Quisera contar coisas felizes. Quisera imaginar uma cerca brilhante, arrebatada por uma luminosidade paralela que me permitisse ultrapassá-la sem os medos normais.
Quisera antecipar-me à dor e vencer a morte. Quisera saber viver, como os príncipes.
Quisera participar. Usar todos os verbos em todos os tempos para explicar o que já nem tem sentido. Ultrapassar a cerca, pular a dor, liberar o ódio, alavancar o amor. Deve ser possível, não neste momento.
Tomara que eu durma e acorde levitando, pois aí verei lá de cima, o mundo que deixei para atrás. Um mundo de intolerância, racismo, fascismo, ódio.
Um mundo onde grassa a ignorância de mãos dadas com o retrocesso.
Quem sabe desço e desmancho a bolha que ainda me impede de lutar?
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