Este blog pretende expressar a literatura em suas distintas modalidades, de modo a representar a liberdade na arte de criar, aliada à criatividade muitas vezes absurda da sociedade em que vivemos. Por outro lado, pretende mostrar o cotidiano, a política, a discussão sobre cinema e filmes favoritos, bem como qualquer assunto referente à cultura.
domingo, outubro 03, 2010
FEIRA DO LIVRO EM SÃO BORJA E PALESTRA AOS AGENTES DE BIBLIOTECA
Vou transcrever o texto postado no blog: http//felivroinforma.blogpot.com. O texto é de
Ludmila Constant e Nathalya de Oliveira e a foto de Nathalya de Oliveira. Aproveito para agradecer o apoio que o blog deu à minha participação na oficina com a palestra e na feira do livro de São Borja, muma cidade cativante, na qual falarei em um próximo post.
Gilson Correa foi premiado em primeiro lugar com duas cronicas que fizeram parte do livro "Outras Águas".
O autor relata que "Escrever mim é como respirar", sua visão sob a biblioteconomia está avançando com os adventos da internet, disseminando a informação, segundo o autor a biblioteca é mais que um depósito de livros, é onde pode ser encontrado todo e qualquer tipo de informação.
"Estar em São Borja e ter trocado informações com bibliotecários da cidade é uma alegria para mim" relata Gilson.
O livro trata do preconceito ético e social, todas as pessoas tem preconceito, o personagem tem um pé no presente e um pé no futuro e vai se transformando conforme as atitudes tomadas, isso se desenvolveu a partir de sua convivência com a mãe, e vai se transformando conforme as atitudes tomadas. Ele queria muito olhar o eclipse e na noite em que foi olhar seu pai desapareceu.
Ao perguntar a sua mãe sobre a ausência do pai (que havia fugido por motivos politicos na época da ditadura) ela esconde do menino os motivos.
*Essa é apenas uma ideia do contexto do livro!
Mais informações sobre Gilson Corrêa em:
Email: gcgilson4@gmail.com
Blog: letras-livres.blogspot.com
Site: sites.google.com/site/dasletrasnovas
www.recantodasletras.com.br
Twitter: @gilsoncorrea
Postado: Ludmila Constant e Nathalya de Oliveira
Postado por Feira do Livro às 07:43 0 comentários
Palestra de Gilson Correa capacita agentes bibliotecários!
Oficina para agentes Bibliotecários com, Gilson Correa. Foto: Nathalya de Oliveira.
Bibliotecário e escritor formou-se em letras na Univeridade de Rio Grande, onde também lecionou durante alguns anos de sua vida. Atualmente Gilson é escritor, em sua palestra na 25º Feira do Livro ele relata as várias faces de sua profissão, desde os primeiros sistemas (SAB) até os sistemas mais atualizados que podem ser encontrados no site www.sab.furg.br.
Suportes da informaçãpo ao decorrer do tempo:
- Tablete de argila: criados pelos suméricos em 3200 A.C
- Papiro vegetal usado pela primeirta vez em 4000 A.C se tornou a maior exportação do Egito, que originou o nome papel.
Tudo se transformou em linguagem, lugar onde se armazena informação. Em exemplo de hoje é o computador.
-Pergaminho feito pelo couro de carneiro encontrado na região do Pérgamo, atual Turquia, ele resultou em um aprimoramento do papel.
- Códice são da Idade Média, podemos dizer que é um antepassado do livro, por sua semelhança no formato. O método utilizado para montar o códice era através do recorte e costura das folhas.
- Papel é criação dos Chineses, mas que predominava na Europa, era fabricado com fibras de algodão, fibras e cãnhamo.
- Livro é um meio democrático de veicular a informação. O primeiro livro impresso foi a Biblia em Latin inventado por Gutenberg, e Lutero lutou para que fosse impresso em Alemão apartir disso o livro começou a ser um meio democrático, uma maneira de fornecer a população um acesso a informação.
Atualmente existem livros em todas as áreas, com durabilidade de aproximadamente 100 anos, e jamais será deixado de lado mesmo com o avanço das tecnologias. As editoras citam que houve um aumento de 60% dos impressos, o que prova que a tecnologia não acabará com os livros.
- Livros digitais, e-books ou livrtos eletrônicos (com o mesmo conteudo da versão impressa) incluindo capa e contra capa, só que com um suporte digital serve para resgatar artigos, revistas e livros na integra. Além de compartilhar em alguns aparelhos com a internet podendo ler e também interagir.
A palestra teve o objetivo de discutir estratégias para intensificar as ações de incentivo à leitura.
segunda-feira, julho 05, 2010
O URUGUAI E SEUS CARROS ATRAENTES
http://O URUGUAI E SEUS CARROS ATRAENTES
O Uruguai é um país muito bonito e como integrante da América, cheio de contrastes, sem dúvida. Mas o que me chama a atenção, sempre que visito aquele país, além da hospitalidade e elegância de seu povo, é a a maneira como as autoridades de trânsito permitem que determinados veículos sejam dirigidos nas estradas. Na verdade, a obediência às leis me parece muito bem orientada. É um povo tranquilo, que conduz seus veículos obedecendo as regras. Todavia, o que sempre me deixa intrigado são os inúmeros carros velhos, danificados, em precárias condições para transitar, que ainda vez que outra surgem nas rodovias. Por isso, tirei algumas fotos para ilustrar esta curiosidade. É uma peculiaridade de comportamento, da qual é provável que sirva de tema a muitos blogs, no entanto quero deixar aqui, às vezes a minha perplexidade, por observar estes “automóveis” andando.
