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O DOCE BORDADO AZUL - 18º CAPÍTULO

Nosso folhetim como se fazia no século XIX, nos jornais brasileiros, continua em todas as terças e quintas, na sequência dos capítulos. Hoje, como é quinta-feira, senhoras e senhoritas, e também senhores, apresentamos mais um capítulo. Capítulo XVIII A ajuda Lúcia acordou pressentindo uma coisa líquida e pegajosa aproximando-se do quarto. Mal percebia as luzes da persiana, que se estendiam sobre a cama e abriu os olhos vigorosamente. Devia tratar-se de um pesadelo, desses de deixar a gente aterrorizada, percebendo sons inexistentes, ruídos aterradores, águas poluídas que fundem o corpo e a alma, numa afogamento fétido. Arbustos gigantescos, algas que se alinhavam ao corpo, como agulhas cerzindo o tecido. A mãe empunhando a agulha como arma cheia de veneno, instilando na pele, espalhando pelos dentes, amortecendo a gengiva. Doía-lhe o ouvido, o maxilar, a boca. Sentia um peso enorme na cabeça, como se carregasse pedra e aquela impressão da água suja se aproximando do q

O PACIENTE E O PSICANALISTA, OU UM OU OUTRO

http://kbimages.blogspot.com/url-code.jpg O paciente e o psicanalista, ou um e outro Eu o esperava, organizando os arquivos no notebook. Nada era tão previsível naquela tarde, do que aguardar o paciente, via de regra, impaciente e angustiado. Uma nesga de sol se abria na vidraça que dava para os prédios posteriores à praça. Não sei porque meu olhar se detinha lá longe, naqueles prédios cinzas, de telhados sujos. Uma ou outra pomba investia pela vidraça, o que me dava certo estremecimento. Espiei na janela e quando me voltei, o vi, olhos fixos na tela, observando atento, os protocolos de sua história. Olhou-me, intrigado. Tinha olhos grandes, densos e agora, pareciam maiores. Fingi displicência e fechei o notebook, sem dar importância ao caso. Cumprimentei-o e pedi que ficasse à vontade. Poderia sentar-se na poltrona, à minha frente ou no divã, segundo sua escolha. _Eu vi, doutor, eu vi! _Você viu o quê? – caminhei em direção à escrivaninha, mantendo o controle – não há dúvidas, de q