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sexta-feira, outubro 23, 2020

A bailarina

Rodopia, brinca, vive

Leve, suave, brisa que envolve

Fugaz, matizes diversos, entoa

Música que dança na pontas dos pés.


Vive, brinca, rodopia

Sonha com brilho, ribalta, luzes

Desperta olhares, gigante no foco

Diverte-se assim, brinca conosco.


Brinca, vive, rodopia

Descarta dor, metamorfoseia em sonho

Beleza, alma solta, brisa, frescor de sol.


Brinca, rodopia, vive

Disfarça a realidade, finge ser poeta, anjo, meretriz

A bailarina é atriz.

terça-feira, março 15, 2016

PÁSSARO INCAUTO NA JANELA - CAPÍTULO XX

HOJE TERÇA-FEIRA 15/03/2016 PROSSEGUE NOSSO FOLHETIM RASGADO, COM MAIS REVELAÇÕES. QUEM SERÁ O HOMEM QUE ÚRSULA VÊ NA JANELA DE SEU APARTAMENTO? ESTA E OUTRAS RESPOSTAS ESTÃO NO 20º CAPÍTULO A SEGUIR.

Capítulo 20

Imagine, Dulcina, que não entendia o que acontecia naquele cenário clean, preparado ao gosto antisséptico de meu irmão. Ele tinha o controle de tudo, de quem conhece todos os segredos, de quem possui todas as chaves, todas as respostas.

Ele olhou-nos a mim e a Susana como se fôssemos seres de outro planeta. Eu, porque estava velha e acabada, ela porque era uma estranha no ninho, embora, com o passar do tempo, percebemos que não era tão estranha assim.

O teatro foi planejado com muita competência. Imagine que Roberta Célia estava lá, sentada a minha frente, e ele sabe que a odeio. Além disso, teve a desfaçatez de dizer que sempre sonhou que nos tornássemos amigas, algum dia! Eu tive vontade de virar aquela mesa com vasos e lírios e tudo o mais que tinha em cima. Não fiz nada, me controlei como pude. Para ele, o que menos interessava naquele momento era o falecido, que jazia no salão enorme somente guarnecido por empregados regiamente pagos com a fortuna que ajudou a construir, tenha certeza.

Era apenas o fio condutor de toda a trama, o protagonista da urdidura magistralmente arquitetada. Inclusive, fez um discurso emocionado sobre a convivência de cada um dos presentes com Brian. Por fim, ele desferiu o último golpe, manipulando cuidadosamente os fios, sem qualquer constrangimento. Foi neste momento, que se dirigiu à Susana: inclusive você, Susana. Por isso está aqui e tem o direito de saber quem é.

Não houve vivente que não se voltasse imediatamente para ela, como se estivesse envolvida numa trapaça indefensável. Falavam entre si, tecendo comentários, indagando-se uns aos outros do que se tratava. Eu percebi que até os funcionários mais chegados, que vieram com Carlos do exterior, manifestavam-se. Parecia que uma catástrofe se abatia entre nós. Até a maldita da Roberta Célia perguntou alguma coisa ao advogado. Este mantinha-se quieto, com certo ar de desdém, como se também ele tivesse sua própria opinião sobre o caso.

Ao ver Susana vermelha, sem saber o que dizer, perguntei-lhe de imediato, curiosa e intrigada com a situação. Na verdade, estava tão indecisa quanto ela. Vi os olhos frios de Roberta Célia me alfinetando com uma fúria desconhecida. Carmem silenciara após uma reprimenda ao namorado.

– Como assim? Eu nunca o vi, antes.

Carlos foi convincente. – Você viu, sim. Você conviveu com ele, em mais de uma oportunidade, tanto no hospital, quanto... bem, no apartamento, você não chegou a visitá-lo, pelo que eu saiba.

– No hospital?

– Quer que eu refresque a sua memória, Susana? – Roberta Célia perguntou, irônica.

Não contive a raiva: – o que esta megera tem a ver com isso?

– Quando seu pai estava internado naquela clínica, Brian também havia se hospitalizado, na mesma época. Ele voltou para casa dentro de uma semana, mas seu pai, sinto muito – meu irmão encerrou num hiato. Susana gritou, arrebatada, antes de se afastar rapidamente da sala.

– Agora entendo onde vocês querem chegar. Foi tudo arranjado.

– Susana, minha querida, volte aqui. Espere, eu vou com você.

Carlos aproximou-se e segurou-me o braço.

– Deixe-a minha irmã. Não temos nada com a dor dela. Ela se consome aos poucos. É seu fado, seu destino.

– O que vocês querem com ela, seus miseráveis? Que palhaçada é esta? Quem é este Brian que depois de morto quer nos destruir a todos?

–Vá até a sala, minha irmã. Olhe o homem que está lá. Veja com seus próprios olhos e depois me diga, se não o conhece.

Desvencilhei o braço com raiva. Chamei por Susana, mas ela descia as escadas tão rapidamente, que não consegui alcançá-la.

Aproximei-me do caixão, ante o olhar disperso dos funcionários que velavam o corpo. Não consegui refrear o espanto. Minha voz elevou-se sonora e atormentada.

– Meus Deus! É o velho! O velho assassino! O que ele está fazendo aqui?

Carlos já estava ao meu lado, pousando delicado a mão sobre meu ombro.

– Ele nunca foi assassino. Brian era um doce de criatura. Era um anjo.

– Eu sei, ele matou a esposa e a emparedou.

– Não seja boba. A doença de Brian o deixava alucinado. Tudo que ele via ou lia, tal como filmes ou romances, ele creditava a si próprio. Brian nunca foi casado, nem teve filhos.

– Mas e Gustavo? Ele falava de Gustavo, o filho. Ele tinha remorsos.

– Era uma das histórias que havia lido e adotado como suas. Era um homem bom minha irmã e você esteve tão próxima a ele.

–E por que você não me contou?

– Não tive coragem de lhe pedir nada. Afinal, você me culpava por não ter comparecido ao enterro de seu filho, não era justo que eu pedisse qualquer coisa pelo Brian.

– Mas você esteve ali, com ele?

– Nunca. Apenas pagava profissionais para cuidarem dele, até o fim. Agora, você já sabe, porque o conhecia.

– Por que ali, meu Deus, defronte a minha ao meu apartamento?

– Há coisas que não se explicam minha irmã, como nos folhetins baratos. Ou melhor, tem uma explicação sim, se lhe interessa. Brian morava naquele bairro, aliás, eu o conheci, numa das poucas visitas que lhe fiz. Então, nada mais digno do que encontrar um lugar próximo onde ele sempre viveu.

– E Susana, por que você a humilhou desta maneira?

– Não, você esta enganada. Apenas eu queria que todos soubessem que convidei as pessoas que conviveram com Brian de alguma maneira, mesmo que à distância, como você.

– Que coisa absurda, irracional. E ainda traz aquela zinha para nos azucrinar. Sabe que ela esta fazendo chantagem com Susana?

– Não me envolvo nestes assuntos, minha irmã. Mas voltemos, a reunião está no final e não quero perturbar ainda mais o Brian com esta conversa sem sentido. Vamos?

–Vou pra minha casa. Vou atrás da minha amiga, não vou deixá-la sozinha neste momento difícil. Vocês armaram uma arapuca, pois que se prendam sozinhos nela.

–Você é uma ingrata, Úrsula.

–E você é um palerma. Infelizmente, não passa disso!

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A boca vermelha, cabelos loiros, olhar perdido. Nem sabe se fazia pose, encenava ou apenas acessório do cenário. Assim os observava de re...

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