Quando o interfone tocou, Clara deu um salto. Espiou pela janela e teve a impressão de ver luzes no apartamento de Dona Luisa. Estremeceu, imaginando que Cida havia voltado. Um ódio insano se apoderou dela. Sentia-se invadida em sua privacidade, em seus segredos, em sua vida. A campainha insistia e antes que Nael aparecesse à porta, aborrecendo-a, levantou-se imediatamente da cadeira, guardando as fotos na gaveta, empurrando-as para o seu interior, negligente, investindo contra a porta, como se fosse se defender de um assassino. Em seguida, passou por ele pelo corredor e antecipou-se rápida, para a porta de entrada. Ajeitou os cabelos, puxando-os com energia para trás e abriu a porta. Quando avistou Gustavo do outro lado, tentou fechá-la, indignada, mas ele impediu-a com o pé. — Ué, Clarinha, não quer a minha visita? Clara controlou-se. Perguntou o que queria àquela hora, pois ela não estava esperando visitas. — Pois é, mas eu posso entrar, não? — Você já entrou. O que acont...
Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.