Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.
domingo, junho 27, 2021
Como um androide
As pessoas eram apenas pessoas conhecidas ou não, um público que se avantajava na direção do centro ou dos bairros. Quase não percebia seus rostos, porque me era natural observar assim, preocupado com meus afazeres. Algumas cumprimentava, quando considerava conhecidas, outras me aproximava porque eram amigos que fortuitamente passavam por mim. Ou era aquele vizinho, quando morava em determinada rua ou mesmo o dono do boteco da esquina, ao qual eu conhecia há muito tempo. Agora, já não vejo estas pessoas, paira uma ameaça no ar, um medo que se agiganta e que me deixa inerte. Um pânico do vírus que assola nosso país e o planeta inteiro. Parece que aqui, ele fez moradia não tão temporária e insiste em se replicar como um androide de um filme sci-fi .
Também assolam os pensamentos as teorias vis e insanas que desinformam a população, assolam o mau ou não-uso de máscaras e precauções, assolam a prescrição de medicamentos sem comprovação científica, assolam as mentiras, as farsas, as corrupções nas altas esferas do poder. E por tudo isso, assolam as mortes e o medo que nos acompanha.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/corona-mundo-máscara-v%C3%ADrus-doença-4912807/
segunda-feira, maio 17, 2021
Quando a noite se aproxima
Quando a noite se aproxima, assim tão lenta e desesperançada, me pergunto por ela. Será que pensa como eu, que sente as mesmas dores, os mesmos males e febres infindas? Será que vela com pensamentos escusos achando que a noite passa e tal como veio arrastada, se afasta e se nivela ao mar, com sol, luzes e sombras? Será que a voz da noite responde e detém meu sangue agitado? Será que provoca o caos, que ocupa as vielas escuras e as transforma em caminhos?
Talvez o muro se rompa e a vida que outrora parecia embaçada, se encha de luz e os homens se encontrem e liguem os princípios tão próximos e distantes, tão aparentes e ocultos, tão coletivos e solitários.
Quando a noite se aproxima, assim tão rápida e confiante, me pergunto por ela. Será que abrirá as comportas e mostrará a força que possui? Será que vigia acordada e zela cuidadosa o sonho que carrega consigo, como o filho primogênito recém-chegado? Será que se aproxima acesa como lamparina trêmula ao vento sob mãos frágeis, mas determinadas?
Não sei. Quisera que a noite fosse apenas a passagem de brumas macias sob um horizonte ditoso. E que tudo não passasse do olhar de sentinela do sol, que já está por vir. Tenho medo porém, que a noite não passe e o sol se afaste para bem longe do nível do mar, ficando tão fraco que já não mais o sintamos. Que a sua voz se cale.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/lua-mar-lua-cheia-reflexos-de-luz-2762111/
sexta-feira, maio 14, 2021
Não posso calar
A ferida se alastra pelo País. A ferida vai muito além de nossa realidade. A ferida é. Está. Permanece. E não há quem a cure. Por mais que a natureza se esforce todo o dia renascer em sua beleza, há uma parte da natureza que agoniza e morre. Morre com ela o silêncio. Morre com ela, a beleza. Morre com ela o renascer, o reviver, o recriar, porque a morte é absoluta. Então, como falar na natureza e calar nesta parte que se consome e se destrói diariamente. Não. Não posso calar.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/outdoor-grama-verão-campo-3202494/
quinta-feira, maio 13, 2021
Onde ficou a poesia?
Onde ficou a poesia onde só há dor? Onde ficou a alegria onde só há morte? Onde ficou a segurança e a confiança, onde só há descalabro? Onde ficou a verdade, onde só há fake news?
É uma dor contínua, que agoniza ante nossos olhos diariamente.
Uma dor que nos invade, que nos impede de sonhar, de sorrir.
Uma dor que nos deixa inerte, sem espírito de luta, sem esperança.
Pois quem devia alertar a população, produzindo campanhas de vacinação e isolamento social, quem devia comprar vacinas desde o ano passado e não o fez, quem debocha de países que nos proporcionam os insumos de nossas vacinas, está inerte, preso em suas opiniões insensatas, frágeis e desonestas. Como pensar em poesia, em música, em belos dias e outonos floridos, se a agonia de nossos irmãos bate quase que diariamente a nossa porta.
quarta-feira, maio 12, 2021
Mãe no jardim
Minha mãe passeava entre as dálias, diversas begônias, umas com folhas riscadas de vermelho, outras com um verde mais intenso, algumas com pendões de flores azuladas, além de uma roseira de rosas pequeninas que ela insistia que se grudassem ao muro. Brigava com as formigas que rendavam as folhas, lutava no pequeno jardim, no qual canteiros simbolizavam o seu afeto e dedicação pelas plantas.
