resgatar uma fortuna perdida pelas ruas de Dublin.

Trata-se na verdade de uma comédia suave e em muitos momentos, com forte apelo dramático, sobre a família de Nan, uma senhora idosa e seu mundo caótico, que abriga seu filho desempregado e preguiçoso e por vezes, quase toda a família.

Os filhos de Nan decidem fazer-lhe uma surpresa no dia de seu aniversário. Para tanto, elaboram uma limpeza em sua casa, por acreditarem que ela acumula muita coisa inútil, tranformando, segundo eles, o ambiente num caos.

Neste processo de limpeza, porém, eles se desfazem de um colchão que abrigava todas as economias de sua vida.

A partir daí, começa a luta desesperada em procurar o colchão pelas ruas de Dublin.

Neste momento, percebemos que a harmonia familiar se desfaz numa fúria quase selvagem, na busca descontrolada em achar o tal colchão, revelando-se aqui o verdadeiro caráter de cada um.

Brigam entre si e acabam censurando a mãe, considerando-a demente pela idade avançada, sugerindo inclusive interná-la num asilo.

Entre as discussões, Emma, a neta de treze anos convidou a avó a fazer um passeio pelas ruas de Dublin, deixando-os à vontade em seu objetivo.

Entretanto, com o decorrer da trama, ela interage com a avó e cada vez acredita mais em suas histórias. A influência de Nan sobre a neta aumenta em cada espaço percorrido.

O foco do filme se debruça sobre as relações familiariares, principalmente entre Nan e Colm e suas censuras aos demais componentes. Também, como já mencionado, a relação entre ela e Emma, revela-se aos poucos mais consistente, como se uma linha imperceptível de compreensão as unissem, embora discordassem em muitos aspectos.

Em meio a este emaranhado de sentimentos vestidos de amor, intolerância e ganância desenfreada, o cenário que surge com extrema virulência no filme é o estado atual da sociedade irlandesa, um País, que há algum tempo era um exemplo de sucesso econômico na Europa.

Tudo ocorre sob o humor leve, mas recheado de elementos fortes de sátira sobre as dificuldades atuais do povo irlandês. A metáfora de uma sociedade que procura a sua fortuna a qualquer preço e que parece meio perdida em seus princípios da dignidade humana.

Afinal, sem explicar muito o filme, retomamos a história de Nan, uma mulher de 78 anos, que após a viuvez e ter visto seus filhos adultos, tem a impressão de que não amadureceram e permanecem presos a sua saia, conformados em sua vida comezinha e envolvendo-se no seu cotidiano.

Parece que não conseguiram superar o colapso da economia irlandesa e voltaram à casa materna, tal como um dos filhos, que traz toda a família para morar em sua casa.

No entanto, o diretor sinaliza com uma mudança positiva, pois na busca desenfreada e insana pelo dinheiro que está no colchão, eles acabam não mais se importando tanto nesta busca e no desfecho, mas na própria viagem que fazem juntos, o que justifica o verdadeiro tesouro.

Talvez nem se deem conta disso, mas seus corações ainda batem por um pouco de dignidade e humanidade.

A neta Emma, que sempre está ao lado de Nan é uma lufada de ar fresco na trajetória empreendida. Afinal, são polos opostos da vida de duas mulheres, cujo resultado é mostrado ao espectador de forma sutil e comovente.

Sinal de que nem tudo está perdido. Um belo filme, que me surpreendeu positivamente.

Ficha do filme:ano de produção : 2013

Diretor: Lance Daly

Elenco:

Nan: Fionnula Flanagan

Emma: Kelly Thornton

Colm : Pat Shortt

Margaret: Eva Birthistle

Hawk Man: Brian Gleeson

Cara da Pizza : Barry Keoghan

Mulher Suspeita:
 Seana Kerslake

domingo, agosto 02, 2015

QUAL SERIA O ACONTECIMENTO MAIS IMPORTANTE DA SEMANA?

