Capítulo xv Clara passeou pela sala, observando as paredes velhas, desbotadas. Ficou algum tempo assim com a sensação de que Dona Luisa a conduzia pela casa, indicando o caminho para encontrar o caderno e o baú envernizado. Sentia-se satisfeita na tarefa que se incumbira. De repente, uma música tocava na vitrola. Uma daquelas canções antigas que lembravam os anos 40. Caminhou pelo corredor semelhante ao de seu apartamento, apenas com a diferença de que as paredes nuas simbolizavam um abandono natural e sóbrio, que Dona Luisa tanto prezava. Tudo para ela era desnecessário, desde que significassem a morte do passado, um passado que conservava em sua memória. Clara sabia disso, e ao mesmo tempo que lembrava destes detalhes, adaptava-se a eles, aceitando-os como seus próprios princípios. Então, dirigiu-se ao quarto, revirou as gavetas, examinou a cômoda, o roupeiro, mas nada encontrou que facilitasse a sua busca. Subiu displicente na cama, olhando por cima do roupeiro, pesquisou no...
Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.