Nem sei o que pensas, se no poema que teces, há alguma trama com a minha marca. Não sei. Sei que teus olhos dizem coisas que jamais falarias. Tua boca sorri, quando quer se calar e teus sentimentos se escondem, sem que se possam ocultar. Talvez, não saibas. Um amor assim puro, não faz parte das prateleiras dos grandes filmes. Jamais podem retratar o que meu coração exalta. Quisera dizer tudo que me é impedido, quando meus sentimentos quase mergulham num infinito de procuras em tua direção. Sinto a melancolia de momentos que não vivi, de expressões que não criei, de verdades que não disse. Mas está presente, quando caminho nestas folhas que ora caem, quando me afasto em direção ao mar, quando tento ouvir de soslaio, o vento que zune próximo aos ouvidos, quando a brisa se esvai e a força da natureza me impele a seguir o caminho. Quisera apenas respirar aqui, neste ar mais puro, neste espaço marítimo, mas sei que o avanço que espero, jamais será definido, que a vanguarda que procuro, jamais será alcançada. Sinto aqui, a dor da desilusão. Vejo-te ao longe, vejo-te em meus pensamentos mais sinceros e sinto que te afastas, mesmo que te aproximes, pois a barreira social é mais poderosa e impune do que os maiores sentimentos. Quisera sentir a tua mão em meu peito, concedendo-me a cura, o consolo, o conforto, o carinho que não tive, o amor que anseio. Quisera sentir o teu olhar no meu, embora tentando ser displicente, fugindo de vesgueio, procurando o nada, não importa. Estarias perto, então. Quisera ouvir tua voz e saber que os fonemas que emites contam coisas que meu coração desperta. Quisera te ouvir. E ter a impressão de que não estou tão só.
Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.
sexta-feira, novembro 17, 2023
sexta-feira, outubro 23, 2020
A bailarina
Rodopia, brinca, vive
Leve, suave, brisa que envolve
Fugaz, matizes diversos, entoa
Música que dança na pontas dos pés.
Vive, brinca, rodopia
Sonha com brilho, ribalta, luzes
Desperta olhares, gigante no foco
Diverte-se assim, brinca conosco.
Brinca, vive, rodopia
Descarta dor, metamorfoseia em sonho
Beleza, alma solta, brisa, frescor de sol.
Brinca, rodopia, vive
Disfarça a realidade, finge ser poeta, anjo, meretriz
A bailarina é atriz.
terça-feira, abril 02, 2019
A força e a suavidade do outono
Não pisar em folhas secas nem observar o mato que se agiganta ao longe. Talvez fosse preciso sapatos mais generosos, do tipo que podem oferecer leveza e maciez. No entanto era necessário desafiar as memórias e caminhar de pés descalços sobre o campo, bordado por folhas amarelas, cujas árvores as presenteiam lentamente. Uma delas cai devagar, passeia pelo ar, rodeia o imenso tronco e vai descendo até chegar próxima às raízes fortes que se agarram ao solo com a sabedoria da natureza. Aos poucos, desenham o imenso tapete que se forma aos pés das árvores, como se em gestos suaves, indicassem novos quadros de mosaicos de cores, umidades, orvalhos e flores. Ali se unem e se espalham com o vento, a brisa ou os pequenos rodamoinhos que se formam, traçando novos caminhos e diversos matizes e contornos e desenhos. Ali aspiram a umidade do chão, a pureza do orvalho, a força do húmus que as fortalece. Ali se enchem de insetos, pequenos grilos ou formigas que se entranham no piso tenro recém construído. Tudo parece conspirar pela beleza e suavidade do outono.
Talvez devesse olhar de longe, caminhar um pouco sob o sol, que agora se põe devagar, dourando um pouco mais o ambiente entre as cores verdes e amarelas. Sem pressa, tudo vai ficando dourado e um risco de luz, como um foco que se insere entre as árvores, passeia de leve, iluminando o pouco do dia que se desfaz. Mais longe, uma árvore aqui, outra ali e os corredores se intercalam e o mato se forma, numa vertente da qual desconhecemos a origem. Sabemos que as árvores foram plantadas com fins comerciais, mas ao mesmo tempo a delicadeza do sol, a pintura do outono e o desfrutar da brisa invadem e recriam todo o cenário e já nem sabemos se tudo foi organizado pelo homem ou se apenas a natureza mantém a única beleza que apreciamos, a que nossos olhos se emocionam e choram.
O homem alinhou as árvores que decepará aos poucos, mas a natureza as acolhe e pinta o piso, os espaços, as campinas e recria diariamente o poder do por do sol, inventando de vez em quando um outono que aquece e esfria e volta a aquecer, para avisar que a transição, aos poucos está chegando. Nem a mão imperiosa do homem vencerá a beleza do foco luminoso, desta vez, prateado, porque a lua dá as suas pinceladas também.
Fonte da ilustração:https://pixabay.com/pt/photos/queda-folhagem-musgo-árvore-outono-1913485/
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