Qual seria o acontecimento mais importante da semana? Talvez escolhêssemos no campo político, na economia, ou na área das ciências, da cultura ou mesmo nos assuntos cotidianos mais banais. Acho mesmo que aí está a resposta a nossa pergunta. Os assuntos banais, corriqueiros, comezinhos, que fazem parte de nosso dia a dia, sem grandes brilhos, oscilar das bolsas ou vultosos negócios. É ali, na nossa rotina que acontecem os grandes temas, as grandes manifestações de sentimentos, de sensações, de usufruir o que chamamos vida, existência, o estar no mundo. E estar é muito mais do que apenas viver, sobreviver, mastigar o dia pelas pontas, levando em conta as tarefas de roldão, sem pensar nelas, sem refletir os próprios comandos ou atividades. Faz-se tudo burocrático, organizado, produzindo caminhos iguais, onde trilhemos com segurança e precisão. Sentimos então o tempo passar rapidamente, porque nos acomodamos aos grandes acontecimentos, nos detemos nas grandes realizações e estas não ocorrem todo o dia, ou para todos. Até mesmo, as chamadas celebridades inventam fatos extravagantes para sobreviverem, para continuarem “celebridades”. É preciso, então, vivenciar as pequenas coisas, maturar o que está ao nosso encalço, sem muita preocupação com o produzir intermitente. Quem sabe observar mais, falar menos, ver no outro e ver em nós mesmos muito mais do que a nossa capacidade visual nos permite. Outras possibilidades, outros objetivos. Ver além. Examinar a beleza das coisas nos detalhes, nos meandros, nos desenhos das figuras que se formam, nas pessoas, nas plantas, nos céus riscados de vermelho ou nos pingos de chuva e frio que nos oprimem. Ver além. Ver apenas com os olhos mais puros do espírito. Parar para ver. Vasculhar menos as páginas policiais e ter mais afã nas páginas de cultura ou de diversão. Ter um olhar enviesado, obliquo, quase dissimulado para as coisas que não aproveitam o nosso espírito. Procurar trajetórias não tão retilíneas, não tão planas, tão diretas, tão cercadas de cuidados. Negligenciar um pouco nos caminhos, para ver o que nossos olhos esquecem, olhando para dentro, centrados em contas, compromissos, inseguranças. Ver o mundo com um olhar mais atento, mais apurado, sem medo e alargar horizontes, encontrar os meios de erigir outras raízes, colher outras frutas, ouvir outros falares, outros matizes. Viver assim, sem compromisso, a não ser com as coisas pequenas, mas que nos dizem muito. Vez que outra, pesquisar as demais, sem renunciar à realidade, mas principalmente concentrarmos nossas energias nos pequenos prazeres, para não perturbar a alma e saber assim, entender o mundo. Viver desta forma, o tempo não passará tão depressa, porque passaremos a ter mais contato conosco, usufruindo o que trazemos de dentro e não nos enchendo de conceitos, imagens e argumentos de fora.

domingo, julho 12, 2009

HIATO E PONTOS DE VISTA



Nem sempre o olhar mais profundo sobre as coisas que nos cercam é o racional e objetivo. Na maioria das vezes, é preciso ressaltar o sentimento, mesmo obtuso, mesmo dilacerado, mesmo engendrado em nuvens longínquas e escuras que toldam a alma e o pensamento, pois através destas lembranças ou idéias inusitadas, surge o verdadeiro esqueleto da realidade. Uma realidade não tão idealizada ou limpida ou verdadeira, uma realidade onde a ficção e a poesia se escondem em meandros tão obscuros que se torna difícil decifrá-la. Entretanto, para o autor é necessário se utilizar das lembranças, da infância, dos ditos populares, da imaginação para representar esta realidade e este desejo infinito do homem de ser feliz. Através dos contos e crônicas do livro Hiatos e pontos de vista" (que está na rede), procuro exercer esta faculdade da imaginação e das lembranças, tentando efetivar um olhar curioso e inquisidor, às vezes infantil, às vezes maduro, às vezes alucinado, mas sempre voltado para a condição humana. Talvez viver seja isto, vivenciar o que de bom e nefasto o homem adquire e repassa através de suas trajetórias perturbadas ou não. São contos e crônicas onde o amor e a busca da verdade prevalecem. Basta olharmos com olhos amorosos o outro ou a nós mesmos. Recordações que todos tivemos um dia. Ou vamos ter.

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