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terça-feira, março 17, 2020

Que o vírus imploda

Nem sei o que digo, o que penso, o que desatina meu coração naufragado. São dores fortes que não abandonam o barco, ao contrário, o transformam numa pequena embarcação a esmo, metida entre juncos e macegas, tentando se desvencilhar e arriscar na velha lagoa. Avisto homens arrastando camarão em redes precárias. Sei que estão errados, tão perdidos quanto eu em minhas elucubrações. Quisera voltar à sanidade, à civilização, ao lustro das vitrines emolduradas em ouro das grandes lojas de grife. Quisera desfilar entre os ricos e famosos de Milão. Quisera fugir da miséria da morte e destruição. Quisera desafiar a arrogância e camuflar meu coração de ideias positivas. Nada é verdade. Tudo é falso e nulo. Tudo conspira pela morte e dor. Tudo foge do comum, do normal, do construtivo, do planejamento. Tudo é sorteio: de vidas, de horas, de momentos, de parcelas da população que se aglomera, dos vendilhões do templo, das promessas vãs, das febres altas, das dores na alma. Quisera ser um vírus, tão mortal e disseminador como este e atacar a ignorância, o caráter inculto e desonesto dos governantes, a subserviência patética e bovina dos seguidores, a complacência da mídia, a destruição civilizatória, a falta de empatia com o semelhante. Mesmo que agora todos se apresentem como são, que não temam mais parecerem e serem machistas, homofóbicos, racistas, enfim, fascistas; que o vírus imploda e transforme o que é sangue e dor em novos auspícios de vida. E que as lojas de grife sirvam para o olhar curioso e não identifique a morte. E que as favelas se nutram da luta diária pela sobrevivência e não pelo medo da morte, nem da bala perdida, do assalto, da segurança mal administrada, muito menos da gota de saliva espalhada na roleta do metrô.

quarta-feira, outubro 11, 2017

Onde chegará o homem?

Não gosto de comentar notícias policiais, muito menos ficar dissecando as informações, investindo em cada detalhe e transformar o fato numa dramaturgia barata.

Mas às vezes, a realidade dura nos obriga a pelo menos refletir e sofrer as consequências da falta de humanidade.

O bebê baleado no útero da mãe e que não resistiu e acabou morrendo, em Caxias, na Baixada Fluminense vai contra qualquer percepção de realidade, como se o surrealismo ou a ficção concentrasse seus valores em nossa realidade.

Como não se comover, como não sentir na pele o arrepio da dor e do medo ao assistir um fato tão doloroso. Isso apenas citando dois fatos, embora ocorram diariamente todos os tipos de assassinatos e perdas terríveis ao povo brasileiro.

Como acreditar na humanidade e imaginar que ainda há futuro?

Quando vemos nossos filhos longe, ficamos com o coração na mão e quando estão perto permanecem em total abandono, porque as balas perdidas não são excessões, ao contrário, são a regra em muitos recantos do Brasil, como na escola em Porto Alegre, onde os alunos precisaram fugir para não serem atingidos.

Parece que o homem fica cada vez menos homem, menos ser humano e talvez não tanto animal, mas um ser perdido na desumanidade, um ser que enxerga no outro apenas o reflexo de seu desejo de ganância, de ódio e do medo intrínseco de se enxergar no espelho alheio. É triste.

Uma involução que avança em várias áreas e repercute nas comunidades mais frágeis.

Uma involução nos costumes, na política fascista que avança, na ilegimidade dos governos, no despropósito das ações alavancadas na não-constituição.

Onde chegará o homem?

Quem cuidará de nossas crianças?

Quem olhará por nossa vida?

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