Em tempo: estou torcendo pelo Uruguai, nesta copa, assim como muitos brasileiros, acredito. kbimages.blogspot.com/url-code.jpg
segunda-feira, março 08, 2010
O DIA INTERNACIONAL DA MULHER
É provável que a mulher comum hoje em dia, nem tenha se preocupado com a data, a não ser pela incessante e maciça propaganda da mídia, em virtude da venda de produtos e do merchandising da nova postura feminina. Como tudo na vida tem dois lados, o lado bom de tudo isso é chamar a atenção para a força de trabalho da mulher, da capacidade e inteligência e do chamamento à igualdade salarial, que em muitas profissões ainda não é bem resolvida. Por outro lado, como em todas as datas comemorativas, há a invasão de produtos destinados à mulher, que em sua maioria, seria plenamente descartável. De todo modo, resta a lembrança e esta é sempre bem-vinda.
Mas quem é a mulher brasileira do século XXI? É a mulher ativa, integrada na sociedade, com liberdade plena em decidir o seu futuro, a sua vida, em tomar conta de seu corpo e de seu pensamento? É a mulher forte, decidida, trabalhadora, capaz? É a mulher que multiplica as funções, somando-as além da profissão, com as de dona de casa, mãe e esposa? É a mulher dirigente, política, batalhadora? É a mulher independente financeira e emocionalmente? Ou a mulher submissa, alicerçada no medo do futuro, frente à miséria das favelas das grandes cidades, onde os filhos se proliferam e os problemas também? É a mulher de iniciativa, mãe e avó, filha e neta, aprendiz e mestra? É a mulher vitrine, que desfila a última Louis Vuitton e aparece na Caras? Por certo, são todas elas, uma única mulher, a mulher que vive e sobrevive as façanhas da vida diária, como todos os indivíduos, com um handicap: enfrentar este ranking desenfreado, com muitas maneiras de olhar, de ver o outro, de assistir, de fazer várias coisas ao mesmo tempo e também se emocionar, e sorrir, e chorar, e gritar, e assumir e viver. Uma mulher que sangra o sentimento todos os dias e desenvolve uma carapaça que a protege e protege os seus, pois sabe, talvez por instinto apenas, que é preciso ser forte e doce para sobreviver. Esta é a mulher que convivemos e que amamos. A mulher feminina que nos agrada, que nos atiça e nos embrulha num pacote pequeno, pronto a ser desembrulhado quando deseja. A esta mulher forte, desejo votos de alegria e muita vitalidade neste dia e em todos de sua trajetória. Pois a ela, devemos todos, e nela, sem dúvida, confiamos.
sábado, dezembro 12, 2009
QUESTIONAMENTOS SOBRE O ROMANCE “O ECLIPSE DE SERGUEI” DE GILSON BORGES CORRÊA
Serguei é um homem na faixa etária de 30 anos, cuja vida se resume numa luta constante entre o cotidiano medíocre e sua vida interior comandada por ações passadas. Trabalha num cartório e faz um turno numa biblioteca de um museu, mas parece não se sentir à vontade em lugar nenhum. Faz uma crítica feroz aos colegas, ao chefe, principalmente recheada de preconceitos, que embotam seus sentidos e pensamentos. O romance se chama “O eclipse de Serguei”, porque quando pequeno, tomado por uma curiosidade infantil, ele pretendia munido do maior interesse, assistir ao eclipse. Neste momento, porém, estava numa escada, observando uma aranha que colhia uma mosca em sua teia. Lá , costumava caçar os insetos e guardá-los num pote. Quando a empregada, uma mulher ignorante e perplexa com o fenômeno, corria para todos os lados acendendo velas, ele se desequilibrou e perdeu o eclipse. Neste mesmo dia, seu pai desaparecera para sempre de sua vida. Era um militante de esquerda, que fora delatado e preso. Foram duas perdas expressivas e com afirmara sua mãe, “Ele se foi com o eclipse, Serguei. Não tenha mais esperanças. Assim como você não viu o eclipse, nunca mais verá o seu pai. Nem a poeira de seus ossos!”. Resumindo: o eclipse é uma metáfora das frustrações e dos enganos que Serguei tivera na vida.
Em que momento ele se torna um skinhead?
