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A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO V

CAPÍTULO V Quando o celular tocou, Clara não conseguia entender onde estava. Dormira durante tanto tempo que poderia ser qualquer hora do dia ou da noite. Então, pegou o celular que estava sobre a mesinha de cabeceira e atendeu, desligando-o em seguida, percebendo tratar-se de uma mensagem da operadora. Levantou-se, doída, sentindo as pernas bambas, como resultado de um esforço extremo. Ouviu ruídos lá fora, um galho de árvore que insistia em roçar a lateral do prédio, agitado pelo vento. Cães latiam ao longe. Voltou ao celular, desta vez para certificar-se das horas. O entardecer de inverno se despedia rápido. Anoitecia no mesmo compasso. Passava das seis. Espiou pelas frestas das venezianas e observou as luzes da rua. Procurou os óculos sobre o baú, limitando pela mão os espaços mais prováveis onde os teria deixado, talvez entre livros e revistas, ali esquecidos. Enfiou-os sobre o nariz, ajeitando-os com o polegar e como por encanto, o presente voltou à tona, com as

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO IV

CAPÍTULO IV Clara levantou-se inquieta e espiou pelas frestas da veneziana. Luzes que evocavam movimentos, pessoas que passavam na calçada, lá embaixo, mas cujas vozes ressoavam agitadas, como se estivessem ali, bem próximas. Buzinas de carros, motos que rasgavam tímpanos, dilacerando ouvidos. Portões de ferro arranhando os pisos. Lojas abrindo. Operários chegando. Conversas no café, na padaria, nos açougues. Primeiros acordes do dia. Não conseguia relaxar, como pretendia. Pensamentos confusos, que iam e vinham ao sabor das recordações, ora agradáveis, ora tristes ou trágicos. Por vezes, lembranças da infância, trazendo-lhe aromas conhecidos de fins de tarde de outono, brincadeiras na rua, amassando folhas secas, ouvindo o estalido agradável de se partirem como papel. Vozes dos pais, resgatando pequenas alegrias, que se espalhavam no dia a dia, sem maiores preocupações, do que ser feliz. Até que eles desapareceram, um de cada vez, como folhas agora não mais rígidas,

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO II

Resumo do primeiro capítulo (anterior). Todos os capítulos são publicados nas terças e sextas-feiras Naquela noite de muita chuva, vento e frio, Clara chegara ao porto, seu local de trabalho. Enquanto examinava as planilhas dos navios que deveriam ancorar no cais, recordava da desilusão amorosa que tivera com o namorado Bruno, que a deixara por não saber conviver com a rotina de um presumível casamento. Sozinha e triste, ela executou as suas tarefas no navio chegara, dirigindo-se ao porão para a inspeção normal. Assustou-se quando viu um homem escondido, percebendo tratar-se de um clandestino. Lembrando-se da vizinha e amiga, dona Luisa, que na época da Segunda Guerra Mundial, acolhera um refugiado, um tanto confusa , Clara decidira reproduzir a mesma situação. O homem revelava-se muito doente e ela dissera aos guardas portuários, que não havia nada de anormal no navio. Sendo assim, imaginou um plano de retirá-lo da embarcação. A seguir o segundo capítulo de A CASA OBLÍQUA

A CASA OBLÍQUA - CAPÍTULO I

Antes de lançar a narrativa longa “A barca e a biblioteca” (que está à venda na Editora Metamorfose, no site http://www.editorametamorfose.com.br )no dia 28/01/2017, próximo sábado na Feira do Livro da Furg, no Cassino, Rio Grande, RS, eu havia criado o romance “A casa oblíqua”. A partir de hoje, passo a publicar os capítulos neste blog, duas vezes por semana, normalmente nas terças-feiras e nas sextas. Trata-se de uma história de amor, suspense e drama. A vida em suas diferentes fases e problemas tão semelhantes. A seguir uma pequena sinopse do romance A Casa Oblíqua e logo após o primeiro capítulo: A vida, às vezes, prepara surpresas, tais como a de Clara, que após uma frustração amorosa vê-se envolvida com um refugiado, recém chegado ao porto da cidade onde mora. Trata-se de um fato muito semelhante ao ocorrido com a vizinha solitária de seu prédio, Dona Luisa, há muito tempo atrás, na época da segunda guerra. Clara então, parece assumir a personalidade da amiga e já não s