Havia arbustos maiores, a tal da Eva e do Adão, com folhas imensas, bem desenhadas e muito verdes. E as hortênsias? As hortênsias eram o seu xodó, sempre floriam na hora certa e mudavam a cor conforme a distância entre elas. Se havia hortênsias rosas próximas a azuis, elas trocavam de cor. As rosas mais azuladas e talvez as azuis um tanto brancas, não sei. Havia o jasmim, este já no corredor, ao lado da casa. Tinha um perfume poderoso e era cultivado com muito cuidado. E os brincos-de-princesa, flores vistosas, em forma de um pequeno vaso, com pétalas roxas e vermelhas. Não tenho certeza. Havia os dias de calma.
Os dias em que a janela permanecia aberta e dali, se apreciava o jardim, a rua, a calçada, os meninos brincando. Havia dias de pouca brisa, mas que investigava a sala, as cortinas de voal (voil) que lambiam o peitoril da janela e desenhavam pela casa pequenas sombras que se espraiavam pelas paredes.
Às vezes, havia uma vela, bem ali, perto do peitoral da janela, acendida para algum santo, talvez para comemorar alguma dádiva, não sei. O vento leve, mas assobiava no corredor, vez que outra. Ele vinha e ia e a chama se deitava, oscilando de modo a quase apagar-se, mas resistia e coloria de vermelho a proximidade da cortina, quando o vento amainava. Ficava forte, como a fé que ora se deslocava pra lá, ou pra cá. Ora se enfraquecia, ora se fortalecia e iluminava o ambiente, como a vela. A vela apropriada.
Por vezes, a via por ali. Ou por todos os lugares, ocupando todos os espaços. Ficava entre as flores, a luz da chama iluminando, resistindo aos ventos fortes, oscilando entre a fé e a alegria, buscando. E sua busca não cedia, não esmorecia, tal como a vela no velho castiçal de bronze. Ãs vezes fraca, titubeante, às vezes forte e iluminada.
Ainda a vejo ali, atravessando os pequenos canteiros, aproximando-se da sala e puxando as cortinas com cuidado, fechando os postigos, as venezianas e lacrando a janela verde, porque o vento agora surgia forte e poderoso. Hora de respeitar a natureza.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/anêmona-azul-flor-pétalas-verão-2396299/
sexta-feira, abril 16, 2021
Folhas
Folhas caem lentamente
Pairam algumas, seguem devagar a corrente
Parecem sonhar
e mergulham como plumas no ar
Folhas caem lentamente
Trazem consigo olhares e nostalgia
Talvez de um passado recente
Ou de uma vontade vazia
Folhas caem lentamente
Aproximam-se do chão e das raízes
Pesam na grama impunemente
Ou se debatem em rodamoinhos, às vezes
Folhas caem lentamente
Transformam a realidade mais bonita
Não importa se afofam o chão clemente
Se a árvore fica fria e despida
Se os grãos viram semente
Apenas que o outono abranda a desdita
Fonte: https://pixabay.com/pt/users/rihaij-2145/
sexta-feira, março 19, 2021
O guri
Quando o vi pequeno e raquítico, não soube executar nenhum gesto.
Quando o vi mal abrir os olhos na luz ofuscante da manhã, quase me afastei acovardado.
Quando o vi, faminto e maltratado, quase chorei sentado em minha complacência.
Então, pedi, suplicante.
Não acorda guri, mesmo aqui, sob a marquise nesta calçada suja.
Dorme guri, não vale à pena acordar.
Dorme e sonha.
Com que sonha o guri sozinho, se não uma porção de sorvete e balas de goma?
De que vive o guri na rua, se não de sonhos? Terá ainda sonhos, o guri?
Tenho eu, empurrando com os pés o saco de latinhas amassadas. Sonhos sinistros e medo de acordar.
Medo que ele se aproxime e sua baba, sua fome, sua sede e seus sonhos respinguem em mim.
Medo que tenha de enfrentar a dor dos outros, de mastigar sozinho as horas solitárias pelas quais passa, medo de pensar e me sentir menos humano do que ele.
Por que levar a comida na geladeira de rua e sair correndo com medo da proximidade? Talvez a pandemia explique, mas não convence.
Meu medo é muito maior ainda, o medo de entrar em seus sonhos e não dormir nunca mais!
sábado, março 13, 2021
Mudez
Fico calado. Não tenho o que dizer. O silêncio, às vezes, é uma benção. Pelo menos para os que dividem, não argumentam, nem ouvem. Mas ficar calado, não impede a ansiedade e a frustração. Estas aumentam, devoram-nos e num círculo vicioso, nos fazem calar ainda mais, embora nosso coração grite de angústia e dor.
