
Fiz questão de transcrever estes comentários sobre a crônica "Refugiados em seus sonhos" publicada em 04/10/15
por representar uma forma de pensamento lúcida e coerente com a triste realidade que o mundo está vivendo. Sei que seus autores se identificaram com o que escrevi e, inclusive, sem falsa modéstia despertei o sentimento de indignidade que aflorou com a reflexão. Não há dúvidas que este sentimento estava latente ou muito bem desperto em suas experiências. Portanto, pensamos de maneira semelhante, pois sabemos o quanto são discriminadas as crianças não somente os refugiados, mas os refugiados de sua pátria, sua família, seu grupo, como tão bem se expressaram.
1. A seguir os comentários que tanto colaboraram com enriquecimento da discussão tão atual e que se desenrola com difícil abrandamento, segundo os informes diários dos refugiados no mundo.
"O comentário a seguir é de Fernando A. Freire. É escritor e mora em João Pessoa, na Paraíba:
Não estamos distantes da Turquia, nem da Síria. Nossos Ailan Kurdi, aqui no Brasil, dormem nas calçadas e não têm onde se refugiar, porque ali nasceram, ali aprenderam a andar, falar e mendigar. Muitos deles perdidos dos pais ou dos irmãos, noutros "mares". Vítimas do nosso preconceito torpe, suas praias são os semáforos nos cruzamentos das ruas, onde aprendem, uns com os outros, entre outras, habilidades de equilibristas, ou de engolidores de fogo, para sobreviver. Aí, nos cobram algum centavo pela exibição. Não é raro, nada lhes pagarmos, até mesmo por medo de baixar o vidro da porta do carro. Incomoda-nos essa sub-raça que vai crescer sob nossos olhares hipócritas. Quantos de nós desejaríamos que uma extensa cerca de arame nos separasse deles?!... Quantos de nós apelaríamos para que os governos nos protegessem, com suas balas de borracha, gás lacrimogênio, jatos d´água e cassetetes?!... Quantos de nós repudiaríamos a quem carregasse um deles nos braços, tentando incluí-lo no nosso meio social, na nossa escola, no nosso ambiente, tal como faríamos (talvez só por exibição)com qualquer refugiado branco estrangeiro?!... Ah, assim não dá!... Façanha dessa tamanha só dará IBOPE quando todos os nossos Ailan Kurdi estiverem mortos."
2. O comentário a seguir é de Bebel Lima, é escritora e mora em Athenas, na Grécia:
"Realmente muito triste todos esses infortunios pelos quais passam as criancas em todo o mundo . Voce se refere aos fatos que ve na TV , imagine eu que vivo na Grecia e vejo ao vivo todas essas imagens . Moro ao lado de Pireus , porto onde chegam os navios trazendo os refugidos que sao resgatados diariamente na costa ou nas aguas entre Turquia e Grecia e e' uma imagem diaria ve-los sendo conduzidos como animais para "alojamentos" . Prefiro nao entrar em detalhes quanto ao que vemos e que a imprensa nao mostra . Apesar da solidariedade do povo grego , o pai's tambe'm esta' em estado deplora'vel e nao pode fazer muito . Te aplaudo por levantar esse tema e me desculpe pelos erros gra'ficos , pois estou usando o PC e o teclado e' em grego . Bjss."
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