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Do outro lado do rio

Houve momentos em que pensei na ida. Não me refiro à ida às compras, ao médico, ao seminário, à biblioteca, ao museu, à beira do cais. Esta ida sempre tem a volta e por mais que se vá, sempre se observa um detalhe diferente, diverso do que se vê. É assim mesmo, é desta forma. E cada vez que se vai, se volta diferente, não somos mais o mesmo, nem a ida teve o mesmo significado. É como entrar no rio, se entra de um jeito e se sai de outro. E cada vez que se vá, nunca será o mesmo, nem nós, nem o rio. Já até citei Heráclito de Éfeso, o filósofo que falou isso, num outro texto: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou…” Não somos os mesmos em nenhuma situação, em nenhum momento. Mas não falava desta ida com o retorno garantido, pelo menos o retorno ao local de origem. Falava da ida sem volta, sem retorno, sem saída, sem certeza, sem nada. A ida definitiva. O sol já não era o mesmo, as