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O destino do homem?

Na fábula, o sapo foi terrivelmente traído pelo nefasto escorpião, ao ser transportado pelo rio. Ao ser ferroado, o sapo pergunta, na agonia da morte, por que o escorpião fez aquilo, se assim os dois morreriam afogados, visto que somente ele sabia nadar. O escorpião, então responde que é esta é sua natureza. Observando as pessoas e fatos, fico me perguntando, o que leva certas pessoas a trair, a enganar, mesmo quando são acarinhadas em suas relações. E logo, me vem a resposta do escorpião da fábula: é de sua natureza. Seria este o destino do homem, seria esta a sua natureza, a de trair, de mentir, de enganar despudoradamente, mesmo que não haja qualquer ganho?

O elo do encontro

Tento prestar atenção em cores, janelas, platibandas, casas antigas restauradas ou em ruínas. Memórias que ficam ou apenas o passado depojado de sua história. Na história que produzimos, talvez as memórias não resistam ao próximo bafejo da moda. Ando pelas ruas e observo as casas e pessoas na sala de jantar ocupadas em nascer e morrer, como no Panis Et Circenses dos Mutantes. Na verdade, agora ocupadas em revelar no intervalo, a vida que vaza rápido pelas entranhas das vidraças. Vidraças das redes sociais, das fotos instantâneas, dos vídeos do celular, dos olhares importunos. Um selfie a qualquer custo, na vida ou na morte. Importa é revelar. Ando pelas ruas e vejo as crianças metidas em carros blindados, perdidas nos tablets, em joguinhos não tão inocentes. Ando pelas ruas e observo os meninos já não tão meninos, fazendo o próprio jogo de polícia e bandido, armando-se na aprendizagem cotidiana de seus pares não tão parceiros assim. Ando pelas ruas e vejo o mar se abrindo n...

PRESSÁGIO

Colocou o notebook no colo e abriu, afoito, os e-mails, imaginando que pelo menos, naquela situação,  haveria alguma resposta. Era tardia, sabia, mas tinha de haver, tinha que acreditar, um último fio de esperança. Abriu e o que viu era a rotina de spans de sempre, cadastros mal elaborados, informações do trabalho. E nada dela. Nada de sua conduta marcada pelos tons nevrálgicos das discussões inacabadas. Nada que valesse à pena esperar. Abriu uma página, duas, assustou-se com o imenso número de pessoas participando de chats àquela hora da tarde. Espiou um, bisbilhotou nas mensagens e arrepiou-se com o que viu. Sentia-se perdido no mundo de ilusões que criara desde a infância. O barulho ensurdecedor do metrô abafou seus pensamentos. Milhares de pessoas corriam para a plataforma, filas se formavam e ele oculto dentro de si mesmo, olhando para o nada, esperando quem sabe, ser assaltado naquele terminal repleto de mal intencionados. Um homem o olhava de soslaio, desconfiado, examin...

A primavera e a Academia Rio-grandina de Letras

Antes de iniciar a primavera, apavorado com o inverno, ousei fazer alguns versos o que chamei de poesia. Utilizando a mulher como a metáfora de primavera, eu a suplicava junto a mim, ouriçando-me os cabelos, guerreira e forte e superando o inverno que não acabava. Hoje, porém, tive a primavera bem próxima. E não foram os ventos que a trouxeram, talvez a temperatura suave acalentada pelo sol esparso sobre as árvores. Pois revelou-se com o encontro. Um encontro inédito e espontâneo, que se deu, a partir da sessão da Academia que se desenvolveu sob as árvores da praça Xavier, na falta da chave da biblioteca. Ali, nos expomos em nossas atitudes mais despojadas, sem didatismos ou preocupações formais. A ordem foi invertida, a lírica, a literatura e a harmonia dos textos chegou antes das atividades administrativas. Até mesmo o tradicional chá com salgadinhos e doces, alternou-se com a poesia. Senti o bafejo da primavera, bem perto, junto com meus colegas, perfazendo um círculo em que...