Há tanto o que dizer! Mas quem há de ouvir? Quem se interessa? Há tanto a pedir, há tanto a lutar! Mas a luta parece inglória. Perdemos sempre. As ondas virulentas se sucedem, tão fortes e resistentes quanto o ódio. Nada importa. Não importa que nossos irmãos morram, agoniados, sem ar, sem força, como animais desamparados ao relento. Não importa, que muitos passem fome, e se espalhem pelas favelas como moscas contagiosas, onde não lhes é permitido qualquer brecha de vida ou esperança. Não importa a morte porque ninguém é culpado, ou melhor, todos são, com exceção do governo. Este que lidera com intolerância e ódio genocida a uma legião de “homens de bem”, parece estar muito tranquilo com sua consciência.
Por isso, fico calado. Minha mudez talvez seja uma covardia, mas sinto que entreguei os pontos. Não por ele, mas pelo povo que o acompanha.
quarta-feira, janeiro 20, 2021
Motor estagnado
O homem sonhou que atravessava a lagoa e de repente, o barco parou bem no centro, entre as ilhas e o cais, como se fosse uma imposição dos dias atuais.
Não, não era na direção de São José do Norte, nem na direção do centro da cidade, por ali, perto do mercado público. Na verdade, era um pouco mais longe, lá pelas bandas do bosque. E o cais, que ele chamava, não passava das margens arenosas que cercavam seu quintal aramado. Estava lá, entre dois pontos. A referência da margem da casa e a ilha defronte. Talvez fosse Porto do Reino, pensou. Não, ele não pensou, ele sabia.
Ficou ali parado, pensativo, sem qualquer reação. Nada que fizesse, produzia algum movimento no barco. Motor estagnado.
E as águas também não fluíam, como o tempo. Tudo parado, quieto. Estranho. Mas estava vivo. Talvez tivesse uma iluminação, pensou, embora soubesse que era um sonho. Ele estava dentro do sonho e não conseguia acordar, mas sabia que estava dormindo.
O céu parecia aproximar-se do barco, trazendo um foco de luz que brilhava ante seus olhos, agora um tanto aflitos. Ficaria eternamente ali, naquela posição?
De repente, um pequeno movimento. Um barco que se deslocava da margem, ao longe, lá, naquela região, um tanto escura. Também vinha outro da margem oposta, bem em sua direção, tal como o primeiro, como se houvessem combinado entre si.
O homem olhava para os lados, apreensivo. A luz na sua fronte aumentava e uns pequenos raios teciam arcos-íris nas leves ondas em formação. Sim, porque tudo agora se mexia lentamente.
De repente, outros barcos foram surgindo do nada e aos poucos, se cruzavam como se estivessem numa procissão esperando a santa padroeira. E no movimento dos barcos, o barco do homem começou a se mover também, embora sem sair do lugar. Apenas o movimento resultante dos demais. E vários foram tomando conta e chegando perto, cada vez mais perto, até emparelharem com o dele e fazendo uma aglomeração de barcos enfileirados.
Quem os visse através da visão de um drone, por certo achariam interessante aquele cenário.
O homem compreendeu então que sua missão chegara, enfim, e ele começou a rezar e a agradecer a presença dos barqueiros. Todos abaixavam a cabeça quando ele, sem perceber que tinha uma ótima oratória, fazia um discurso convincente e produtivo. Só então percebeu que naquele barco sozinho e triste, havia luz e esperança. E agora, que estavam todos juntos, a luz diminuía aos poucos e uma neblina surgia, assim como nuvens escuras toldavam o céu. E ele nunca mais viu aos que se referia. Do sonho? Entubado, nunca mais acordou.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/pôr-do-sol-oceano-barco-humano-mar-3689760/
Se o Natal chegar
Se o Natal chegar e eu não estiver preparado. Ele vem de mansinho, se avizinhando em nossos pensamentos, sentimentos e corações.
Se o Natal chegar e ainda estiver em dias atribulados, assustados, perdido em promessas que se esvaem em cada pronunciamento, em cada desfavor que fazem à população, em cada mentira degradante que se alastra em grupos de WhatsApp, em cada ficção de nos tornarmos robôs com DNAs estranhos, catapultados dos alienígenas chineses, sim, parecem que eles nem são da Terra e imagem, vermelhos!
Se o Natal chegar e eu ainda estiver neste impasse, de me encontrar embatucado com tanta mediocridade, tanta falta de noção ética, moral e científica.
Se o Natal chegar assim, de mansinho, se avizinhando, quem sabe, eu esqueça por um dia, umas horas, que a ficção é o tempo decorrido antes do Natal e depois, e que agora é a realidade, que vai além das fronteiras do olhar midiático, das redes sociais, dos pronunciamentos falsos, dos desgovernos, das mentiras.
Então é Natal e as máscaras devem ser somente aquelas que servem para nos proteger e não as impostas pela sociedade nefasta dos interesses de poder.
Então que o Natal chegue, devagarinho, sussurrando e se avizinhando em nossos pensamentos e corações e que pelo menos, agora, nestes momentos, sejamos íntegros para aceitar a paz que ele nos traz.