Na verdade, Serguei sempre fora um skinhead, um neonazista, alicerçado numa ideologia que fortemente transmitida pela mãe, uma mulher que participara da marcha em repúdio ao comunismo, em 1964, enquanto o pai, ao contrário lutava contra a revolução militar que se transformaria na mais ferrenha e feroz ditadura. Serguei ficara com o conservadorismo da mãe, até porque um ódio inconsciente pelo pai, se alastrava em seu coração, por não entender o motivo de seu abandono. Para ele, o pai deveria ser um marginal, como sempre lhe fora apregoado pela mãe, pois jamais voltara à casa. Por conseguinte, transferia todo este ódio para os seres que representavam a escória tão criticada por sua mãe, em sua mocidade. Passou então a ampliar o limite de seu ódio aos negros, aos homossexuais, aos judeus, a todos que significavam o avesso dos conceitos de homens de bem, de acordo com os costumes, as crenças e a moral através da ótica que lhe fôra passada. A vida, porém, lhe pregara uma peça, pois a mulher que amava era uma judia. Com o passar do tempo, a pressão do grupo do cartório considerado inofensivo, aumentava gradualmente, forçando-o a assumir a postura de um homem “nobre”, que devia exercer a sua função de líder e tomar as atitudes que levassem ao extermínio da cultura cada vez mais libertária que se disseminava no país e no mundo. Por fim, ele fica completamente desorientado e se torna um verdadeiro skinhead, inclusive mudando a aparência.
Que personagens tem influência na vida do protagonista?
Incialmente, a mãe pela veemência das atitudes e principalmente pelas mensagens conservadoras e por outro lado, o pai, que através de sua ausência, o transformaram numa criança introvertida e num adulto demasiadamente crítico e desconfiado. Tinha consigo que sempre havia alguém desafiando-o ou querendo tomar partido de suas fraquezas. No cartório, o Sr. Oliveira, o chefe que influenciava em demasia as suas atitudes, até o momento em que passou também a desconfiar do seu interesse em transformá-lo num líder dentro do grupo. Anselmo, colega bajulador o irritava profundamente, mas não exercecia nenhuma influência aparente. Entretanto, quem mais causava desconforto em seus relacionamentos com o grupo era um estagiário, um rapaz íntegro, interessado no seu trabalho e em seus estudos, mas cuja etnia ia de encontro às idéias ultrapassadas e preconceituosas de Serguei. Por outro lado, o Gomes, um funcionário que se suicidara lhe lembrava comportamentos muito semelhantes ao seu, o que lhe deixava profundamente triste. Havia ainda, Dóris, a secretária, que sua aliada num projeto de eliminação da empregada, Zulmira, que praticamente o criara, mas que detestava por sua condição de ignorância, além da carga étnica, que não aceitava. Dóris, entretanto, fazia parte da Irmandande, o grande grupo que precisava de um “escolhido”, no caso, ele. Por isso, o traíra. Além dela, havia o funcionário do café, chamado Adolf Hitler, um homem estranho, que tinha um objetivo principal: transformar Serguei no líder da Irmandade. Todos obedeciam ao Venerável, um segredo de todos. Na sua vida pessoal e afetiva, havia Beatriz, a mulher que amava, a noiva que abandonara por descobrir através de um estudo de sua genealogia, que era de descendência judia. Ela seria a responsável pela revelação final, a descoberta que deveria guiá-lo a escolher um dos caminhos: aceitar que sua vida inteira havia sido uma farsa e retornar ao mundo real e sensato ou enveredar pelo caminho manipulado pelo grupo, transformando-se finalmente num skinhead. Ela seria, enfim, a sua salvação.
Há salvação para Serguei?
Talvez quando ele descubra, já seja tarde para decidir, entretanto, o segredos aos poucos são revelados e ele põe em cheque todo o grupo, mostrando quem é quem, suas fraquezas, mentiras, vilanias, falsidades. Enfim, mostra ao leitor que ele fora manipulado pelo grupo, mas dá o troco, transformando-se de caça em caçador e dando um exemplo de dignidade rara para um homem que perseguia outros homens,talvez tão fracos, tão frágeis e submissos quanto ele. Ou mais fortes, muito mais nobres. A mensagem se torna clara para o leitor, à medida em que se descobre os reais objetivos da Irmandade que faz parte do grupo do cartório e quem é o verdadeiro líder, o chamado Venerável. Quem sabe, em cada um de nós, existam preconceitos tão semelhantes ao de Serguei, preconceitos inconfessáveis, mas que tentamos lidar de modo a não nos comprometermos e seguir o senso comum, aquilo que é políticamente correto. Resta então uma esperança de repensarmos nossos conceitos, nossas intolerâncias com o outro, o outro tão próximo e tão semelhante. Talvez essa seja a salvação, de Serguei e nossa.
