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sexta-feira, abril 06, 2018

Eu e a velhinha de Taubaté

Acho que sou meio parecido com a velhinha de Taubaté, do Veríssimo, que acreditava piamente no governo do General Figueiredo. Eu acredito na Globo e entendo o que o povo que vê TV, pensa como eu. Sabe por quê? Porque eu assistia ao programa Amaral Neto, repórter, lá pelos meados de 1970, mostrando as belezas naturais e culturais do Brasil, além da união que o governo militar trouxera ao nosso imenso país continental.

Ah, nesta época, eu amava a Regina Duarte, que depois da Ritinha, de Irmãos Coragem, passava a ser no ano seguinte, a namoradinha do Brasil com a novela Minha doce namorada. Um primor de pessoa. Sei que ela era assim na vida real: doce, simpática, sorriso amplo e pura! Antes ainda, no tempo dos Irmãos Coragem, ano em que o país ganhou a Copa do México, a tortura ainda era encoberta nos porões dos órgãos de repressão, e o General Médici era um presidente que mantinha um olho nos partidos clandestinos e outro nos campos de futebol. Por coincidência a novela tinha como um dos principais núcleos, o de um jogador de futebol e suas peripécias no campo. Mas novela também era cultura e informação! Tenho certeza disso. Ah, o Brasil foi campeão em 70!

Nas diretas já, a Globo demorou a transmitir os eventos, quando milhares de pessoas foram às ruas reivindicando eleições diretas. Eles eram contra e tinham seus motivos. Imaginem aquela baderna nas ruas, aquele povo sem freio. Era de assustar mesmo! Mas aos poucos, viram que o povo estava muito engajado num espírito de mudança para melhor e que outras emissoras já noticiavam com fervor. Decidiram aderir.

Depois de todas as tragédias, ficou o Sarney . E com ele, a nova moeda, o plano cruzado e segundo o presidente, cada brasileiro deveria ser fiscal dos preços, um fiscal do presidente, um programa em todos os cantos do país. Tudo muito bem encampado (talvez elaborado) pela Globo. Eu e muitos fomos os fiscais do Sarney, porque acreditávamos na poderosa. Ela sempre tinha razão. Se necessário, chamávamos a polícia, inclusive, tudo bem documentado pela TV. Havia até bótons com o slogan, “Eu sou fiscal do Sarney”. Foi em 1986. Em 1988, um tanto desiludidos, ouvíamos a nossa eterna namoradinha do Brasil interpretar a mãe da vilã, em Vale tudo. Ela sempre bondosa e íntegra, a honestidade em pessoa, lutando contra a tudo que representava a corrupção e roubalheira no mundo dos negócios e no Brasil. Eu me perguntava, tal como a velhinha de Taubaté, se existia corrupção nesta época? Ah, coisa de novela!

Apesar de todo o esforço, a coisa desandou um pouco e a TV fazia muitas entrevistas com especialistas em economia para mostrar ao povo brasileiro, que ainda havia uma saída, tal como agora, com estes vídeos de celular, que estão mandando.

Então, para salvar a pátria, surgiu Color de Mello, que se elegeria com a missão de acabar com os marajás e a Globo sempre atenta, apresentou um Globo Repórter inteiro esmiuçando a vida dos marajás, os funcionários públicos que se utilizavam do erário publico para as suas conveniências. Inclusive, no último debate do Lula, ela manipulou, quer dizer, ela ressaltou as imagens e diálogos, dando plena supremacia ao Collor, no JN. Uma emissora que sabia o que era mais útil para o seu povo. Isso, naquele áureo e abençoado tempo em que se assistia apenas a Globo. Prenderam a poupança dos brasileiros, houve escândalos, mortes como a do PC Farias, impeachment, mas tudo acordado e o país prosseguiu na santa paz de Deus. Ah, a nossa namoradinha, em 1990 era uma mulher determinada e forte, que juntava ferro-velho, envolta numa trilha sonora brega de Magal, “Me chama que eu vou”. A rainha da Sucata tentava mostrar ao brasileiro que ele podia dar a volta por cima e vencer no seu negócio (?) . Só que ela se apaixonava por um milionário. É, a nossa namoradinha não era mais a mesma, era brega e desbocada, bem de acordo com a primeira dama da época. E vá amor ao casal “real”. Afinal de contas, os tempos mudam e o que fica é o melhor para o Brasil.

Alguns anos mais tarde, em nova eleição, com o Lula concorrendo, a namoradinha teve medo. Não a personagem, mas a própria atriz, manifestando o seu medo real com a provável chegada de Lula ao poder.

Aos poucos, como a velhinha, comecei a me decepcionar. Houve outras mídias, e muita coisa estranha me deixava com a pulga atrás da orelha. Muita manipulação, muito apelo, muita tramoia. Assim caminhava a humanidade e quando a Dilma foi presidente, houve até passeata por R$ 0,20 centavos sendo uma manifestação quase diária apresentada pela emissora.