Fonte da ilustração:https://pixabay.com/pt/photos/natal-bolas-de-natal-1867281/
sexta-feira, outubro 23, 2020
A bailarina
Rodopia, brinca, vive
Leve, suave, brisa que envolve
Fugaz, matizes diversos, entoa
Música que dança na pontas dos pés.
Vive, brinca, rodopia
Sonha com brilho, ribalta, luzes
Desperta olhares, gigante no foco
Diverte-se assim, brinca conosco.
Brinca, vive, rodopia
Descarta dor, metamorfoseia em sonho
Beleza, alma solta, brisa, frescor de sol.
Brinca, rodopia, vive
Disfarça a realidade, finge ser poeta, anjo, meretriz
A bailarina é atriz.
quarta-feira, outubro 07, 2020
Onde ficava a dor
Precisava sair e ver de perto aquelas crianças que sorriam, corriam por terrenos baldios, fingindo que eram campos de futebol e se perdiam alegres na experiência do sol. Então, me perguntei angustiado, onde ficava a dor? A dor dos que se consumiam em contas, em brigas rebuscadas, em tons alternativos de valentia e medo.
Onde ficava a morte rasteira que rondava os condomínios abarrotados de perfis estranhos e desconfiados. Por que não se sabia seus nomes? Por que as crianças brincavam felizes? A felicidade não tinha ambiente naquele meio.
Ela até vinha devagarinho, teimosa e se alojava naqueles olhos febris, nos corações vigorosos de quem corre e pula e brinca e se esfarela em sonho e esperança. Que queriam as crianças da favela? Por que se alienavam da fuligem dos fogos em fundos de quintais, de calçadas quebradas e veias dispersas de águas turvas e nojentas. Por que ultrapassavam a borra das valetas imundas, enlameadas de dejetos e o que mais entulhava as valas dos porcos?
Do que se alimentavam as crianças que sorriam felizes e rápidas, do pouco de luz que brilhava em suas testas reluzentes de suor? Por que se confundiam com os esgotos e os zumbis que cercavam as vielas sem arame? Por que não eram observadas? Faltava pouco para os holofotes brilharem em seus rostos, mais do que o sol, a risada fora de hora, o brilho da felicidade intrínseca.
Eles estavam chegando e mais cedo ou mais tarde acariciariam seus cabelos revoltos, sorririam com seus dentes de porcelana e os abraçariam, sentindo seus suores, ranhos e lágrimas. Ouviriam seus gritos, sem lamúria, sem dor, só sorrisos e esperanças. Depois se afastariam, como homens de preto para voltarem só daqui a quatro anos.
Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/photos/menina-menino-irmão-pobre-favelas-2754233/Billy Cedeno
domingo, outubro 04, 2020
Agitação impetuosa
A noite já acabrunhava os ossos mais frágeis pelo sereno que se intensificava. Doía uma certa melancolia, às vezes doce, às vezes ácida, deixando na boca uma secura que despertava a vontade intensa de qualquer líquido. Como se jorrasse do céu, por um minuto, um décimo de minuto, uma água nítida e brilhante, muito mais do que chuva, mas alguma coisa forte que significasse um banho profundo na alma e no corpo. Um banho que me transportasse a outro extremo da vida, talvez mais doce, mais límpido, mais puro, mais profundo.
Caminhei como pude, enquanto as luzes se apagavam e surgiam as dos velhos postes das ruas transversais. Na casa acachapada no chão, uma calçada alta, que realçava o que havia lá dentro mais do que as paredes esverdeadas da casa. Uma luz tão amarela quanto às dos postes, mas mais fraca e algumas sombras, como fantasmas que se deslocavam de um lado para o outro, acercando-se da janela, espiando pelas frestas, tentando ver um pouco do mar escuro que jazia bem longe, na esquina da rua Riachuelo.
Se eu pudesse voltar e rever as noites alegres da Riachuelo e olhar ao longe os navios que se aproximavam, na verdade, barcos de pesca abarrotados de peixes e esperanças. Homens que desciam no cais, esgueiravam-se pelas calçadas de pedra, sentavam-se nos ancoradouros, bebiam cachaça, enquanto descansavam extenuados em suas buscas infinitas. Mas nenhuma cachaça avançava em minha garganta, só o acalentado do sereno que molhava os cabelos e descia pelos olhos.
Meu coração ficava agitado, não era para menos, pois meu pé já apontava para a porta da casa esverdeada e nada, nada além do que eu imaginara, poderia atravessar aqueles umbrais. Talvez houvesse uma pequena janela que desse para o cais, quase uma escotilha em que se pudesse ver além da escuridão, talvez as luzes longínquas de São José do Norte. Talvez se pudesse apreciar o ar, a vida e a cantoria de algum bêbado que riscava esboços nos paralelepípedos. Talvez outros viessem e o seguissem e partilhassem daqueles traços sem qualquer estética, mas que os levassem a algum tipo de prazer, bem diferente da casa esverdeada, que agora, já nem verde era, apenas paredes escuras e esquecidas.