O ROMANCE O ECLIPSE DE SERGUEI ESTÁ NO GOOGLE BOOKS, NA www.biblioteca24x7.com.br e no site www.amazon.com
Gilson Borges Corrêahttp://kbimages.blogspot.com/url-code.jpg
segunda-feira, novembro 30, 2009
O ECLIPSE DE SERGUEI
Este livro está nos sites a seguir:
http://books.google.com.br, www.biblioteca24x7.com.br e www.amazon.com
A seguir uma pequena sinopse do "Eclípse de Serguei":
Nem sempre o homem atua na sociedade e em sua vida pessoal, de acordo com suas convicções e ideologias. Serguei é um destes que desconfia de suas próprias idéias, mas procede segundo os preconceitos arraigados, de tal forma que o mundo lhe parece de ponta-cabeça, vivendo em eterno conflito. De repente todo o seu ódio pelas diversidades sociais deterioram os seus relacionamentos, desde os do convívio familiar, como a mãe, uma figura cada vez mais distante e frágil, bem como a empregada negra, com a qual convive desde a infância, mas considerada apenas objeto descartável, até a mulher que ama, da qual se afasta movido pela descoberta de sua origem judia. Até mesmo a ausência do pai, cuja partida se confundiu com o fenômeno tão esperado do eclipse, em sua infância, e dos quais, nenhum teve uma sequer oportunidade de acompanhar. Tal como o eclipse, seu pai desapareceu para não mais voltar. Tudo contribui para a distância que impõe aos que o cercam. No trabalho, porém alcança o cenário favorável para extrapolar seus sentimentos, o caldo de cultura essencial para a colônia de bactérias representativas das crenças discriminatórias. Não imagina ele porém, que ao não assumir os propósitos do grupo, também passa a ser discriminado. Há sempre o olho onipresente do Venerável, supremo chefe da suposta Irmandade que parece conduzir o destino de todos e Serguei parece ter sido o escolhido para dar prosseguimento da missão: acabar com a escória da sociedade. Entretanto, o preço é muito alto, cujas prováveis perdas o deixam desorientado, a ponto de se transformar num skinhead. Seria este o seu destino? A sua missão? Seria realmente ele o escolhido? E quem seria o Venerável? Para estas descobertas, Serguei teria assumir o destino dos escolhidos e talvez enfrentar o eclipse.
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sábado, julho 25, 2009
Blog de ouro

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jornalista, produtor de eventos e shows que se inclinou em meus textos, para dar de algum modo a sua opinião, já que indicou o meu blog para o selo de ouro. A partir de agora, mesmo com o frio aqui de Rio Grande, meu coração está mais quente e alvissareiro. Obrigado Lafayette.
O caminho para as Índias
Quem sabe partilhas deste sebastianismo, tão próprio aos povos de origem lusitana. Tu que no Sul, fundaste o Estado, lutando contra os espanhóis que invadiram a cavalo tua igreja matriz, talvez sejas tão esperançosa na visão libertadora e salvadora de teu povo, que nem te dás conta do que é ficção ou realidade.
Afinal, cá estão entre irmãos, os que superaram a dor através da busca incansável do morto, procurando-o em cada esquina, apontando seus ideais e compromissos, suas metas e edificações, sua iluminação eterna. Aqui o tens voltado para o mar, provavelmente vez que outra, ainda fitando ao longe a ilha de onde veio. E não é pra menos, o coração pesa e chora, herdamos esta melancolia algoz de nossos colonizadores.
Tu como mãe generosa cuidaste muito bem de teu filho, cultivaste sua memória e perdoaste seus pecados. Acho que estás correta, não deves julgar ninguém, apenas te repreendo numa coisa: erraste na medida da exaltação, no alarde de seus feitos, no enaltecer de suas qualidades. Não poupaste os inimigos nos esforços para defendê-lo, nem mesmo os adversários mais frágeis.
Mas te desculpo, entendo tua tática, como mãe generosa, pensaste nos teus filhos e eles estão tão próximos, tão seguros ao porto que ainda vibra pelas ruas ventosas e arenosas dos dias sem brilho. Sabes que durante muitas décadas, a dinastia vai se perpetuar, mas que fazer, se não ceder aos desejos dos herdeiros, mesmo à sombra e parvalhice dos incautos? Afinal, tens o gozo dos irmãos e a vontade dos súditos. Foi nele que votaram nestes anos todos e ainda não acordaram que já havia morrido. Bem como planejaste, uma mãe lusitana, de coração aberto ao mar. Afinal, te consolas com a alegria florescente dos novos ricos, legatários messiânicos do senhor que partiu, mas que permanece tão forte e presente, quanto nunca. O tens presente no sangue que corre nas veias imponentes de sua mulher, filhos, sobrinhos, primos, irmãos, netos, cunhados, amigos, genros...Aqui mais uma vez apaziguaste a realidade com a mão carinhosa e matreira, estes três últimos não carregam seu sangue, mas persistem com seus dentes afiados nos pescoços herdeiros. Tal como D. João II, que planejou o caminho marítimo para as Índias, designando o pai, Estevão da Armada, para chefiar a expedição. Neste caso, o traçado não foi mantido, em vista de dificuldades políticas e eles, coitados, acabaram morrendo seu alcançar seu intento. Entretanto, suas ideias fizeram barulho ao sucessor D. Manuel I, para quem Vasco da Gama devesse chefiar a missão, mantendo o plano inicial do rei.
Viste como és parecida, sabes de onde vens, qual é tua origem, tanto que cumpriste o plano do tio. Se é que havia algum projeto além de executar a incumbência de assegurar a sucessão, suceder o poder de geração ad eternum. E para isso, tinges as ruas de preto, configuras tua paisagem tornando-a semelhante a outros rincões, de aspecto e história tão diferentes e esqueces, que mais longe, teus filhos menos ilustres chafurdam na lama de ruas que não existem.
Fizeste doída a carreata de seu passamento, tão magistral e ornamentada que faltaram flores para velórios que tiveram a petulância de ocorrerem no mesmo dia. Houve quem se enterrou com flores de plástico.
