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sexta-feira, setembro 20, 2024

Do outro lado do rio

Houve momentos em que pensei na ida. Não me refiro à ida às compras, ao médico, ao seminário, à biblioteca, ao museu, à beira do cais. Esta ida sempre tem a volta e por mais que se vá, sempre se observa um detalhe diferente, diverso do que se vê. É assim mesmo, é desta forma. E cada vez que se vai, se volta diferente, não somos mais o mesmo, nem a ida teve o mesmo significado. É como entrar no rio, se entra de um jeito e se sai de outro. E cada vez que se vá, nunca será o mesmo, nem nós, nem o rio. Já até citei Heráclito de Éfeso, o filósofo que falou isso, num outro texto: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou…” Não somos os mesmos em nenhuma situação, em nenhum momento. Mas não falava desta ida com o retorno garantido, pelo menos o retorno ao local de origem. Falava da ida sem volta, sem retorno, sem saída, sem certeza, sem nada. A ida definitiva. O sol já não era o mesmo, as nuvens, o céu, as pessoas, as árvores, as avenidas. Nada tinha mais sentido. Nem gosto, nem olfato, nem tato. Nada significava, porque não se faria parte jamais, daqui um pouco, mesmo que as coisas continuassem no mesmo estado, acontecendo, a vida seguindo. Na ida definitiva, não se tem o retorno, nem mesmo ao rio, pois suas águas mesmo diferentes, com ritmos e ondas diversos, não mais tocarão nossa pele. Nem as gotas de orvalho, nem o ruído dos carros, nem o grito das crianças, o canto dos pássaros, os passos apressados dos transeuntes, o sorriso dos amigos. Nada voltará. Talvez, se existe alma, esta ainda trafegue por estas bandas e possa sentir um pouco de vida, do outro lado do rio.

segunda-feira, outubro 16, 2017

A essência da vida

Por volta dos anos 50, Sartre proclamara que "cada homem é singular porque constrói sua essência ao longo de sua existência". Talvez esta procura da definição de si mesmo, seja o sentido da vida. Ou não?

Eu, como não gosto muito de falar em público, fiquei pensando nesta imagem de Sartre que me diz de perto o que sinto. É preciso construir a essência, não importa em que cubículo nos escondamos ou em que janela nos espelhamos. Construindo a nossa essência, identificamos quem somos e talvez seja este o sentido da vida que passamos a existência procurando.

E para que o sentido da vida? O fato de ser feliz, de procurar a felicidade de todas as maneiras. No entanto, a busca pela felicidade plena não faz sentido. O que podemos almejar é a serenidade, algo completamente diferente. Só se atinge a serenidade vencendo o medo.

É o medo que nos torna egoístas e nos paralisa, que nos impede de sorrir e de pensar de forma inteligente, com liberdade. Os filósofos gregos costumavam dizer que o sábio é aquele que consegue vencer o medo.

Ah, e mais uma resposta para minha dificuldade de falar em público, a frase de Hari Dunzru: “Para ser um escritor você precisa desenvolver a habilidade de falhar em público.”

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