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Um amontoado de ossos

Percebia um corpo franzino que se esgueirava rápido, por entre as árvores. A noite já se aproximava e o parque, aos poucos, ficava deserto. De repente, ela sentou num dos bancos, de súbito, como houvesse se assustado de alguma coisa. Eu podia vê-la de longe, e por um momento, pensei fotografá-la com o celular. Mas foi só por um momento. Meu coração disparou, assustado, pois a mulher despencou literalmente no chão. Corri até o banco onde estava e abaixei-me, tentando descobrir o que estava acontecendo. Ela estava no chão, a cabeça estirada próxima aos pés do banco. Ao seu lado, um cachorro preto olhava compassivo, como se soubesse o que acontecera. Ou como se fosse de rotina. Tentei acordá-la, olhei para os lados, para ver algum passante por perto que me acudisse. Um que outro olhava de longe e se afastava ainda mais. Peguei a sua cabeça entre as mãos. Era tão pequena aquela cabeça, que parecia um crânio vazio, sem cabelos, sem pele, sem couro cabeludo, apenas ossos. Tão

A CIDADE QUE SABIA DEMAIS - 2º CAPÍTULO

No capítulo anterior, a professora e maestrina Rosa estava muito preocupada com o seus colegas do coral, porque pareciam muito agitados e até alguns, descontentes com as pessoas que vieram trabalhar na hidrelétrica da cidade. Decidira marcar uma reunião com eles. Quando voltava da escola estava pensando nisso, e sentiu-se um pouco apreensiva no caminho, que embora rotineiro, naquela noite, parecia mais longo e assustador. Sentia que havia alguém à espreita, que poderia atacá-la a qualquer momento. Ao chegar em casa, teve o pressentimento de que seu cão labrador estava morto. Continua agora no 2º capítulo de nossa história policial “ UM CRIME NA CIDADE QUE SABIA DEMAIS" Capítulo 2 Ricardo Silveira levantou assustado, ouvindo o toque do celular. Puxou rápido, do criado-mudo o aparelho e dispensou o alarme, tentando espreguiçar-se um pouco ainda no calor da cama. Percebeu um número desconhecido. Deixou pra lá. Estava frio lá fora, apesar da primavera que já se adiantava. Encol

A FAINA DA BRASA

Animais dão-se as mãos nas campinas Verdes que se espraiam olhar afora Vozes que flutuam em zumbidos longínquos Homens se agrupam na prática eufórica Quando eles chegam de mansinho Deixam os pastos repousar Deitam as arestas de seu sono E dormem em flores a vicejar Humanos acendem fogueiras Perpetuam fogos e álcool a selar Vitórias que chegam com os arreios Ferramentas que lá vão provar No dia da desova das paixões Animais afastam-se em vão Agitam-se desesperados na rotina Da brasa que lhe cede a alma ferina Homens violentam seus bordões Gritam, rudes na faina da brasa Riem, na luta da guerra à vida A morte que chega sem saída Animais caem ao relento Esbaforidos, sedentos e sofridos Olhares perdidos nas vagas madrugadas que anseiam, mas que nada se sonham, nem sabem decifrar A morte é certa, a berrar a brasa ardente escaldando as carnes o sangue transbordado na terra ferida Homens dão as mãos nas campinas Cantam canções de vitórias e gritos de g

O DOCE BORDADO AZUL - 14 º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 14º capítulo. Capítulo XIV As alucinações de Laura Abrir os olhos devagar, sentir o corpo debilitado, como se não pudesse levantar-se, sem ânimo para nada, a não ser ficar quieta, em posição fetal. Mas aquela luz que insistia entre as frestas das cortinas não a deixavam esquecer-se do início do dia, ou do fim, não sabia bem distinguir. Quando viu a figura da mãe, à porta do quarto, fechou deliberadamente os olhos. Artifício providencial, imediatamente percebido. Laura perguntou se não se levantaria, as horas passavam, a tarde chegaria logo. Não poderia dormir o dia todo. Lúcia, como uma adolescente em dia de prova, encobriu a cabeça com o lençol, resmungando, exigindo que se afastasse dali, que a deixasse morrer. Mas não era possível, embora Laura saísse do quarto, sem antes informar que logo, logo teriam visitas. Que ameaça terrível significava aquela in