Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo filho

A CASA OBLÍQUA - CAP. XXIX

Clara releu várias vezes a última página. De repente, sente-se invadida por uma estranha euforia. Percebia naquelas linhas um recurso para o futuro afortunado de Luisa. Ela casaria com Saymon e juntos criariam o seu filho. Ficou pensativa, folheando as páginas para ver se adiantava outra descoberta. O que havia acontecido com este filho? Sempre a visitara no seu apartamento, tão solitária. Nunca falara no filho. De repente, a luz que iluminava outro cômodo mais ao fundo apagou-se e ela estremeceu. Por um momento, pensou que estava em seu apartamento e levantou-se rapidamente, dirigindo-se ao corredor, mas se deteve quieta. Uma bruma tomava conta do ambiente. Retrocedeu alguns passos, voltando para a poltrona. Ficou imóvel, assustada, na expectativa de que alguma coisa ruim acontecesse. Ouviu passos que ecoavam em outros pontos da casa. O som se aproximava, ficando cada vez mais elevado e próximo, atordoando-a. Clara encobriu os ouvidos com as mãos, encolhendo-se na poltrona, er

A CASA OBLÍQUA - CAP. XXII

No capítulo anterior de nosso folhetim, Clara deduziu através da fotografia de dona Luisa, que a chave estaria na casa da praia, onde segundo ela, passara os dias mais felizes de sua vida. Neste dia em que ela mostrara a fotografia à Clara, lembrara também da mãe, Moema, com uma certa amargura. Assim começa o nosso vigésimo segundo capítulo, com a história de Moema, que voltava do correio. Moema voltava com um embrulho nas mãos, um pacote envolvido em papel pardo, devidamente lacrado. Noutro envelope, uma fotografia do filho. Trazia-a na mão, parecendo carregar um bem precioso, olhando-a detidamente, caminhando tão devagar que Luisa pensou numa tragédia. Vendo-a pela janela do porão, Luisa aventurou-se pela cozinha, seguida de Saymon. Coração bamboleando, tanto quanto as pernas. Um forte sentimento de culpa, uma pergunta intensa que lhe martelava o cérebro. Moema chegou em casa, empurrou o pequeno portão de ferro, com um joelho, como quem ultrapassa apenas um pequeno obstáculo

A fotografia da vida de Santa - CAP. 28 - ÚLTIMO CAPÍTULO

Capítulo 28 - Final Santa e os filhos esperavam angustiados a longa espera por Alfredo. Embora felizes pelo pesadelo ter acabado, ainda havia marcas muito fortes que comprometiam um momento mais festivo. No fundo, Tavinho e Letícia sentiam-se culpados por terem sugerido a limpeza no cenário do crime, o que de certo modo, estimulou a prisão de Alfredo. Quando o viram, abraçaram-no, aliviados. Santa enxugava algumas lágrimas ao ver o filho tão abatido, mas estava feliz. Após alguns minutos de intenso desafogo emocional, Alfredo perguntou por que o pai não havia vindo. Todos ficaram em silêncio. Santa pediu que se afastassem logo dali, já que estava tudo em ordemcom os documentos e pertences pessoais e se dirigissem ao carro que os estava esperando. Alfredo insistiu que o levassem ao seu apartamento, pois precisava tomar um banho e trocar a roupa. Foi o que fez, acompanhado de Tavinho e mais tarde iriam para a casa para comemorarem com Santa, que mandara preparar um jantar espe

Labirinto

Assisti na tv que um homem foi atingido por um raio e sobreviveu. Depois, ouvi vozes ao telefone, como se estivesse aguardando alguma ligação. Como se alguém houvesse ligado! Passeei pela casa, acabrunhado. Um gato pulou a janela, parou no parapeito, olhou-me de soslaio, sorrateiro e deu meia volta. Ainda o vi, perder-se sobre os telhados. Uma luz vibrante iluminou por completo a cena. O sol se punha tão rápido! Afastei-me da janela, voltei para a tv. Estava desligada, mas tinha a absoluta certeza de alguém falava lá dentro, naquela caixinha de luz. Será que voltarão? Será que o telefone tocará novamente? Há meses, não vejo meu filho. Está um rapaz e tanto! Cabelos pelos ombros, hoje quase não o reconheço. Estou envelhecendo aqui, sozinho, nesta casa. Se ao menos, pudesse sair, afastar-me deste labirinto que me oprime, desviar os ouvidos dessas vozes que me sussurram coisas obscenas. Sei que não posso. E tenho medo de afastar-me. Aqui estou seguro, mesmo que os gatos pul