Mas como todos os coxinhas, eu ainda acredito. Não vou me suicidar como a velhinha de Taubaté, porque tenho grupos que me acolhem e até políticos que pensam como eu, como aquele do “ bandido bom é bandido morto”. E depois disso, eu sei que uma emissora de TV não tem nada a ver com a política. Eles apenas informam. Vou ouvir este mortadela, aí embaixo, mas fingir que não ouço pra não lhe quebrar a cara!

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Houve muitos fatos que são por demais conhecidas atualmente, gerando este ódio entre classes. Alguém ainda duvida deste quarto poder? Nem sei se às vezes, não é o primeiro. E muitos atos contra a vida e a justiça virão!

Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/homem-branco-modelo-3d-isolado-3d-1847732/

domingo, janeiro 10, 2016

EU E A POLÍTICA

Tenho observado através de conversas com amigos e por comentários das redes sociais, que algumas pessoas que não são engajadas politicamente ( condição a qual não são obrigadas a sê-lo), possuem restrições e até, salvo engano, me parecem temerosas com os que professam o regime de esquerda.

Eu, na verdade, sou praticamente leigo na seara da política, e tudo o que sei faz parte de minha experiência, enquanto cidadão, com os diversos governos que ocuparam o maior cargo da nação, entre vários partidos políticos, entremeado por uma ditadura feroz de direita.

Entretanto, atenuando esta minha ignorância, debrucei-me em diversas leituras, com autores reconhecidos e acho que adquiri, senão uma expertise na ciência política, pelo menos um conhecimento razoável de nossa história e nossas maneiras de conceber a cidadania de um país.

Não sou político no sentido estrito da palavra, nem filiado a nenhum partido, mas tenho minhas percepções do que considero certo ou errado, adequado ou incorreto nas decisões que influenciam a nossa vida.

Deixando este adendo, retomo o tema que abordei no início, sobre à má concepção pelas pessoas quanto ao sistema de esquerda. Talvez, essa deformação do pensamento ocorra em virtude da colossal propaganda política, que ligava os partidos de esquerda exclusivamente ao comunismo praticado na União Soviética, principalmente na época da guerra fria. Claro, que a propaganda dirigida pelos Estados Unidos e plenamente acolhida aqui em nosso País, retratava a esquerda como portal do inferno, onde somente havia governos totalitários, cuja meta principal era  aniquilar as formas de pensar diferente, isso discutindo apenas de uma maneira rasa.

Sendo assim, ocultavam sorrateiramente o perfil antidemocrático da ultra-direita, que grassava nos países detentores do poder no mundo, como a Inglaterra e os Estados Unidos.

O império americano se notabilizava em favorecer o racismo,  na tortura de dissidentes ou espiões presumíveis de outros países, na busca desenfreada pelos comunistas locais, como atores, escritores, filósofos e outros e ainda se interpunha em países ameaçadores econômica ou politicamente (inclusive no Brasil pela CIA e outras intervenções).

Partilhavam da ideologia de que as guerras encomendadas, as invasões aos países, o controle do petróleo e manutenção do status quo do povo americano era a receita adequada para o poderio que pretendia alastrar pelo mundo, não importando a miséria dos outros povos, desde que seu privilégio fosse respeitado.

Eram dois mundos distintos, mas com objetivos até semelhantes, quando segregavam a liberdade, e impunham as suas regras totalitárias.

Tanto a direita totalitária, como a que enfatizou o nazismo, como a esquerda stalinista foram nefastas para a humanidade.

Há porém uma direita que se vale do capitalismo, do estado mínimo, da privatização das empresas estatais, objetivando a geração de riquezas, sem a participação do estado. É uma política excludente, que privilegia a burguesia, os grandes latifundiários, o setor bancário, promovendo a  riqueza na mão de poucos e impedindo a circulação do capital pela população mais pobre. Esta direita privilegia os grandes grupos e como consequência, aumenta a miséria. A sua ideia de  crescimento do país se dá através de um processo de especulação do capital, e quem ganha mais é a elite que possui contas no exterior e que, na maioria das vêzes, como num passado recente, não investia as suas riquezas no país.

De todo modo, não há como negar que  há medidas corretas, desenvolvimentistas, e que segundo a ótica do neoliberalismo, os resultados advém de um processo de ampliação do poder aquisitivo das grandes corporações, respingando na população, em virtude do  progresso de   seus investimentos.

Certamente, podem ter resultados, dos quais evito opinar por desconhecimento econômico, e inclusive acredito, que em certos governos de direita ou centro-direita, possa haver um processo com lisura e competência.
J

á, na esquerda, o foco principal é a valorização da classe mais carente, é o ajustamento das camadas sociais, transformando em iguais aqueles que são desprezados pela sociedade.

É o direito à cidadania, ao poder de compra, ao acesso ao trabalho e aos meios de produção, à inclusão das pessoas em diversos níveis de atividade, tanto no âmbito escolar, quanto na democratização da comunicação, dos direitos humanos e sociais. E tudo acontece a partir de medidas sociais e o aumento do capital, através da distribuição de renda, melhoria do mercado e oportunidade de oferta e procura dos bens.