Quando me aproximei alguns metros, senti que minhas pernas paravam sem que eu fizesse qualquer gesto para impedir. Por um momento, pensei nos fantasmas, que há tanto percorriam aquelas bandas. Um soldado cuja arma ricocheteava a bala e furava o olho esquerdo, ensanguentado o rosto e a calçada. O sangue jorrando, as pessoas correndo, chapéus à cabeça, mulheres de maçãs avermelhadas e bocas sem cor, talvez pavor da morte ou do adeus. Adeuses são sempre trágicos. E trágicas eram as mortes inesperadas, os tiros desavisados, os gatilhos à espreita de um corpo jovem ou maduro, um corpo com vida. E era tão fácil e tão rápida a partida, sem adeus, sem compromissos com o passado ou o futuro, apenas a morte. A morte do sangue escorrido, da fome de pão e sexo, do desejo inabalável, do desafio da verdade contra a mentira ou vice-versa. Um Deus nos pague, um Pai Nosso, um pecado absolvido e a morte desenhada na calçada juntando gente, aglomerando curiosidade e medo.
Eram tempos de morte. Eram tempos em que a vida andava muito perto, também bem distante. As mulheres voltavam para os salões iluminados, a orquestra voltava a tocar, os risos, as bebidas, os jogos, os prazeres escancarados e ocultos, as verdades contidas, as palavras não ditas, os olhares falantes. Homens e mulheres se revezavam no receber e dar prazer e a noite bailava rápida entre as horas e os risos e os gozos. E tudo se misturava numa orgia da qual não se apontava os pares, homens que se desafiavam a ter os mesmos desejos e desfrutarem juntos de suas preferências sem que se ocupassem com os mistérios. Mulheres que se amavam e amavam homens e todos vibravam na mesma consonância, sem formar juízos, até que a razão os alertasse, mas aí o sol se impunha, no desenrolar do dia, a produzir o tecido da hipocrisia e esquecimento. Sexo e morte se locupletavam naqueles tempos e tudo parecia igual, quando a chuva passava e purificava as calçadas, limpando-as para a próxima noite.
Agora, estes fantasmas ainda perpetuam um certo destaque dos tempos antigos em sua tépida e execrável falência. As luzes parecem mais escuras e percebo na parede interna a imagem de um santo. Não tinha como não me surpreender que houvesse tal imagem na parede de cal branca. Talvez fosse a fotografia de alguma dona antiga da casa. Uma daquelas meretrizes qualificadas a servirem os mais altos escalões, a mostrar seus dotes e artifícios para sobreviver sob os brasões ou os coturnos. Ou de alguma cafetina famosa pela doçura com a qual manejava a arma do cinismo e da sedução, não para com os aficionados, mas na direção de suas protegidas. O mundo girava de algum modo, talvez com mais diferenças e certezas, menos dúvidas e mais mentiras. Entrar nesta casa, já não me provoca a sensação de qualquer prazer, mas uma simples obrigação. Sei que virá a mulher decadente, com um olhar submisso e malicioso a me conduzir a mesa com um abajur ou uma vela apagada, cuja iluminação real provém da lâmpada amarela presa na parede, ao alto, quase sobre a santa. É mesmo uma santa? Saberei quando chegar mais perto.
Tenho dezoito anos, haverá um tempo, eu sei, que não terei que provar nada. Que não precisarei ter a minha primeira relação com uma prostituta. Mas hoje, devo entrar na casa esverdeada, sentar naquela cadeira e esperar que me sirvam, primeiro de bebida, depois de conversa, de sedução, de sexo.
Olho em torno, alguns homens saem com seus chapéus nas mãos. Dirigem-se rápido em direção aos carros de aluguel. Talvez um que outro, venha no seu próprio veículo ou apenas espere o motorista. Estou aqui, olhando em torno, sentindo os eflúvios dos fantasmas. Talvez agora, nesta data de guerra, eles estejam mais atentos, pois seus antepassados tiveram o mesmo destino. O fascismo, o medo, a guerra. Os heróis estão longe. E lutam por uma guerra que não é nossa.