Mas segues atenta e prossegues na dinastia, tão urgente aos propostos de teus cidadãos. Talvez penses, tal como Dom João II, que esta terra se tornará um império. Tens coração tão grandioso que organizaste a vinda triunfal de teu filho ilustre na época, em que andava meio atordoado com denúncias para as quais pedia habeas corpus.
Certamente, sentimental que és, aconselhaste ao povo humilde, aquele que mastiga o solo nos dias de chuva, que atravessa as noites com filhos ranhentos em busca dos postos de saúde desaparelhados, os que se finam nas mortalhas de pinus, debruçados em caixotes riscando os cotovelos magros e inchados na dor. Além de conselho, pediste com coração sufocado e lágrimas nos olhos, que esperassem o messias, organizando cartazes e faixas, alertando à mídia que amavam o soberano impoluto e que pediam, mais ainda, exigiam sua volta e proteção. Certamente naquele dia, um bando de matronas e siliconadas fizeram coro aos trapentos, esgueirando-se dos guris mal cheirosos, temorosas que suas bolsas fossem investigadas.
Não sei se um dia acordarás do sonho, afinal estás cada dia mais bem vestida e afastas pra longe os atributos defeituosos que te reduzem a um espelho no qual temes mirar. Não sei se perceberás que a tua beleza ainda é artificial. Não abrange tua estrutura. Afinal estás cada vez mais linda e mais impetuosa. A maquiagem te cega a inteligência e deforma tua alma. Não consegues olhar para os pés, desconfio que tens medo do que possas ver.
De todo modo, tua cabeça está rodeada das belezas naturais que sempre te encantaram, fogosa e faceira que és como noiva do mar que te serve de margem e de leito. Da lagoa que te banha, do céu que envolve em pontilhados azuis, levando rápido os flocos claros que se agitam ao longe, fazendo às vezes de véu que te cobre e te ilumina. Estás ficando forte, sadia, quase capitalista. Tuas veias se mesclam em imagens simbólicas de avenidas que compactuam com tua beleza, assim enfeitadas, assim atrapalhadas e inadvertidas, mesmo que às vezes, as avenidas têm o aspecto de ruas e as ruas, o de avenidas. Mesmo que na tua entrada haja uma placa avisando as rajadas de ventos chegam a 100 km, por hora. Sei, sei que tu indicaste em virtude dos vôos que, embora raros, também enfeitam teus céus. Mas convenhamos, um turista desavisado se apavora com tua franqueza. Talvez faça o retorno e desapareça ao ver aquela sinalização, um tanto absurda, não achas?
Mesmo assim, estás bela; o que me assusta são as estruturas que parecem cada dia mais frágeis, toscas, oxidadas, capazes de não suportar tua beleza e força. Se não, observa a atenção precária que dás à saúde, a tua preocupação exígua com o bem-estar social, com a juventude, com o saneamento, com a educação.
Não te dilaceraram as carnes, quando destruíste uma escola? Será que como mãe protetora e afetuosa não encontrarias meios para evitar este descalabro? Quando todos lutam por escolas, quando ainda há escolas de estrutura de lata no Estado, tu desistes de uma com toda a infraestrutura e história na educação? Não seria viável chamar a comunidade, dialogar com a população, ouvir especialistas? Ou era mais fácil destruíres de vez com o quisto que te incomodava? Não sei, mas sinto te dizer: teus pés estão ficando enormes e não há polainas que possam aquecê-los, muito menos ocultá-los da parte bela de teu corpo. Estás te tornando um pavão, que evita olhar para as patas disformes. Acho até que teu novo caminho para as índias não está te conduzindo ao império, talvez ao poder, à dinastia, à sucessiva lista de sobrenomes idênticos, mas ao contrário, estás afundando no lodaçal mais poluído e impróprio para tua saúde. Teu povo pobre que servia à beleza de tua cabeça, está ficando cada vez mais longe, se aprofundando nas crateras em que enfias os pés. E aos poucos, estes pobres mirrados, famintos, que servem para alimentar teu ego, estão percebendo que teus pés são de barro.
Quem sabe, acordas, não desprezas de todo teu sangue lusitano, mas conspurca um pouquinho com a violência do espanhol, não adentra a Matriz a cavalo, nem surra teus inimigos, mas abre os olhos de modo ágil e austero, e aciona depressa a tua justiça. Saibas que não és mãe apenas dos fortes, dos opressores, dos imperialistas, dos sucessores da dinastias, mas de seus súditos, seus opositores, o povo humilde que grassa nas ruas enfiados em casacos gentilmente cedidos pela primeira dama, ou os que ainda pensam na tua história e querem te valorizar no todo, não apenas na maquiagem, mas no teu interior.
Acorda, cidade lusitana do sul, fundadora do Estado, a primeira entre as primeiras, não te compra com carnaval barato, com festas gratuitas de fim de ano ou com auxílios especiais em detrimento do verdadeiro auxílio à sociedade: garantir a cidadania e o direito de ser cidadão sem baixar a cabeça.
Um dia ainda, vais servir ao teu povo e teu povo te servirá. A melancolia além mar só vai lembrar teus ancestrais, mas no que te deixaram de belo, de poesia, de literatura, de obras de engenharia, de edificações, de artes, de humanidade.