Numa sociedade de consumo, como a nossa, é normal que os bens sejam distribuídos e que a indústria, o comércio, as empresas, os bancos e a população sejam contemplados.

É obvio que há grandes corporações que injetam grandes fortunas e absorvem o mercado, às vezes de forma abrangente e até agressiva. Mas, o fato de observar que centenas de pessoas saíram da linha de miséria, que a bolsa família é uma oportunidade para ingressarem no mercado de trabalho e dos bens e serviços, que os filhos estão incluídos neste processo, com a obrigação de manterem seus estudos, que os negros são respeitados e que leis de apoio às mulheres são elaboradas para a sua proteção, já capacita o sistema em ser o mais indicado para o país.

Como citei, não sou político, muito menos economista. Sou um escritor, que tenta expor aquilo que o emociona ou angustia, ou mesmo o instiga a exercitar a sua opinião. Utilizo a política, como um cidadão, como todo mundo. Tenho a pecha de ser de esquerda, como se fosse uma cicatriz ferrenha, como um estigma, visto que,  na maioria das vezes, as pessoas acreditam na balela de que os de esquerda tiveram uma lavagem cerebral para serem assim, seres tão radicais (sic).

Na verdade, não sou filiado a nenhum partido político, já votei no pt, no psd e até  no pdt.

Sempre digo que sou orientado à esquerda, mas prioritariamente humanitário, um cara que acredita nas medidas sociais, no acesso da sociedade à leitura, à internet, à universidade, à cultura, e acredito piamente que as cotas sociais e as medidas de ajuda financeira ou alimentar, são transitórias, até que a miséria seja afastada definitivamente de nosso pais.

Posso ser um idealista, mas tenho os pés bem no chão. Sei até onde os governos podem ir.

E se há corrupção, se há roubalheira, se há malfeitos, que sejam punidos, mas punidos de acordo com a justiça do país, sem maniqueísmos, que sigam  um modelo político ditado por uma mídia manipuladora, regida pela ideologia reacionária e econômica.

Em tempo, hoje em dia, as pessoas se manifestam no sentido de que não há mais diferença entre esquerda e direita. Não é verdade. Há conchavos políticos sim que integram estes dois regimes, há acordos com os quais, em sua maioria não aprovo, mas as diferenças são explícitas, a ponto de não haver convergência quando o assunto é a igualdade social. Estes argumentos, na verdade querem desestabilizar os poderes constitucionais do Brasil, através do descrédito da população, colocando em risco a democracia.

Portanto, quando os meus amigos me classificarem de esquerdista, o façam com a parcimônia dos sensatos e educados. Sou antes de tudo, um humanitário, que deseja que o povo de seu país seja o protagonista da história e não apenas um coadjuvante da riqueza de poucos.

sexta-feira, dezembro 04, 2015

SOU DO CONTRA!

Eu sou contra tudo isso. Não importa que me fritem com azeite quente, nem que me façam ferver no fogo do inferno. Sou assim e não vou mudar. Quero acabar com as alianças dos que se enfileiravam à direita do prato. Há os que se regozijam do mal que nos fazem, mas tenho comigo, que apenas servem ao verdadeiro sabor da vida. Dias e dias os assisti calado, sem dizer nada, esperando que algum dia liberassem. Dei com os burros nágua. Mas agora, não vou voltar atrás, não vou declinar por falsas ameaças. Está na hora da luta.

Comecei agora. Retirei devagar aquelas alianças de barbante que envolviam as linguiças campeiras, uma por uma e coloquei para o outro lado do prato. Da direita, para o outro canto, para incluir na mesma porção, os temíveis pedaços de bacon alinhavados com o queijo gorgonzola e o paozinho de alho.

Todos os embutidos foram se soltando, as linguiças amarradas se transformaram em pequenos blocos de petiscos proibidos, um a um, pendurados em argolas, agora desfeitas e submissas ao sabor.

Também os charques defumados e o próprio toucinho, assim, in natura. Se preciso, irei à justiça, para tê-las transbordando em gordura na panela do feijão! Nada de dietas, de temores infundados de fazerem mal à saúde.

Peguei minha bandeira e fui à luta. Quero também o meu churrasco de volta, com toda a carne vermelha, fumegando na churrasqueira, com a gordura saturada e o lombinho chamuscado revirando-se na grelha! Se preciso vou à guerra! E o sal será a minha arma, aquele sal grosso, inundando de pedregulhos brilhantes a carne ensanguentada, lambida pela chama glamourosa que vez ou outra produz um frisson, num chiado sublime derretendo a gordura!

Que venham as picanhas, as costelas-janela, o lagarto, o vazio. E para completar, as coxinhas de frango com pele borbulhando na brasa, amaciando o bronzeado para os olhos sedentos. Antes, um gole de caipirinha, porque ninguém é de ferrro.

Por fim, para apaziguar os ânimos, a velha e gostosa cerveja, amainando o rescaldo da fornalha! Vamos à luta, companheiros! Impeachment ao chuchu, à couve e ao alface! E não troquemos de lado! A cerveja é sempre mais gostosa quando a tocamos por fora!

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