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A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO VIII

Capítulo VIII Clara estava satisfeita com o resultado das pesquisas e o desenvolvimento da dissertação. Estava no caminho certo. Almoçou na universidade e trouxe uma marmita para Nael. Voltou para casa, estacionando à frente do prédio. A temperatura aquecera um pouco e ela foi se desfazendo das roupas ainda no carro. Tirou o casaco, já havia se desfeito das luvas, ficando apenas com o cachecol. Ela desceu rapidamente, cumprimentou a síndica que se preparava para sair exatamente quando ela abria a porta. Tratava-se de uma senhora de baixa estatura, caminhar arrastado e voz grave. Costumava olhar sempre para o alto, embora o interlocutor fosse da mesma altura. Raramente encarava a pessoa, e quando o fazia, olhava de soslaio, parecendo preocupada com alguma coisa alheia a sua vontade. Clara a achava estranha, mas não se preocupava muito com isso. Percebeu que ela queria falar-lhe alguma coisa, por isso perguntou do que se tratava. — Pois é verdade, eu queria falar com voc...

A fotografia da vida de Santa - CAP. 10

No nono capítulo, Sandoval decidiu fazer a revelação numa reunião em que não estivessem presentes Santa e Linda, por isso Santa pediu à empregada, que se escondesse na biblioteca e ouvisse tudo, quando ocorresse a reunião da família. Naquela mesma noite, Santa foi surpreendida por uma pessoa estranha no jardim, que fugira em seguida. Linda encontrara um cartão jogado pela janela e Santa percebera que se tratava da mensagem que dera ao bispo Martim. A seguir, o décimo capítulo de nosso folhetim dramático. Capítulo 10 Santa aproximou-se da janela, pensativa. Seu olhar perdia-se ao longe. De repente, ficava na dúvida se o seu plano em relação à família era uma atitude correta. Afinal, o que sonhara e que imaginara ser o correto para atender à Virgem e transformar a sua vida, poderia não surtir o efeito desejado. De repente, poria tudo a perder e a paz que imaginava se transformasse num caos. Na verdade, depois das mensagens e da reunião, as coisas pareciam desandar e a p...

UM CRIME NA CIDADE QUE SABIA DEMAIS - CAPÍTULO 16

Capítulo 16 Júlio sentou-se na poltrona e observou que as paredes de certo modo revelavam uma falência inevitável no sistema carcereiro da cidade. Era como se ali houvesse o registro do abandono pelo Estado pelo sistema policial: no próprio prédio, havia pichações de todo o tipo, além de profundas deteriorações nas paredes internas, com o surgimento dos tijolos sob o reboco frágil. Na poltrona, cortes de canivete, nos quais inevitavelmente afundava os dedos. Estava assim pensativo, quando o Delegado Borba surgiu, fechando com firmeza a porta. Júlio voltou-se com o olhar perplexo. O outro sorriu e comentou, irônico: — Detetive Júlio, para um homem da lei está se portando como um medroso. Não devia se assustar assim com a minha chegada. Júlio levantou-se e apertou-lhe a mão, confiante. — Não estou assustado, delegado. Só estava aqui, mergulhado nos meus pensamentos. O delegado discursava, enquanto ajustava a cadeira para sentar-se atrás da escrivaninha. — Quem pensa muito nã...

A VISITA

Chegar a casa, percorrendo as ruas estreitas, de paralelepípedos irregulares, batida incerta no peito, olhos febris. Difícil saber o significado da visita, entender a expectativa da hora, o aperto de mão. Minha mão na do meu pai, caminhando orgulhoso, torcendo os pés nas pedras incólumes. Tropeçando, olhos pairando nos céus, gestos hesitantes, braços indagando inquietos. Segui-o em tudo, até na incerteza. Tinha de fazê-lo para chegar lá. Saber como o tal tio nos receberia e ter ao mesmo tempo a convicção do acolhimento sereno. Muito se falava nele. Meu pai tinha orgulho da sabedoria, da linguagem precisa, do seu amor pelas letras e filosofia. Eu divagava, mão apertada, coração aos saltos. Via as sombras das pernas longas de meu pai no sol da calçada. Os pés grandes, apressados. Se soubesse o quão distante seria o caminho, talvez não me levasse. Mas valia à pena o sacrifício para transmitir conceitos saudáveis que talvez eu apreendesse. Agora sei que ele estava certo, porq...