A CALÇA COMPRIDA

Lembro-me dele. Chamava-se Camilo, um nome que eu achava estranho. Mas nossa amizade era segura, firme, quase madura. Confidenciávamos sobre tudo o que nos acontecia, falávamos da família, das ideias políticas de nossos pais, das agruras de minha avó, que se limitava a sentir aquela falta de ar absurda, o sorriso complacente e tranquilo de meu avô, o seu olhar sereno e belo. Parecíamos adultos, mas éramos crianças e não passávamos da 5ª. Série. Ele parecia mais velho, era mais forte, mais ágil. Eu franzino, pernas finas, calças curtas, meias até o joelho. Estávamos felizes. Aproximava-se o dia da procissão de Corpus Christi que eu ansiosamente aguardava, não exatamente a procissão, mas a oportunidade que se antecipava de eu usar calças compridas. Minha mãe prometera que usaria neste dia. Naquela época, usar calças compridas significava quase a passagem para a vida adulta, um símbolo de masculidade. Estávamos ficando homens de fato, portando-nos como tal. Minha mãe passou dias...

Meu avô : existir é compartilhar

Alimentava-se de nossas pequenas arruaças, brincadeiras inusitadas para quem passara a infância na labuta. Tinha no olhar uma pureza quase infantil, mas cheio de perspicácia, sagacidade e curiosidade por nossas vidas. Corríamos pelas vielas empoeiradas, empurrando aros de bicicleta, equilibrando-os com uma pequena haste de ferro ou arame dobrado, fazendo voltas, escolhendo caminhos próximos aos seus pés, desviando, riscando o solo arenoso. Ou jogávamos bolinhas de gude, desenhando arcos no chão, ou cavando o imba. Noutras vezes, corríamos organizando gangues, constituindo quadros de polícia e ladrão, onde o ladrão, na maioria das vezes era pego e massacrado com centenas de sopapos na cabeça, quase uma instituição, um dogma. Quando havia meninas, uma ou duas, seguíamos o recatado amarelinha, que chamávamos de pula-boneco, sempre vigiado pelo olhar complacente e generoso de sua presença. Em outros momentos, não perdíamos as chance de imitar os reis do ringue, artistas de luta-l...

Caminhos traçados

"O homem que deve morrer" era uma novela dos anos setenta. Na abertura, não lembro bem se era dentro do tema musical ou em off, na voz de um locutor, ouvia-se a frase “ando por caminhos que nunca foram abertos”. Tudo induzia ao clima de suspense da história. Aproveito este preâmbulo para deixar-me conduzir pelas memórias infantis que volta e meia surgem e via de regra, produzem uma sensação de boa melancolia. Nesta época, um amigo da escola e eu, tínhamos entre onze ou doze anos e costumávamos pegar um ônibus na volta da escola. Só que eram linhas opostas, enquanto o meu coletivo ia na direção do bairro Cidade Nova, o do meu amigo era no rumo do Santa Teresa. Ao sair do colégio, dirigíamos pela rua 24 de maio até a praça Tamandaré. Atravessávamos as pequenas vielas entre os canteiros, repletos de uma espécie de lírios lilases. Eram flores com muitas folhas verdes e longas, perfazendo o contorno dos canteiros. Enquanto ele se afastava em direção à rua Silva Paes, atrave...

