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O que vem na lancha?

Rogério atravessou o paço municipal com efetiva energia. Estava satisfeito consigo. Daqui a pouco, aquela casa seria sua. O mundo lhe renderia homenagens, as pessoas em geral falariam nele, a maioria pelos seus benefícios que faria à cidade. Uns invejosos falariam mal, mas que falassem. Não lhe interessava. Importava agora o pleito que estava por vir e ele como candidato, certamente seria o vencedor. Ninguém o tirava do páreo, de jeito nenhum. Em seguida, estava no cais e parou por um momento, observando a lagoa. Na verdade, a laguna, um homem com a autoridade que teria, devia usar o termo correto. A laguna o encantava, às vezes, principalmente nestes dias de pouco sol, com alguma neblina, mas com um calor envolvente, prenúncio de alguma chuva. Podiam pensar que era loucura este pensamento, mas este rebuliço da natureza o envolvia completamente. Era como nas urnas e os efeitos nem sempre passivos, às vezes desvastadores. Uma lancha se aproximava e ele decidiu sentar num dos b

O DOCE BORDADO AZUL - 28º capítulo e 29º (ÚLTIMO CAPÍTULO)

A seguir os dois últimos capítulos de nosso folhetim. No 28º capítulo, Laura revela-se à filha e no último, em sequência, são guardadas as melhores emoções. Capítulo XVIII O vulto na janela Lúcia parou em frente da igreja do convento. Há tantos anos misturava-se entre aqueles prédios, passeava pelos jardins com a intimidade de seus sentimentos. Visitava vielas, aprofundava-se em seus encantamentos, observando, às vezes, o pôr-do-sol que se precipitava nos espaços que se abriam entre os muros. Hoje, porém movia-se sob um impulso quase incontrolável, induzida por uma sensação nova de bem-estar, disposta a entrar e quem sabe fazer uma prece, encontrar-se consigo. Não havia sofrimento. Tinha a alma leve e a impressão de que devia cultivar esta plenitude que poucas vezes sentira. Entrou na capela que estava na penumbra. Observou a iluminação fraca em decorrência dos raios de sol beijando os últimos bancos. Estava em completa solidão. Aproximou-se um pouco, olhou para

O DOCE BORDADO AZUL - 16º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 16º capítulo. Capítulo XVI A surpresa Lúcia levantou-se acabrunhada. Os cabelos em completo desalinho, a cara amassada, olhos inchados. Quem a visse naquele momento, imaginaria uma imensa ressaca. Mas sua fisionomia refletia o seu espírito desordenado com as situações criadas. E agora, a mãe viera com esta história do vizinho que conhecera, chegando ferido em seua casa e ainda ajudando-o. Bem, como dissera, ela sempre tinha explicações para tudo. Que fosse então. Olhou para fora, empurrando levemente a cortina, temendo ser observada por alguém. A tarde caía rapidamente. Nada melhor do que a noite para refazer-se. A tarde sempre trazia consigo uma sensação de modorra, mormacenta, que lhe causava tédio. Nunca gostara de estudar à tarde. Sentia-se cansada, sonolenta. A noite, ao contrário, enchia-a de energia ao espírito. Sentia-se mais resistente, mai