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A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO IX

Capítulo IX Clara temia que os fatos acelerassem alguma atitude extrema que precisasse tomar. Não podia abandonar Nael à própria sorte, mas ao mesmo tempo, sentia-se constrangida pela revelação de Cida. A sua situação se agravava, arriscava-se a ser parte de um processo administrativo que poderia afastá-la do trabalho, inclusive ser demitida. Na verdade, sentia-se uma tola, por ter deixado que os sentimentos sobrepujassem a razão, a ética profissional e os seus deveres de funcionária. Mas por outro lado, aquela situação havia preenchido uma lacuna de sua existência. Resgatando a liberdade de Nael, estava resgatando também um pouco de sua liberdade, sua condição de mulher, que se sentira ultrajada. Estava tão frágil e dependente quanto ele. Talvez por isso, tomara a decisão sem compromisso com a realidade. Ele por sua vez, estava envolvido em muitas dificuldades e lutava, como ela, para sobreviver. Percebera a maneira aflita de Clara, após a conversa com Cida. Mostrara-lhe o

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO III

CAPÍTULO III Não havia como recuar, embora Clara se sentisse perdida. Toda a euforia do resgate passara como por encanto. Estava deprimida, irritada consigo, atordoada. Como tirar aquele homem do carro, abrir a porta do prédio e torcer para que ninguém a visse. O vento estava mais intenso, embora não mais chovesse desde que deixara o porto. Começou por etapas, tentando acordá-lo. Agora percebia que ele estava praticamente dobrado em dois, como um malabarista. Encolhido no banco, a cabeça rente à janela e as pernas estiradas para baixo, joelhos articulados de forma a caber os pés sob o assento dianteiro. Puxou a capa, descobrindo-lhe os ombros, surgindo um corpo magro, cuja ossatura se salientava sob um casaco ruço, que mal lhe cobria as costas, tão curto, como se não fosse dele. Usava calças de algodão escuro e um cheiro de suor exalava de seu corpo. Clara tentou acordá-lo, mas não foi necessário. Ele virou a cabeça lentamente, fitando-a da mesma maneira anterior: entre sup

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO I

Antes de lançar a narrativa longa “A barca e a biblioteca” (que está à venda na Editora Metamorfose, no site http://www.editorametamorfose.com.br )no dia 28/01/2017, próximo sábado na Feira do Livro da Furg, no Cassino, Rio Grande, RS, eu havia criado o romance “A casa oblíqua”. A partir de hoje, passo a publicar os capítulos neste blog, duas vezes por semana, normalmente nas terças-feiras e nas sextas. Trata-se de uma história de amor, suspense e drama. A vida em suas diferentes fases e problemas tão semelhantes. A seguir uma pequena sinopse do romance A Casa Oblíqua e logo após o primeiro capítulo: A vida, às vezes, prepara surpresas, tais como a de Clara, que após uma frustração amorosa vê-se envolvida com um refugiado, recém chegado ao porto da cidade onde mora. Trata-se de um fato muito semelhante ao ocorrido com a vizinha solitária de seu prédio, Dona Luisa, há muito tempo atrás, na época da segunda guerra. Clara então, parece assumir a personalidade da amiga e já não s