E dança com eles, dança o vira, o samba, o rock, dança a música de uma cidade democrática e cidadã. Esquece o bloco do toma lá da cá, porque és mãe de todos. Mas uma mãe moderna, não autocrática. Que tem os pés no chão e não são de barro. Aí, podes chorar, até olhar para as ilhas, para o céu, para a lagoa, para as vilas, para as ruas, para o povo. Sem donos.
Esta crônica sobre as mazelas de minha cidade, meio que me inspirei na maravilhosa música de Chico Buarque, Fado tropical, obviamente, excetuando a genialidade do autor. A seguir, a letra de Fado Tropical
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora...
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa...
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial
* trecho original, vetado pela censura
quinta-feira, julho 23, 2009
terça-feira, julho 14, 2009
CARLOS, O SENHOR DO TEMPO E DA RAZÃO

domingo, julho 12, 2009
HIATO E PONTOS DE VISTA

Nem sempre o olhar mais profundo sobre as coisas que nos cercam é o racional e objetivo. Na maioria das vezes, é preciso ressaltar o sentimento, mesmo obtuso, mesmo dilacerado, mesmo engendrado em nuvens longínquas e escuras que toldam a alma e o pensamento, pois através destas lembranças ou idéias inusitadas, surge o verdadeiro esqueleto da realidade. Uma realidade não tão idealizada ou limpida ou verdadeira, uma realidade onde a ficção e a poesia se escondem em meandros tão obscuros que se torna difícil decifrá-la. Entretanto, para o autor é necessário se utilizar das lembranças, da infância, dos ditos populares, da imaginação para representar esta realidade e este desejo infinito do homem de ser feliz. Através dos contos e crônicas do livro Hiatos e pontos de vista" (que está na rede), procuro exercer esta faculdade da imaginação e das lembranças, tentando efetivar um olhar curioso e inquisidor, às vezes infantil, às vezes maduro, às vezes alucinado, mas sempre voltado para a condição humana. Talvez viver seja isto, vivenciar o que de bom e nefasto o homem adquire e repassa através de suas trajetórias perturbadas ou não. São contos e crônicas onde o amor e a busca da verdade prevalecem. Basta olharmos com olhos amorosos o outro ou a nós mesmos. Recordações que todos tivemos um dia. Ou vamos ter.
segunda-feira, maio 04, 2009
OS PÓS-MODERNOS E EU
Não, não quero ser destes fortes e valentes Stalones ou outros mais recentes. Não, não quero pertencer a esta raça de clones fatigados de energéticos, entediados de viagra, de bebida e drogas. Não, não quero buscar esta coisa igual que consome e se alastra, entre bordoadas e facetas nazistas.
Não, quero viver. E para isso, aspirar o perfume da flor tenra de minha janela, uma janela única que dá pro céu e aquece a alma. A alma? Pra quem tem.
quinta-feira, janeiro 22, 2009
NOTÍCIA DO JORNAL AGORA COM MANCHETE "COMUNIDADE PALESTINA PEDE PAZ"
“Justiça, paz na Palestina. Não queremos guerra, queremos nossa terra”. Em coro, dezenas de rio-grandinos percorreram um trecho da avenida Rio Grande, no balneário Cassino, no último sábado, 17, para chamar a atenção da comunidade e manifestar repúdio aos ataques israelenses contra a Faixa de Gaza. Após o manifesto, foi realizado um ato religioso pela paz em frente à Igreja Sagrada Família.
A caminhada reuniu integrantes da comunidade palestina que vivem no Município, políticos, representantes de entidades de classe e as comunidades católica, islâmica e luterana. “Nosso objetivo é chamar a atenção dos rio-grandinos e demais brasileiros para o genocídio que acontece na Faixa de Gaza”, explicou o presidente da Sociedade Beneficente Islâmica Árabe Palestina em Rio Grande , José Khattab Hassan. Os manifestantes pediam o cessar-fogo imediato de Israel no local e a criação do Estado Palestino.
Durante a marcha, os participantes ergueram bandeiras palestinas, faixas com pedidos de paz e cartazes com fotos dos ataques no local. “São imagens que a imprensa não tem acesso, porque não pode entrar naquela região. Mas que a internet revela, mostrando todo o sofrimento do povo palestino”, afirma Khattab. Os integrantes da comunidade palestina também foram vestidos com o “hata”, turbante palestino. Alguns deles tinham desenhado o mapa da região e os dizeres “Jerusalém é nossa”.
Entre os políticos, participaram representantes dos partidos PT, PCdoB, PMDB, e PSOL. O vereador Luiz Francisco Spotorno (PT) afirmou que a bancada do Partido dos Trabalhadores apoia as ações de repúdio, à medida que a sociedade precisa se manifestar contra esse conflito que se tornou um genocídio.
Após a caminhada, o sheik muçulmano Mohamad, o pastor luterano Bonato e o bispo diocesano dom José Mário Stroeher realizaram um ato ecumênico em frente à Igreja Sagrada Família em favor da Paz no Oriente Médio. “É muito grave o que acontece na palestina. É um conflito entre dois Estados que já dura mais de 60 anos. Precisamos nos manifestar pela Paz, porque os problemas não se resolvem com a guerra”, disse o bispo. Dom José Mário falou ainda sobre importância das comunidades israelenses e palestinas, que vivem no Brasil, não se deixarem contaminar por essa violência.