Comentários emocionantes sobre a crônica "Refugiados em seus sonhos" publicada em 04/10/15

Fiz questão de transcrever estes comentários sobre a crônica "Refugiados em seus sonhos" publicada em 04/10/15 por representar uma forma de pensamento lúcida e coerente com a triste realidade que o mundo está vivendo. Sei que seus autores se identificaram com o que escrevi e, inclusive, sem falsa modéstia despertei o sentimento de indignidade que aflorou com a reflexão. Não há dúvidas que este sentimento estava latente ou muito bem desperto em suas experiências. Portanto, pensamos de maneira semelhante, pois sabemos o quanto são discriminadas as crianças não somente os refugiados, mas os refugiados de sua pátria, sua família, seu grupo, como tão bem se expressaram. 1. A seguir os comentários que tanto colaboraram com enriquecimento da discussão tão atual e que se desenrola com difícil abrandamento, segundo os informes diários dos refugiados no mundo. "O comentário a seguir é de Fernando A. Freire. É escritor e mora em João Pessoa, na Paraíba: Não estamos dist...

A velhinha do riacho

Era assim, baixa, cabelo espichado num coque sugado no topo da cabeça. Tinha aquele jeito amável de ser, mas se a examinássemos com cuidado, veríamos uma sagacidade no olhar, um meio sorriso nos lábios e uma artimanha escondida nas mãos que jamais imaginaríamos. Mas ela era assim, tranquila, doce, solícita e focada nos seus objetivos. Nada a despertava de seus cuidados constantes com o croché, com a linha desobediente arriscando-se entre seus dedos a se tornar mais uma fiel: corregionária da fé. Por certo obedeceria seus gestos ágeis, embora, inseguros e faria os contornos necessários para o desenho. Ela tinha seus caprichos. Tinha consigo que deveria fazer as coisas da melhor maneira possível e se asssim aprendera de geração em geração, era seu dever fazê-lo. Era conservadora nos seus segredos e via de regra, mantinha a tradição. Outra coisa que gostava, era de prosear. E até fumava, meio às escondidas, um cigarro de palha. Tinha uma tosse danada, daquelas que nem alecrim cheir...

Países que mais acessaram o meu blog no mês de outubro/2015

Lista por número de acessos Estados Unidos Brasil Rússia Portugal Alemanha França Geórgia Irlanda Espanha Reino Unido Fonte da foto: autor Wilson Fonseca

PÓS-ESCRITO SOBRE O CONTO “O DILEMA DA PRIMEIRA-MINISTRA"

1. O desafio No conto “O dilema da primeira ministra”, participei do desafio de uma oficina literária online, cuja provocação era evitar o assassinato de Indira Gandhi, de modo inusitado, através de personagens cujas existências não fossem do mesmo período de tempo. Indira Gandhi foi assassinada a tiros, em Nova Déli, diante da residência governamental, por dois agentes de sua própria guarda de segurança, no ano de 1984. Neste ambiente político que cercava a primeira ministra, deveriam se reunir o Papa João Paulo I e um emissário da Mossad, chamado Hersch. Foi um trabalho complicado, principalmente para dar verossimilhança ao discurso dos envolvidos no conflito. Para tanto, pesquisei sobre a história da Índia, principalmente sobre a Primeira Ministra Indihra Ghandi, o partido comandado pela doutrina religiosa Sikh, sobre a morte do Papa João Paulo I e o movimento de espionagem chamado Mossad. 2. Algumas pesquisas Desse modo, reuni no mesmo cenário, o Papa João Paul...

A casa caiada de branco

Observava minha mãe andando de um lado para o outro. Parecia ansiosa. Punha umas roupas sobre a cama, examinava-as com cuidado, afastava-se do quarto, espiava pela janela. Chamava-me a atenção. Exigia que me arrumasse também. A vizinha aparecia, brejeira e eufórica. Cabelos muito loiros, tingidos. Voz fina, esganiçada. Olheiras pesadas sob os olhos. Saíram as duas, eu seguindo-as, chutando pedra, caminhando por entre os trilhos do bonde, minha mãe pedindo que saísse, era perigoso. Esquecia rápido as recomendações. Meu olhar, em seguida se detinha na velha casa caiada de branco, postigos verdes, de janelas sempre cerradas, aspecto meio sombrio. Minha mãe suspirava curto. Eu longo, na expectativa do desconhecido, no sorriso infantil da descoberta. A vizinha requebrava com a bolsa branca pendurada no braço. Minha mãe esfregava as mãos, suadas. Entramos, a porta quase não se abriu. Tudo em penumbra, pessoas que se mexiam pelos cantos, a sala completamente ocupada. Começaram os cân...