A dona da pocilga, onde preciso entrar, sorri com um convite. Subi a calçada e meu pé quase descalçou o sapato. Ajeitei o corpo da melhor maneira, me apresentei, como se estivesse à frente de um pelotão. Sentei numa das mesas, como pensava, uma ribalta iluminada pela luz amarela da parede. Talvez a santa estivesse bem acima de minha cabeça, mas não ousava olhar. Um garçom trouxe a bebida, uma cuba-libre, a primeira que me veio à cabeça. Enfim, tirei as mãos dos bolsos, para segurar o copo. Em seguida, uma mulher sentou à mesa. Percebi que me olhava fixamente e sorria, revelando um dente de ouro no lado esquerdo da boca. Perguntou se não a convidaria para o drink. Também indagou se eu não era soldado. Depois disse que eu cheirava a leite. A seguir, veio outro copo e lhe puseram ao lado do braço cheio de pulseiras. Meia-luz. Quase escuro, como no tango que tocava na vitrola. Lembrei de meu pai, que às vezes ouvia o rádio, encostado no velho sofá de seda, até dormir. A cerveja ao lado. Gostava de tangos, boleros, músicas românticas. Talvez por isso, insistisse que eu deveria vir àquele lugar, com tanta veemência. A mãe ouvia as novelas da tarde, enquanto esperava o horário da janta. A media luz. Nada fazia sentido. Era tudo tão morno, tão suave. Por que deveria ser assim?
A mulher levantou, segurando a minha mão, levando-me por um corredor escuro. Ruídos de pingos de água em algum chuveiro. Gemidos. Ouvi quase tangível a agitação impetuosa no porto. Tinha certeza que uma torrente d’água se antecipava. Deviam as ondas avançarem ao cais, talvez atravessassem a rua e chegassem naquela transversal. Talvez atingissem a calçada, invadissem as casas. Talvez tudo ficasse escuro e o mar nos afogasse a todos. Desassossego. Soltei a mão da mulher de dente de ouro e recuei pelo corredor, ante alguns olhares que reluziam nas luzes amarelas.
Fonte da ilustração:https://pixabay.com/pt/users/stocksnap-894430/
sábado, julho 11, 2020
O novo normal
Chegam as compras, tudo adquirido online. Põe a máscara, acerta nas orelhas,
um pouco caindo, não pode tocar na parte da frente. Abre a porta, olha para o
entregador, entre assustado e desconfiado. Ele usa máscara? Está usando
somente aqui, na minha frente, ou acabou de colocar no carro e andava aí pela
rua, descuidado? Como pensar em tudo isso e ainda pegar as compras e o pior,
pagar em dinheiro porque não recebe em cartão. Pegar o troco. Coitado, está
sofrendo com toda esta loucura tanto ou mais do que eu. Na verdade, mais,
muito mais, porque está se arriscando o tempo todo. Pego o troco, me atrapalho
com as sacolas de plástico que deveriam ser abolidas. Mas aqui estão elas. Me
despeço do entregador, que se afasta rápido na moto. Sento num banco baixinho,
esparjo álcool principalmente no local em que ele segura a sacola, mas só por
enquanto, porque logo, que tirar os mantimentos, terei que passar o álcool em
todos os pacotes, e separar os sacos plásticos num balde com alvejante. Ah,
não esquecer de passar o álcool com o pano para limpar bem os cantinhos dos
pacotes de plástico, papelão plastificado ou metal.
O mundo lá fora buzina rápido, alguém passa na calçada, sem máscara, com um
andador antes que eu feche a porta. Olho para os lados, cumprimento atrás das
grades, a pessoa. Inverto os movimentos e volto rápido para a sala. Ainda vejo
os resquícios do fim do dia, um dia que passei sem ver o sol praticamente,
pelo menos, não o senti nas costas. Imagino-o aquecendo as campinas, a lagoa,
as calçadas, as árvores. Mas ele já se vai, como eu, terminar as tarefas que
comecei.
Tudo na cozinha, as verduras, legumes e frutas dentro da pia, cheias de cloro
e água corrente. O tempo passa, o cheiro do café avisa um novo sabor. Quem
sabe, um novo normal, também aqui? Na noite, talvez, a rotina das séries, das
redes sociais, do livro que preciso ler, preciso? Não sei. Quero.
Tudo tem mais tempo, tempo demais para decidir. Tempo demais para escrever.
Tempo demais para ouvir. Tempo demais para rezar. Tempo demais para refletir.
Tempo demais para falar. Tempo demais para dormir. Será o novo normal? Ter
tempo demais? Por que não faço tudo que queria e não podia, quando tinha menos
tempo, para decidir, para falar, para refletir, para ouvir, para argumentar,
para responder, para escrever, para sorrir? Ah, quero sorrir então. Nem que
seja de um filme classe b com muito humor clichê. Quero amar, sonhar, viver.