A palestina Nascima Jundi veio refugiada durante a guerra árabe-israelense de 1948. Ela conta que sua cidade, Deir Yassin, foi uma das primeiras tomadas pelos israelenses. “Na minha cidade, eles entraram e mataram todos. E hoje ela não está mais nem no mapa político”, afirma. Nascima, que atualmente tem familiares que moram em Jerusalém, retornou de lá há três meses e está chocada com os ataques na Faixa de Gaza. Seu filho Salih, de 43 anos, afirma que ao ver as notícias na televisão se emociona e chora. “Eles estão matando as crianças, mulheres, usando armas químicas. Não obedecem a ninguém, não deixam entrar comida nem água. É horrível, eles têm que parar”, diz Nascima.
Na último dia 13, um grupo de 30 rio-grandinos esteve participando em Porto Alegre de uma caminhada em repúdio aos ataques israelenses em Gaza. O ato reuniu mais de mil pessoas na Capital gaúcha.
Melina Brum Cezar
Fonte: Jornal Agora, edição n. 9233 quarta-feira, 21/01/2009. Rio Grande.
CEZAR, Melina Brum. Comunidade palestina pede paz. Jornal Agora. Rio Grande, 21 jan. 2009. Geral, p.3.
terça-feira, dezembro 02, 2008
Uma breve descrição sobre a a minha trajetória na escrita

Sou bibliotecário especialista em Ciências e Tecnologia da Informação e também licenciado em Letras (Português-Inglês). Tenho a escrita como parte essencial de meu viver, quase como respirar. Porém, houve épocas em minha vida em fiquei envolvido com a profissão de bibliotecário na Universidade, além da vida pessoal, em família e de certa forma, priorizei estas atividades, dedicando-me muito timidamente à escrita. Nunca a abandonei de fato, mesmo porque, sempre me dediquei ao texto, embora científico, porque utilizava enquanto bibliotecário e nos cursos de especialização. Como na vida tudo tem um tempo certo de acontecer, agora estou nesta sofreguidão em escrever. Houve, sem dúvida a contribuição do advento da Internet, porque tive a oportunidade de publicar meus textos em páginas eletrônicas e obter retorno através de comentários de leitores, bem como o reconhecimento de especialistas, o que me incentivava cada vez mais. Comecei então a escrever diariamente, produzindo além de contos e crônicas, também romances. Com um deles, A barca, participei do Prêmio Sesc 2004, ficando entre os 26 finalistas no total de 305 obras apresentadas, o que me deixou muito feliz. Participei de outros concursos de contos, nos quais fui classificado várias vezes, porém através do XXIII Concurso Internacional Literário, obtive o 1º lugar nas duas crônicas que apresentei para a participação, tendo-as publicadas na Coletâneas de Conto, Poesia e Crônica, lançada pelas Edições EG da All Print Editora.
A chance do escritor iniciante e sem patrocínio, talvez não seja encontrar a editora certa, mas sim, ser encontrado por ela. Foi o que de certa forma me aconteceu, neste evento.
Na rede, publico alguns textos nos sites : www.recantodasletras.com.br, www.dominiocultural.com, www.escrita.com.br, www.tempoloxv.pro.br, no meu blog http://letras-livres.blogspot.com, além de participar de comunidades literárias no orkut.
domingo, novembro 23, 2008
A MÃE NA JANELA

A mãe na janela
Tantas vezes a vi, assim, debruçada sobre a mesa, esticando, alisando com as mãos cuidadosas, alentadas de carinho e cautela, no fazer simples, mas imprescindível do passar o friso, transformar em plano o tecido rugoso, amarfanhado, atirado no cesto de roupas. Tantas vezes, a vi na costura, dobrando as costas no espaldar incômodo da cadeira, puxando sob a agulha, o pano, com a mão diligente, moldando-o de acordo com a linha que se desenhava autoritária, inventando curvas, metamorfoseando o que não tinha forma, transformando em vestuário o que era só projeto.
Tantas vezes a vi, ainda perscrutando entre lentes emprestadas, o grau necessário para puxar o fio, manusear o dedal, criar a imagem em alto relevo, bordando o que era somente um risco imitando flores ou paisagens. Colorindo o que o sol se antecipava em dar-lhe cores e reflexos. Quem sabe os contemplasse, quando prontos e percebesse que sua criação devia muito à natureza, já que os punha sobre a mesa, ao alcance da janela, emoldurada pela luz.
Tantas vezes a vi, ali, sentada na poltrona colorida de pés de palito, paciente e atenciosa, mexendo os dedos ágeis, praticando-os como se dedilhassem ao piano, produzindo contornos com a linha, puxando daqui, enfiando ali, convertendo o que era apenas nós de linhas brancas ou coloridas em guarnições de crochê: verdadeiras malhas de flores, estrelas, arabescos, arranjos, construindo guardanapos, panos de prato, toalhas, centros de mesa.
Tantas vezes a vi cansada, voltando da fábrica, imaginando-se entre panelas e louças, vestindo a casa em ninho acolhedor, projetando caminhos, palmilhando esperanças que só ela via e sentia no coração acautelado.