A PALESTRA

Entrei inopinadamente na sala, pernas bambas, suor na testa, nas mãos, lábios trêmulos, vexado. Elaborei desculpas. Desviei das centenas de olhares que investigavam curiosos. Fazia calor e eu vestido da cabeça aos pés com agasalhos pesados, maleta na mão, celular no bolso, relógio descolando da pulseira. Investi até uma cadeira, abri a pasta, espalhei papéis, fiz barulhos estrondosos no silêncio absoluto. O palestrante pigarreou, deu alguns passos, me olhou de soslaio, retomou o tema, irritado. Juntei o que pude, caído ao chão, esparsos documentos, entre fotografias, pregos, alfinetes, alicate de unhas, chaveiros. A cadeira rangeu, eu me abaixei devagarinho, mas empurrei os pés de metal, riscando o piso. Foi o suficiente para cessar a palestra. Ele me olhou novamente, e quase em súplica, exigiu silêncio, apenas com os olhos. Todos os demais viraram os pescoços, narizes, ventas e resmungos em minha direção. Retorci-me levantando a pilha de objetos do chão, fazendo movimentos de mal...

MINHA APREENSÃO DA VIDA E A DOS OUTROS

Custou-me entender como se processam os pocionamentos e suas repercussões na mente das pessoas. Como enfim, acontece ou não o entendimento das discussões que colocamos em pauta, seja nas redes sociais, no grupos em que interagimos, nos encontros com amigos, etc. Custou-me perceber que as coisas não fluem com a delicadeza das flores da primavera, pelo menos, aquela de nossos sonhos. As coisas seguem o seu caminho muitas vezes tortuoso e árduo, de acordo com a experiência, conhecimento, tradição, cultura e apreensão da realidade de cada um. Então, entendi que cada pessoa reage de acordo com a sua realidade interior, apreendida, assimilada e traduzida segundo os seus princípios e maneiras de pensar. Há muitas formas de expressar o que sentimos ou pensamos, mas para que haja a comunicação na íntegra, é preciso que os canais não sejam obstruídos por quaisquer ruídos. É preciso que o que pensamos ou sentimos não se manifeste apenas como um simples palpite ou uma opinião sem fundamento hi...

A MENSAGEM

Camilo tinha esta desagradável mania de não gostar do que tinha ou do que havia para fazer. Se levava merenda de casa, para a escola, preferia a comprada, de preferência a dos amigos. Se havia futebol, preferia jogar dama, num canto do pátio e para isso, incitava um de nós a ficar com ele, possessivo que era, fingindo sempre precisar de um amigo. Caso tivéssemos educação física, a malfadada ginástica, dava um jeito de investirmos num futebol de salão, convencendo o professor, seja em que pé estivessem os seus humores. Mas ele era assim, alegre, persuasivo, companheiro. Gostávamos de andar juntos, dar boas risadas de tudo e de todos, imaginar a professora assustada, puxando a saia godê, ao passar na esquina, fugindo do vento insolente que insistia em desafiar a sua paciência. E agradar nossa fantasia. Tínhamos prazer em assistir o filme que a escola proporcionava nos finais de semana, especialmente, nos domingos, como continuidade da educação religiosa, obrigando-nos desta forma a ...

