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Mostrando postagens com o rótulo amor

É suave a noite

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Quando observavas as luzes esparsas da noite, por certo, vias estrelas tão suaves e distantes, que quase sumiam na visão etérea de nossos sentimentos. Era só nossa, como a daquela versão antiga de “Tender is the night”. “É suave a noite, a noite é de nós dois.” Sabias que o amanhecer era a fronteira entre nossos encontros, mas nossos beijos permaneceriam para sempre, em nossos lábios sedentos, mentes melancólicas e pensamentos afetuosos. Lábios que se tocavam suavemente na brisa de verão, embora tudo passasse tão rápido, desafiando o tempo. Era nossa última noite. Agora, quem sabe, nem a lembras mais. Pode ter ficado apenas em minha memória, em minha sensação, meus sentimentos. Talvez tenhas vivido outras noites, outros momentos, outros verões. “Ternuras de luar, a brisa a murmurar sua canção. Tudo tem suave encanto, quando a noite vem”. Nem percebes perdida no tempo, que as brumas da noite não são as mesmas que vivíamos, cujos encantos jamais seriam compartilhados por outros. “A n...

O dia dos pais

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O dia dos pais é uma data magnífica para os pais, é claro, mas também muito importante para os filhos. É nesta integração de pais e filhos, que ocorre de maneira plena e permanente a humanidade na sua essência. A empatia, a alteridade, a solidariedade e o amor ou tudo isso, ao mesmo tempo, acontece nesta experiência. A experiência de pais e filhos. O homem, a meu ver se transforma quando atribui a sua existência, o ato de ser pai. Alguém me disse, certa vez, que o homem ao ser pai é capaz de tornar-se outro ser, qualquer coisa, até mesmo um leão para defender o filho. Por muito tempo, pensei naquela conversa e tive um insight quando nasceu a minha filha. Aquele senhor tinha razão, o que expressara com tanta sapiência era a pura verdade, pois a vida transcorre num processo de alternância entre os fatos bons ou ruins, atraentes ou insignificantes, raros ou profundos, mas todos, todos eles tem extrema densidade e importância quando quaisquer circunstâncias, sejam quais forem, se refira...

Pequena sinopse sobre o meu romance "A biblioteca e a barca"

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A história trata dos vários olhares do homem em consonância com o seu cotidiano, alicerçado nos valores que concebe para a sua vida. É a trajetória de um homem que aos poucos vai conhecendo a verdadeira história de seu pai e o quanto ela ainda o influencia nos dias atuais, forçado de certa forma, a recorrer ao passado e reconhecer nele um caminho novo, de liberdade e orgulho, que não identificava antes. Uma história que vai modificar e completar a sua. Com o conhecimento destas vivências, cresce como ser humano. Tudo começa nos anos sessenta, cuja curiosidade infantil o impulsiona a conhecer determinados documentos estranhos que parecem comprometer o seu pai, e que tanto o angustiavam pelo forte conteúdo político que continham. Ao mesmo tempo vivia a sua vida infantil, confrontando a fantasia de aventurar-se na barca á beira do cais, sempre impedido pela mão forte do pai, ao mesmo tempo, que por outros caminhos, imergia no mundo sagrado da biblioteca, batizado que fôra nas ...

Se o Natal te oferece

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Se o Natal te oferece música, luzes e cores, aproveita. Usufrui da alegria e festeja. Se o Natal te oferece abraços, risos e flores, aproveita. Corresponde à euforia e brilha. Se o Natal te oferece fé, orações e lembranças do Aniversariante, aproveita. Ameniza os sentimentos, te doa, te alegra e reza. Se o Natal te oferece passeios, encontros e festas, aproveita. Compartilha com os amigos e parentes as tuas memórias, os teus desejos, os teus caminhos para acertar nos trilhos e urgente, refaz o desfeito, acerta o erro e resgata a história. Se o Natal te oferecer a mão, a comida, o amor, a bondade, aproveita. Retorna com mais amor, mais amizade, mais bondade e sustenta a mudança que talvez advenha desta passagem para o bem. Vive feliz e despreocupado. Te desembaraça de pensamentos confusos, de medos e cicatrizes. Te livra do mal. Mas não esquece jamais, dos que ficam lá fora, longe das festas e dos fogos, longe dos amigos, dos parentes, dos vizinhos. Afastados da vida, mort...

