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sábado, maio 23, 2020

Tempos e momentos


Houve momentos em que não teve lua, ou seja, ela surgiu tímida entre algumas nuvens e desapareceu. Mas nós sabemos, que ela estava lá, escondida entre as nuvens e realizando os mesmos movimentos, claro que na sua velocidade, tão diferente da nossa percepção.

Houve momentos em que a noite escura parecia se propagar e permanecer para sempre, que as estrelas houvessem sumido ou terminado o seu tempo e embora outras nascessem, não as víamos e o universo parecia mais escuro e solitário. Tínhamos impressão de uma noite eterna e que nunca mais veríamos a luz do sol. Mas, eis que o sol nasceu e aos poucos a luz no horizonte começou a surgir e iluminar os campos, as casas, as ruas, os dias.

Houve tempo de muita seca, estiagem nociva para ao solo cada vez mais árido, cujos grãos morriam e os sobreviventes produziam frutos frágeis, esturricados pelo sol, danificados pela fragilidade de sua constituição.

Houve tempo de chuvas, de alagamentos, da terra encharcada e vimos muitas vezes, apesar de tudo, a seiva brotar, o grão crescer e a terra se ajustar aos poucos ao clima adverso. Já houve tempo de pesca. Já houve tempo de idas e vindas, de partidas e chegadas, de corridas, de passeios, de observância da natureza, de olhar focado em minúcias, detalhes antes não percebidos.

Houve tempos de outonos contagiantes, de sol dourado sobre os campos, de clima ameno e atmosfera saudável.

Houve tempo de criações, de criatividade, de sensibilidade, como houve tempos de falsos elogios, de fraca visibilidade do belo, de fraqueza de valores sustentados em famílias de marketing, de elogios a falsos heróis, desqualificados e mentirosos, de corrida pela vida, pelo sangue derramado, espargido nas esquinas, nas dobradas, nas favelas, nos condomínios de luxo, nos parques, nas sombras.

E há tempos de espera. Tempos de parada. Tempos de isolamento. Tempos de comunicação virtual. Tempos de ajuste de horários internos, de limpeza nas mentes tóxicas, dos desejos tresloucados, das vontades exacerbadas, do clientelismo da mídia, das redes sociais, do mau uso da tecnologia. E tempo de bonança, de entendimento, de esperança. Que estes tempos nos ensinem a importância de sermos os que somos, falhos, insatisfeitos, medrosos, conscientes, criativos ou não, metódicos ou não, organizados ou não, mas acima de tudo, produtivos.

Que o mundo ande para frente e não retome a marcha ré jamais. Que não incorra no erro do julgamento. Mas prossiga na luta pelo entendimento, pela aceitação das diferenças, pelo convívio com o outro, pela empatia e alteridade. Que o homem se veja a si mesmo como um ser coletivo e não uma autoridade acima de qualquer lei.

Que haja tempos pós-pandemia, que vençamos os medos, mas não os escondamos, ao contrário, que os enfrentemos e vivamos em conluio com a natureza. Apenas.

sexta-feira, janeiro 10, 2020

Quando se tem amigos


Esta é uma pequena homenagem à minha querida amiga Idelci Souto, pela passagem de seu aniversário. Ela é uma pessoa que sempre participou com muita generosidade e afeto de minha carreira literária. Na foto desta publicação, ela está no autógrafo de meu primeiro romance, "O eclipse de Serguei". Uma pessoa amável, grande advogada e professora de português além de uma inspirada cantora.


Tem-se amigos durante a vida que nem precisam estar sempre ao nosso lado. Nem devem conviver como nossas angústias ou dores, embora demonstrem empatia por nossos sentimentos e tenham implícita a alteridade, colocando-se em nosso lugar, quando demonstramos fragilidade ou sofrimento.

Há amigos que vivem próximos, e mesmo sem contato constante, sabemos que estão ao nosso lado.

Há amigos que alegram-se com nossas conquistas, como nossas pequenas vitórias, com nossos desafios. Há amigos que nos desafiam, que nos despertam, que nos apoiam, que vibram com nossa alegria. Há amigos assim, fortes, sinceros e envolventes que desconstroem barreiras e estabelecem pontes.

Há amigos que se aproximam, que falam, que argumentam, que lutam, que se inventam, que esperam de nós sempre boas colheitas e nos ajudam a plantar, semeando expectativas e esperanças.

Tenho uma amiga assim, que sempre me incentivou em meus escritos, desde os primeiros textos, aos contos, aos livros publicados, aos romances, às crônicas do Jornal Agora. Tenho uma amiga deste naipe, rara e brilhante, uma pessoa afável, cujas virtudes não teria como enumerar aqui, porque além de todas os predicados, ainda tem a principal que é a capacidade de disseminar esperanças, confiante e firme. Seu único interesse é o bem do amigo e por isso, muito maior do que qualquer característica pessoal, é o mérito de ser amiga em sua essência como um rasgo de afetividade que envolve com afeto, benevolência e carinho, pois sua aspiração é o bem do outro.