Por que a morte insiste em rondar meus pensamentos? Uma morte que se acumula,
que se expõe assim, de frente, sem insinuações ou falsos cenários, que se
mostra cruel e obscena, como se o mundo bailasse de modo sinistro na sua
experiência. A morte, a dor dos que ficam, o velório oculto, a dor que
dilacera e abrasa como se o homem perdesse o direito a vivenciar a própria
humanidade. E assistimos com olhos estarrecidos e às vezes, nos acostumamos,
como se o outro jamais possa ser alguém próximo, tão próximo que a dor latente
vai nos agredir e aprofundar os sentimentos. Por isso o vazio e o vazio será o
novo normal? Não sabemos até quando. Mas esperamos que ele venha de outra
forma, que a humanidade seja recompensada pela empatia do outro e não
dilacerada em sua dor iminente.
sábado, maio 23, 2020
Tempos e momentos
Houve momentos em que não teve lua, ou seja, ela surgiu tímida entre algumas nuvens e desapareceu. Mas nós sabemos, que ela estava lá, escondida entre as nuvens e realizando os mesmos movimentos, claro que na sua velocidade, tão diferente da nossa percepção.
Houve momentos em que a noite escura parecia se propagar e permanecer para sempre, que as estrelas houvessem sumido ou terminado o seu tempo e embora outras nascessem, não as víamos e o universo parecia mais escuro e solitário. Tínhamos impressão de uma noite eterna e que nunca mais veríamos a luz do sol. Mas, eis que o sol nasceu e aos poucos a luz no horizonte começou a surgir e iluminar os campos, as casas, as ruas, os dias.
Houve tempo de muita seca, estiagem nociva para ao solo cada vez mais árido, cujos grãos morriam e os sobreviventes produziam frutos frágeis, esturricados pelo sol, danificados pela fragilidade de sua constituição.
Houve tempo de chuvas, de alagamentos, da terra encharcada e vimos muitas vezes, apesar de tudo, a seiva brotar, o grão crescer e a terra se ajustar aos poucos ao clima adverso. Já houve tempo de pesca. Já houve tempo de idas e vindas, de partidas e chegadas, de corridas, de passeios, de observância da natureza, de olhar focado em minúcias, detalhes antes não percebidos.
Houve tempos de outonos contagiantes, de sol dourado sobre os campos, de clima ameno e atmosfera saudável.
Houve tempo de criações, de criatividade, de sensibilidade, como houve tempos de falsos elogios, de fraca visibilidade do belo, de fraqueza de valores sustentados em famílias de marketing, de elogios a falsos heróis, desqualificados e mentirosos, de corrida pela vida, pelo sangue derramado, espargido nas esquinas, nas dobradas, nas favelas, nos condomínios de luxo, nos parques, nas sombras.
E há tempos de espera. Tempos de parada. Tempos de isolamento. Tempos de comunicação virtual. Tempos de ajuste de horários internos, de limpeza nas mentes tóxicas, dos desejos tresloucados, das vontades exacerbadas, do clientelismo da mídia, das redes sociais, do mau uso da tecnologia. E tempo de bonança, de entendimento, de esperança. Que estes tempos nos ensinem a importância de sermos os que somos, falhos, insatisfeitos, medrosos, conscientes, criativos ou não, metódicos ou não, organizados ou não, mas acima de tudo, produtivos.
Que o mundo ande para frente e não retome a marcha ré jamais. Que não incorra no erro do julgamento. Mas prossiga na luta pelo entendimento, pela aceitação das diferenças, pelo convívio com o outro, pela empatia e alteridade. Que o homem se veja a si mesmo como um ser coletivo e não uma autoridade acima de qualquer lei.
Que haja tempos pós-pandemia, que vençamos os medos, mas não os escondamos, ao contrário, que os enfrentemos e vivamos em conluio com a natureza. Apenas.
terça-feira, abril 21, 2020
domingo, abril 12, 2020
Pandemia
Espio o mar e sinto a espuma das ondas orbitarem por meu cérebro, minha mente, meu espírito.
Outras vezes, passeio por terras distantes, sentindo nos pés e na moleira o calor do sol, o fustigar do vento, o estalar do salto nas calçadas de pedra. Por momentos, o calor abrasador, quase chama, quase incêndio, nas areias escaldantes do deserto, o vento assobiando nos ouvidos, borbulhando no coração e mentes, o reluzir do brilho nos óculos escuros, a dor na fronte, a sobrancelha levantada, a falta de ar.
Por momentos, estou no ar noir da Londres molhada, as correrias às avessas à procura de criminosos, o rio lamacento da noite sem lua, um corpo estirado, boca escancarada, medo na lanterna do celular.
Às vezes, viajo tranquilo nos trens que seguem percursos longos, entre países, embora perceba entre seus passageiros uma certa de desconfiança de que alguma coisa está prestes a acontecer.
Por vezes, ouço uma música no Spotify e meu coração se ilumina e minha mente, meu espírito se rendem à melodia e aos arpejos e meus olhos se esquecem do que vejo.
Depois de tudo, paro e penso. Mas pensar não conforta, nem resolve. Então volto à santa loucura dos livros, das séries, dos filmes, das músicas e tentar viver, pelo menos um pouco, esta realidade, enquanto a pandemia nos enche de notícias, indignação, medo e às vezes, esperança.