O trauma de Alice

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Fonte da ilustração: Fotografia de Wilson Rosa da Fonseca Alice estava abalada. Não havia naquele momento nada que a mantivesse com os pés fixos na realidade. Seus pensamentos eram interrompidos por outros mais confusos e delirantes. Tinha vontade de correr, de sair do próprio corpo, de abandonar a vida. Mas não faria isso. Nem mesmo tomaria uma bebida forte ou qualquer outra droga que a estabilizasse. Não, faria o que sempre fez. Ficar quieta, parada, quem sabe, olhando o mar. Entretanto, nem mesmo isso a consolava. Como ficar quieta se tudo havia perdido. Se a dor da separação, se o trauma da traição a instigava a tomar uma atitude contra si, como sempre fizera. Desceu as escadas do velho apartamento, degrau por degrau, cabeça baixa, algumas lágrimas nos olhos, um sofrimento silencioso de quem não sabe o que fazer. As paredes do prédio pareciam mais velhas e descascadas. Ela observava a tinta avermelhada, por trás da verde brilhante num pedaço descamado. Quem pintaria de ve...

Um natal ecumênico

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Nos dias que antecedem o Natal, percebemos que apesar da correria natural pela proximidade da data, ocorrem, por vezes, acontecimentos inesperados e muitas vezes inexplicáveis. Numa data distante, num Natal que se vai no tempo, ficaram as lembranças como registros que vira e mexe, nos ocupam a mente. Lembro de meus pais atarefados, cada um na sua atividade, além da demanda natalina. No jantar, eu e minha irmã conversávamos animados sobre os brinquedos, o tema que mais nos interessava. Ela já tinha escolhido o seu, uma boneca de louça, olhos azuis que abriam e fechavam e comentava isso com a maior eloquência, como se fosse o ápice da modernidade. Já havia, inclusive, escolhido o nome: Maximira Carlota. Eu a ficava ouvindo e me perguntando que nome era aquele. Mais tarde descobrira que era a protagonista de uma radionovela, uma personagem que chorava o tempo inteiro, vivendo a mocinha ingênua e sofredora. Eu sonhava com um caminhão com carroceria ou uma locomotiva. Meu pai falava...

Um amor de avó

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Esperei que ela abrisse o manto da proteção e o estendesse sobre mim. Foi em vão. Fitei-a inseguro, olhos de súplica. Pedi perdão. Olhava-me com frieza, distanciada de meus sentimentos. Orgulhosa. Onipotente. Esperei que ensaiasse uma atitude, tomasse qualquer decisão. Falei em minhas culpas. Do mal que lhe causara: agruras devidas a preocupações, brincadeiras ofensivas, aborrecimentos inoportunos de menino levado. Que nada. Não me ouvia. Resolvera agir assim, friamente, numa pedagogia autoritária. Estava ali, sentada na poltrona de brocado, com novelos entre as mãos, olhar distante, comprido, para a janela. Minha avó. Olhando-a assim, sentia pena. De mim, dela, de nós. Por sermos o avesso de suas aspirações: cheios de vida, astutos, perspicazes, briguentos, barulhentos, perturbadores. Ela quieta, silenciosa, solene. Não nos queria por perto. Às vezes, achava que nos odiava. Tão diferente de meu avô, suave, doce, amigo, franco, feliz. Ele, no auge da alegria, satisfaç...