REFUGIADOS EM SEUS SONHOS

Nem que se diga, que lhes faltou o peito, nem que a fome durou; nem que se saiba que a vida é árdua e a escola seja talvez o único acesso à dignidade. Nem que os pais não lhes provejam o amor ou que o abandono se torne perene. As crianças deveriam sempre vencer as dificuldades, sobreviver e se tornarem homens e mulheres mais fortes e guerreiros. No entanto, às vezes, o homem no seu poder canhestro e torpe, investe na vida dos povos, interferindo em sua trajetória. E o poder se revela na intolerância religiosa, na ganância dos modelos econômicos, no imperialismo dos governos. Gostaria de falar de nossas crianças em seu dia, de seus sorrisos, suas procuras pelo abraço e carinho, seus encontros e descobertas. Mas como esquecer as que aparecem em nossos monitores diariamente, pedindo socorro ou registrando a sua falência. Como esquecer entre tantas, a menina praticante de Candomblé que foi agredida na escola, vítima de preconceito religioso, por outras de sua idade, que ...

Que venhas logo

"Elaborei este poema antes que ela viesse. Agora já está por aí, meio parecendo outra." Quero esta mulher perto de mim, ouriçando meus cabelos Sentindo seu bafejo próximo, tão próximo que o aroma arrepia-me os pelos Quero-a mais próxima, levando tudo por diante Não a quero calma, pacata, silenciosa Quero-a guerreira, firme e enérgica Quero que espalhe a luz, que empurre as folhas, que vergue os troncos Quero-a resistente, alvissareira e alegre. Quero-a, sobretudo num clima ameno, que antecipe o verão. Quero que passe o inverno e que chegues rápido, primavera!

OS DEZ TEXTOS MAIS LIDOS NO MÊS DE SETEMBRO DE 2015

Agradeço aos amigos do blog pelo sucesso dos textos. Muito obrigado. 1º lugar : Vida de gado 2º lugar: As rádios locais e as tvs regionais : os sonhos e as mudanças culturais 3º lugar : A lua, a Apollo 11 e minha avó 4º lugar: Para quem "a paz de Cristo”, não passa de um cumprimento social 5º lugar: Como se desenvolve a criação 6º lugar: Desenhos, história e castigo 7º lugar : Um natal distante 8º lugar: Metáforas cruéis : desqualificação das mulheres e negros 9º lugar: A fuga de meu cão 10º lugar: Noite eterna

PARA QUEM "A PAZ DE CRISTO", NÃO PASSA DE UM CUMPRIMENTO SOCIAL

A paz de Cristo é um cumprimento que ocorre na missa, no momento em que se transmite ao outro, ao fiel que está ao nosso lado, este sentimento de plenitude e paz que Nosso Senhor nos outorgou e que hoje repetimos nos rituais litúrgicos. É um momento lindo, de pureza e afeto, que nos une um pouquinho ao divino e nos deixa mais humanos, mais próximos do outro, mais ligados à fé. Entretanto, às vezes, nem sempre este ato beneplácito é usado de forma natural. Muitas vezes, o cumprimento não passa de uma atitude estereotipada, usada apenas no aspecto social, quase uma obrigação. Nestes momentos, penso que estas pessoas deviam passar longe da igreja, ou caso participem de alguma atividade religiosa, que o façam com dignidade. Se não gostam da pessoa, que permaneçam com seus rancores ocultos, que se afastem e se juntem aos seus pares, mas não utilizem as palavras de Cristo como um modelo artificial, apenas para demonstrar em público, uma educação (que em regra) não possuem. Acho que Cristo ...

Noite eterna

Com tantas palavras inúteis, tantas acusações e tiros pra todos os lados, fiz este poema. Espero que a lei maior, a nossa Constituição legitime o povo grávido de verdade. Se a noite gira ad eternum e os homens brilham ao luar por que se encantar com as luzes se nada podem provar? mentiras que saem dos termos dos que proclamam a luz só trazem contornos enfermos do apelo que a ti seduz nao temer as verdades obtusas nem ferver as entranhas nas febres por certo é viver às escusas da lei maior que entoa do povo que vive prenhe de um mundo que clama à toa