Fonte da ilustração:autor John Hain in: www.pixbay.com.
quinta-feira, abril 02, 2020
O cheiro doce da maresia
Fonte da ilustração: Bernhard_Staerck in: www.pixbay.com
Quisera falar coisas agradáveis. Talvez anunciar que ando lendo livros, ouvindo músicas , que arrumo minhas estantes e desorganizo meus pensamentos. Talvez a única opção correta é o caos de pensamentos.
Quisera sorrir com as piadas, com os memes da pandemia, com os artifícios de comunicação em mídias menos afeitas ao jornalismo.
Quisera sorrir e ver beleza em imagens da natureza, nos programas de viagens, nos realities falsos de construções e vendas de casas ou de restauração de carros. Quisera me divertir com programas de humor, de me emocionar com dramaturgia, de acalentar a alma com a melodia. Mas não consigo. Meu coração está apertado e meu peito não se expande para dar vazão a sopros de esperança.
Fico emocionado sim com o pessoal que trabalha na frente de batalha, como soldados fiéis e fortes, em nossa defesa. Parece que a humanidade está tão frágil e as questões de classes, etnias ou orientações sexuais parecem ter apenas um viés democrático, o de estarem todos no mesmo barco.
E parece que a tempestade é poderosa, cujos ventos e ondas estão a ponto de desestabilizar o barco no qual cabe cada vez menos pessoas. Como se fôssemos ficando sem espaço, pois os que decidiram avançar as ondas, já não podem voltar para o barco e se voltarem farão com que os que já estavam acomodados e isolados, afundem juntos. Quisera que a tempestade passasse rápida e que pudesse novamente olhar de frente o horizonte e observar uma paz indefinida, com a certeza de que não estou sozinho nem isolado e que outros já podem respirar ao meu lado. Antever ao longe, o oscilar das névoas entre o sol e a brisa, permeando meu olhar solidário. Para isso, basta que não enfrentem a ciência e fiquem no barco, não sigam as atitudes bisonhas de um líder que não lidera, que apenas aguardem que a maré abaixe, que as ondas diminuam, que o mar se acalme, que sintam o cheiro doce da maresia e a vida recomece. Nunca mais como antes, mas talvez mais rica e densa de valores.
quarta-feira, março 25, 2020
Indignação
Há um tempo atrás, eu comentava muito sobre política nas redes sociais, mas com o passar do tempo, percebi que falava apenas para uma bolha, que acreditava nos mesmos ideais e valores políticos com os quais eu me orientava. O outro lado, a outra bolha, não dava a mínima importância. Eu jamais mudaria o pensamento ideológico de alguém, com os meus argumentos.
Nem se podia conversar com franqueza nessa dicotomia que passou a vigorar no Brasil, embora sempre houvesse de forma disfarçada. No máximo, o que passei a fazer, foi alguns comentários em publicações de amigos ou curtidas ou mesmo alguns compartilhamentos. E se publicava alguma coisa, o fazia de modo subjetivo, no qual, quem o lesse, perceberia nas entrelinhas o pensamento crítico ali embutido, pelo menos, é o que eu pretendia.
Mas hoje, porém, com o funesto e histórico discurso do Presidente da República, que repudia tudo o que está sendo elaborado e executado pela sociedade civil, através das recomendações da OMS e do próprio Ministro da Saúde, neste caso da pandemia, não há como ficar calado.
Não vou falar o que o cientistas da área médica exaustivamente já comentaram e teceram longos argumentos, apenas demonstrar a minha indignação com essa pessoa que deveria liderar a nação e ao contrário, desmoraliza e descontrói a luta contra o avanço do dramático vírus que avança em nossa população, contra o qual, os profissionais da saúde em suas várias especialidades e categorias desempenham com afinco no cuidado e no alerta à população para que faça o isolamento social, trabalhando de modo diuturno e arriscando as suas próprias vida.
Causa indignação e repulsa que essa pessoa faça um discurso na contramão de tudo que é cientifico e provado pelas autoridades médicas em todo o mundo e faça uma comparação esdrúxula com a Itália, salientando que aquele país é um país de idosos, como se somente estes possam adquirir o vírus, de modo que se conclui que esta parte da população brasileira de idosos não possui nenhuma relevância enquanto cidadãos, pois podem morrer à vontade, a partir do fim de confinamento da população ativa.
Nem me pergunto mais como grande parte dos eleitores (apesar dos fake nesws) foi capaz de votar neste homem, mas atualmente me questiono com tristeza e estupefação, como alguns ainda o defendem e repassam mensagens de whatsapps tentando enaltecer e ratificar atitudes que segundo eles, são adequadas, além de criticar outros países como a China e até, imaginar que esta nação é a grande culpada pela disseminação da epidemia.
Estes, na verdade, merecem o Presidente que tem. Nós, não. O povo brasileiro merece coisa melhor.
terça-feira, março 17, 2020
Que o vírus imploda
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