Uma amiga que utiliza a linguagem em suas representações semânticas, metafóricas ou líricas, e muito além destas teorias, uma explosão de conhecimentos, ideias e perspectivas tanto políticas, quanto sociais ou apenas o ato genuíno de uma boa conversa. Tem-se aqui o espírito exacerbado de emoção e inteligência, tanto da advogada quanto da professora.

Quando se tem amigos, a vida fica mais leve e o mundo parece abrir espaços a nosso favor. Esta minha amiga muito me incentivou a prosseguir minha carreira literária.

terça-feira, março 06, 2018

O verão agoniza

Nem sempre a noite clara, a brisa entre o arvoredo, a avenida com luzes esparsas pairando sobre bancos e jardins, parecem a plenitude da paz no fim de verão. Pode ser sim o reflorescer das esperanças dos que se reencontram, o harmonizar do mate solitário no banco de madeira, o gorjear dos pássaros noturnos que sinalizam o início do descanso.

Ou a emboscada da solidão que martela de leve os que carregam na mochila pesada de vazios, a busca insensata das bebidas e drogas, do ser não sendo quase nada, dos que mendigam amores e dinheiro no chão das esquinas desenhado entre folhas e luar.

Outro dia, o vi recolhendo latinhas perto do parque infantil. Fumava uma bagana e parecia procurar alguma coisa indefinida, talvez uma dúvida da qual não se livrava. Olhou-me de soslaio e sem vacilar, disparou: o que é cupincha? Surpreso, respondi indeciso: comparsa. Ele reagiu com um grunhido e silenciou.

Pensei em afastar-me, mas perguntei se juntava muito material à noite. Ele repetiu cismado: me chamou de cupincha. Tentei descrever a palavra; seria companheiro?

Ele riu com alguns dentes à mostra. Depois, se aproximou, o que me produziu algum receio. Confidenciou que um camarada o mandou levar drogas até determinado lugar, mas não aceitara. Só vivia de sua cachaça e não queria se sujar. Entendi que "se sujar", em sua linguagem, era tornar-se um criminoso. Concordei que não devia se envolver com drogas. Ele deu uma gargalhada e me abandonou de vez, como se entrasse num mundo paralelo, do qual eu não fazia o menor sentido.

Fiquei alguns minutos observando o arvoredo da avenida, as poucas pessoas que passavam, o veraneio que agonizava bonito como o abandono dos pássaros na maciez dos ninhos.

Afastei-me e pensei na ética humana. Aquele homem podia não ter nada, nem esperança, nem saúde, nem importância para os transeuntes, mas tinha ética. Mesmo que tudo fossem devaneios, não importa, ali estava incrustada a ética em suas convicções mais profundas. Ética não é para todos.

sábado, junho 21, 2014

Pesagem das crianças e benefícios

Que bom!
Que bom que os serviços públicos estejam atentos às pessoas, aos cidadão
s.
Que bom que se faça pesagem das crianças até sete anos e das gestantes.
Que bom que nos preocupemos com a atualização do calendário das vacinas e imunizações.
Que bom que a matrícula escolar e a frequência de no mínimo 85% sejam fundamentais como exigência das políticas públicas, como o Bolsa Família.
Que as mães e recém-nascidos devam participar das atividades educativas de aleitamento materno e alimentação saudável.
Estes, por certo, terão no futuro, a educação tão preconizada, e que tanto queremos. Terão oportunidade de ler, escrever, amar as artes, encontrar nos livros o alimento da alma, porque quando crianças, seu cérebro cresceu sadio e suas mentes podem agora voar.
Está passando o tempo em que as crianças eram desprovidas de inteligência para aceitarem o mínimo de abstração intelectual. Graças a Deus, a alimentação para que atinjam este patamar, está vindo antes. Que adianta oferecer arte a quem não pode usufruir, a quem está ausente das oportunidades, a quem não se deu o direito de existir?
Finalmente deixando de ser o povo marcado pela desgraça, pela miséria excludente, pela fome. Marcados sim, com a esperança de serem brasileiros tão iguais quanto qualquer um mais abastado. Marcados com a fé de vencerem a si próprios, seus desafios, sem se preocuparem com os desafios maiores e intransponíveis da vida sem esperanças.
Há os que pensam diferente e respeito suas ideias. Talvez acreditem que estes benefícios são somente por interesse político. Mas que saudável interesse pelo povo brasileiro! Antes pelo povo, por suas dificuldades, por suas exclusões como cidadão, do que interesse por banqueiros internacionais, pelo FMI, por monopólios midiáticos, por compra de votos nas reeleições, etc. Que venha o povo. Que se pese o povo! Que vença o povo!



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