A fotografia da vida de Santa - CAP. 13

No capítulo décimo segundo, a família acabou concordando com a proposta de Sandoval de considerar Santa como incapaz, para que ela não conseguisse mexer no patrimônio. No entanto, Sandoval jamais poderia imaginar que Linda gravara toda a conversa e que faria chantagem, a ponto de também impor as suas condições. É o que veremos no capítulo a seguir de nosso folhetim dramático. Boa leitura! Capítulo 13 Linda olha em torno, como se aqueles móveis que há tanto tempo convivera, também fossem seus, de direito. Por fim, responde a pergunta de Sandoval com muita segurança. — Quero que me considere da família, afinal temos um filho juntos. Faço questão que o assuma e repasse a parte da fortuna que lhe cabe de direito. E depois que dona Santa estiver fora do páreo, eu pretendo tomar conta da casa. Nada mais junsto, não acha? E depois, quem sabe um dia não casamos oficialmente? — Você é mesmo uma desvairada! Eu jamais cometeria uma sandice destas! Fique sabendo de uma coisa

PÁSSARO INCAUTO NA JANELA - CAPÍTULO IV

HOJE TERÇA-FEIRA, 19 DE JANEIRO DE 2016, PUBLICAMOS O QUARTO CAPÍTULO DE NOSSO FOLHETIM. ESPERO QUE GOSTEM E CONTINUEM LENDO A SEQUÊNCIA DOS CAPÍTULOS.A RELAÇÃO DE ÚRSULA E SUSANA, CADA VEZ A COLOCA FRENTE A FRENTE COM SEUS PROBLEMAS E COMO CONSEQUÊNCIA UM APRENDIZADO QUE VAI SE EFETUANDO. CONFLITOS QUE SURGEM E ENFRENTAMENTO COM SEUS MEDOS E ERROS DO PASSADO. UMA HISTÓRIA DE AMIZADE E AFETO. Capítulo 4 Às vezes, me surpreendo pensando em meu pai. Nem sei se em virtude da visita, mas as lembranças me vêem tão nítidas, tão poderosas, que tenho a impressão de experimentar as mesmas sensações daquela época. Esta noite, eu até sonhei, imagine, eu sonhar, eu que permaneço eternamente em minha janela, olhando o mundo, deixando que as coisas aconteçam, esperando que os últimos rumores da noite sosseguem dando lugar ao silêncio perturbador. Você vê, Rita, como são as coisas: fico ouvindo os primeiros gorjeios das aves. Sabe aquela espécie de jacarandá, quase na esquina, defronte à farmácia,

PÁSSARO INCAUTO NA VIDRAÇA - CAPÍTULO I

ESTE É O SEGUNDO FOLHETIM QUE PUBLICAMOS EM CAPÍTULOS. COMO NO ANTERIOR, SERÁ PUBLICADO NAS TERÇAS-FEIRAS E QUINTAS-FEIRAS. HOJE QUINTA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2016, PUBLICAMOS O 1º CAPÍTULO. ESPERO QUE CURTAM E VOLTEM AO BLOG PARA ACOMPANHAR A SEQUÊNCIA. OBRIGADO . Capítulo 1 Não sei se me arrumo de jeito. Quero ter as coisas no lugar e os dias passam rápidos que nem me dou conta. Acho que preciso parar e pensar e refletir muito, para não ficar rememorando coisas dormidas, esquecidas, mortas e enterradas. Por mais que me esforce ao contrário, os fatos acontecem. Pudera amanhecer o dia e nem ver as primeiras cores, os primeiros riscos avermelhados, quando tem sol ou quando o sol vai aparecer daqui a pouco. Que nada. Já nem me animo com estas belezas da natureza. Tudo já é cinza, sem cor. Afinal, passo as noites olhando pela janela, que nem desconfio se há qualquer diferença no tempo. Se chove, faz frio ou calor, saberei no decorrer do dia. A cabeça pesa, o corpo dói e os anos qu