Muitas vezes a vi sorrindo nas festas familiares, nos natais em família, no sorver o vinho com a alegria de quem comemora e nutre a paixão pelos momentos simples, em que a compreensão se ajusta ao presente, o amor transborda, a convivência enaltece e sensibiliza.
Muitas vezes a vi forte, austera, severa, enérgica, induzindo-nos à força e coragem, que julgava imponderáveis ao enfrentar desafios.
Algumas vezes a vi frágil, doída, sensibilizada. Por vezes, chorava de emoção. Noutras pela perda, pela falta contida, pela amizade fugidia, na despedida.
Muitas vezes, senti seu abraço, seu apoio, sua nobreza, seu carinho e percebi, de soslaio, quieto e feliz, seu orgulho por sermos seus filhos.
Breve para nós, partiu. Mas da mesma forma que nos deixou, perpetuou a lembrança de suas noites na janela a esperar, de sua voz vibrante a sorrir brejeira nas peças que nos pregava, no seu jeito pleno e singular de ensinar pela mágica o mistério da vida, de nos permitir viver assim, no exemplo do trabalho, do cuidado, do carinho, do zelo, da gratidão.
Por certo, estas lembranças nos acompanharão vida à fora, porque estás aqui, tão próxima, que quase te sentimos ao nosso lado, guiando-nos de algum modo que nem percebemos, mas a tua mensagem pousa tranqüila em nossos corações e mentes.
Muitas vezes te vi assim, mãe, porque assim te apresentavas.
sábado, novembro 22, 2008
Pequena resenha sobre o livro “Nenhum pássaro no céu” de Luiz Horácio, uma publicação da Editora Fábrica de Leitura, 2008.
Livro disponível no site da Livraria Cultura
Às vezes, uma história aviva importantes temas em detrimento da busca da inspiração, fundamentada em narrativas hegemônicas, de mesclas de ritmos e rumos. Neste texto imperdível do autor Luiz Horácio, têm-se a impressão de que a vida acontece no tempo preciso, na hora imaginada, na qual o sol poente aparece brilhante e belo para os personagens, entre os quais nos incluímos. Ou seja, no ritmo de nossa respiração. Não é uma história comum. Por outro lado, não é uma história de temas grandiloqüentes, mergulhada em objetivos pomposos, ou subordinada a emoções baratas para fisgar o leitor. Ao contrário, é a história de nossas vidas, nossos antepassados, culminando com a própria história do RS, contada com uma maestria que aliada ao lirismo e à poesia, apresenta uma arquitetura talvez nunca antes explorada. Perpetua, portanto, num clima onírico e ao mesmo tempo pictórico, o imaginário corporizado na prosa e na poesia. Talvez palmilhemos caminhos diferentes lendo esta história de bravura, amor e imaginação. A vida e a morte andam tão amiúde, que muitas vezes nos confundimos o que é vida ou o que é morte ou se tudo é uma coisa só.
A história em sua urdidura de fundo, apresenta um proprietário de terras, cujas relações permeiam a realização do sonho ou o simples ato de sonhar, de cultivar a emoção pura e fugaz, de preservar o que resta de vida na memória de sua região, ou seja, o mito que se substancia no conhecimento dos povos e do compromisso com a sua realidade interior e a dos demais. Temas como a morte, o amor e o reconhecimento do outro persistem em toda a narrativa, transformando o mundo que os cerca. Ou apenas marcando território, para deixar brechas ao leitor nas descobertas que pretende apontar. Seu nome é Camilo Sosa, para o qual é anunciado um presente no decorrer da narrativa, cujo embrulho é invariavelmente investido de grande importância e curiosidade, como parte integrante da estrutura. Essa provocação deixa o leitor intrigado, na tentativa de descobrir do que se trata afinal tal presente tão comentado. Porém o autor de modo sagaz, induz o leitor a experimentar a sensação que deve conferir a verdadeira importância das coisas, o que na concepção de mundo de Camilo Sosa (e do próprio autor) são as relações que emergem dos encontros a partir do anúncio do presente esperado. Qual seria o maior presente para Camilo Sosa e seus amigos, a não ser a convivência com os seus, o desabrochar de novas ligações, novos conhecimentos, novas trajetórias, novos encontros. O presente, na verdade, é mero pretexto para transformar a vida em quimera, os caminhos pessoais em trajetórias coletivas, os objetivos em metas definitivas. Enfim, é a luta da preservação do sonho e da liberdade, da maneira de pensar e agir, do “descompromisso” com a realidade alienante e a possibilidade do encontro íntimo com a imaginação. É uma história que parte do regional para o universal, porque remete aos temas íntimos a toda humanidade. Uma história densa que deve ser lida com o coração, com o cuidado dos que procuram mais do que uma simples narrativa, mas um sopro de liberdade.
Autor: Luís Horácio
Editora : Fábrica de Leitura de Ângela Puccinelli
Porto Alegre, 2008
Sugiro aos amigos a leitura deste livro. Por certo, encontrarão nele um bom presente de reflexão.
Gilson Borges Corrêa
terça-feira, dezembro 05, 2006
sexta-feira, dezembro 01, 2006
segunda-feira, novembro 20, 2006
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