“As cores de abril, os ares de anil, o mundo se abriu em flor. E pássaros mil, nas flores de abril, voando e fazendo amor.”
O poeta Vinícius de Moraes identifica nestes versos, o início do outono, numa perspectiva de beleza e paixão, na qual a natureza tinge suas cores, dando voz à poesia.
É abril que começa. É o outono que chega, a estação, a meu ver, mais suave e plena de matizes, cantos e poesia. Plenitude.
Como se a paz reinasse por um período até chegar o inverno.
O inverno, que para nós, gaúchos, em regra é rigoroso, em meio a ventanias e frio intenso.
Entretanto, no inverno, resiste com grandeza a flor símbolo de nosso Estado, o brinco-de-princesa.
Uma flor que vence as intempéries e justifica a sua resistência pela beleza que acolhe nossos jardins e praças.
Uma flor que viceja durante todo o ano e tem a forma de um brinco, como os usados pela mulher gaúcha.
Suas cores vão do azul, violeta, ao vermelho, branco e rosa, cujas nuances se mesclam aos coloridos beija-flores.
É tudo graça e alegria.
Por isso, me veio à mente, a canção do Vinícius, em cujos versos não admite que o bem-te-vi (a dor do poeta) chore, porque tudo é tão belo que não permite a dor.
Assim são os brincos-de-princesa. As flores de abril, de maio, de junho, do ano todo.
As flores que vicejam em nosso Estado e que se adaptam aos ambientes, suportando o frio e a geada, tal como nosso povo que enfrenta o rigor das estações.
Tudo é passível de dor, de mágoa, de melancolia, menos o confronto com o meio bravio.
Assim como o brinco-de-princesa, que floresce na primavera, a alma do gaúcho renasce para a jornada que continua.
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