Pai na bicicleta: uma acrobacia de alegria

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Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/bicicleta-sombra-desporto-hispânico-233379/ Houve tempo em que te vi sorrindo, orgulhoso, satisfeito, encontrando nos filhos a certeza inabalável da vida, do se fazer pai e amigo. Houve tempo em que me puseste no colo e abriste a página do jornal, ensinando-me a ler. Ali conheci o valor das palavras, da leitura e mais ainda, o prazer de ser amado e protegido. Houve tempo em que te vi assim, cabisbaixo, olhando pros lados, insatisfeito. Talvez refletisses o que fazer diante dos problemas: da chamada do professor em casa, da briga costurada com o colega, da ordem desobedecida ao cruzar a rua e ver a bola picando, campo à fora, meninos ruidosos, na luta aguerrida do futebol. Sei, que na verdade, me querias na escrivaninha, pequeno troféu, que criaste, mais perto dos estudos e bem distante dos chamados “guris de rua”, daquela época. Benditos guris, nada semelhantes aos de hoje. Houve tempo em que te vi desconfiado com a política, com os ...

O AMOR E A PIEDADE : sentimentos distintos

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Há milhares de expressões que tentam expressar e explicar o que é o amor. Platão, ligando o amor à beleza e ao bem, dizia que o amor liberta o ser humano e o conduz à verdade. Para Santo Agostinho, o amor é o nexo que une as pessoas e as diviniza. Somente o amor é capaz de explicar a vida da alma e a sua possibilidade de se elevar ao conhecimento unitivo de Deus. Enquanto Platão se preocupava em conceber o amor como o elo, a ponte entre o corpóreo e o espiritual, entre o relativo e o Absoluto, entre o particular e o Universal, Santo Agostinho via o amor como o nexo entre o divino e as pessoas. Mas há centenas de filósofos que dissertaram e tentaram explicar o amor, como Spinoza, Jean-jacques Rousseau, Friedrich Schleeirmacher, Aristófanes, Arthur Schopenhauer e tantos outros. Do mesmo modo, os poetas e compositores à sua maneira, cantaram e encantaram o amor em todas as suas nuances. Eu não seria capaz de fazer uma explanação a respeito do tema com esta intensidade e conhe...

O verão de nossos dias

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Ilustração: pintura da artista Evanoli Resende Corrêa Tanto se fala no verão. No sabor das águas, no saborear da brisa, quando não dos ventos do Cassino. Acima de tudo, o bate-papo com os amigos. Verão é isso. Jogar conversa fora, sem muito compromisso. Talvez seja mais do que um andar ao léu, ou margear a praia de bicicleta nos fins de tarde. Ou como diz Vinícius na música, “um velho calção de banho , o dia pra vadiar”. Talvez seja mais do que conversar sem compromisso. Talvez seja mais do que lagartear ao sol. Talvez seja apenas viver. Viver plenamente, o que, às vezes, deixamos de fazer durante o ano. Claro que não se quer um tempo exclusivo de fazer nada. Mas um tempo pra nós mesmos, onde nem nos olhemos tanto no espelho, nem nos preocupemos tanto com a sandália gasta. Mas um tempo para ler aquele livro que prorrogamos sem a devida atenção, e que sempre nos vem à memória. Um tempo para nos dedicarmos à natureza. Para pormos em prática a tranquilidade dos dias. Para es...

Meu avô : existir é compartilhar

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Alimentava-se de nossas pequenas arruaças, brincadeiras inusitadas para quem passara a infância na labuta. Tinha no olhar uma pureza quase infantil, mas cheio de perspicácia, sagacidade e curiosidade por nossas vidas. Corríamos pelas vielas empoeiradas, empurrando aros de bicicleta, equilibrando-os com uma pequena haste de ferro ou arame dobrado, fazendo voltas, escolhendo caminhos próximos aos seus pés, desviando, riscando o solo arenoso. Ou jogávamos bolinhas de gude, desenhando arcos no chão, ou cavando o imba. Noutras vezes, corríamos organizando gangues, constituindo quadros de polícia e ladrão, onde o ladrão, na maioria das vezes era pego e massacrado com centenas de sopapos na cabeça, quase uma instituição, um dogma. Quando havia meninas, uma ou duas, seguíamos o recatado amarelinha, que chamávamos de pula-boneco, sempre vigiado pelo olhar complacente e generoso de sua presença. Em outros momentos, não perdíamos as chance de imitar os reis do ringue, artistas de luta-l...

PAREDES APARENTES

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Morena, ainda percorro em infinitos passos, cada taco do corredor. Sei que imaginas, mas não sentes o que sinto, nem percebes a aflição. Toco nas paredes, como se me ouvissem, e às vezes, tenho a impressão de que não estão aqui, de verdade. Paredes aparentes que me oprimem, me sufocam como mãos que se torcem e me agarram a garganta. Morena, falta-me o ar. Queria ver-te, bem perto, nem que para apenas receber o beijo frio, molhar minha boca no teu veneno e corromper minhas vísceras. Quisera vender a mobília, cerrar as janelas, impedir o vento que rola as folhas em rodamoinhos de nossa paisagem. Quisera não sentir o bafejo na vidraça, molhando os olhos, nariz e boca no frio do vidro. Preferia fugir e pisar nos insetos que infestam nossas soleiras. Ouço tua voz, teu cheiro, tua presença. Ecoam tuas palavras, às vezes doces, outras, duras, frias, cruéis. Moreno, arrisquei atravessar a lagoa, dei braçadas para vencer as marolas e não alcancei teu amor. Hoje, pra ti não sou nada, carta do...

Então, me explica...

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Nem sempre me lembro de ti. Nem sempre me pergunto, porque te foste tão cedo. Nem sempre me envolvo nas histórias que contavas. Nem sempre me enfrento te olhando no espelho. Um espelho que parece muito comigo. Um espelho onde te imagino às vezes, caminhando ao nosso lado pelas ruas quase desertas da cidade, no feriado de Natal. Lembro-te de sapato preto, de verniz, bico de pato e salto fino. Do vestido azul e a bolsa de mão. Mas lembro mais do aconchego de tua mão na minha. Da alegria de meu pai ao teu lado, como um guia, um líder que nos levava à festa dos presentes. Lembro do guaraná, do quindim que sempre nos aguardava no imenso salão do clube. Lembro da expectativa dos prêmios. Dos palhaços, das músicas, dos mágicos. Lembro dos presentes. Uma boneca para minha irmã, um cavalo branco de gesso para mim. Mas lembro especialmente do brilho dos teus olhos, da emoção que passavas, que tornava nossos momentos intensos e felizes. Da alegria que sublinhavas com teu sorriso sincero. Tu er...

PÁSSARO INCAUTO NA JANELA - PARTE FINAL - cap.19 ao 21

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O ECLIPSE DE SERGUEI

http://O romance trata da intolerância étnica e social, através do protagonista Serguei, que transforma a sua vida a partir do ódio que nutre por seu semelhante, atendendo a preconceitos arraigados, antigos que levam à morte e destruição. Para tanto, se transforma num skinhead, mas não percebe que o próprio grupo que o apoia apenas o usa para obedecer a somente um líder, o Venerável. Este livro está nos sites a seguir: http://books.google.com.br, www.biblioteca24x7.com.br e www.amazon.com A seguir uma pequena sinopse do "Eclípse de Serguei": Nem sempre o homem atua na sociedade e em sua vida pessoal, de acordo com suas convicções e ideologias. Serguei é um destes que desconfia de suas próprias idéias, mas procede segundo os preconceitos arraigados, de tal forma que o mundo lhe parece de ponta-cabeça, vivendo em eterno conflito. De repente todo o seu ódio pelas diversidades sociais deterioram os seus relacionamentos, desde os do convívio familiar, como a mãe, uma figura cada...