Pequena resenha sobre o livro “Nenhum pássaro no céu” de Luiz Horácio, uma publicação da Editora Fábrica de Leitura, 2008.
Pequena resenha sobre o livro “Nenhum pássaro no céu” de Luiz Horácio, uma publicação da Editora Fábrica de Leitura, 2008.
Livro disponível no site da Livraria Cultura
Às vezes, uma história aviva importantes temas em detrimento da busca da inspiração, fundamentada em narrativas hegemônicas, de mesclas de ritmos e rumos. Neste texto imperdível do autor Luiz Horácio, têm-se a impressão de que a vida acontece no tempo preciso, na hora imaginada, na qual o sol poente aparece brilhante e belo para os personagens, entre os quais nos incluímos. Ou seja, no ritmo de nossa respiração. Não é uma história comum. Por outro lado, não é uma história de temas grandiloqüentes, mergulhada em objetivos pomposos, ou subordinada a emoções baratas para fisgar o leitor. Ao contrário, é a história de nossas vidas, nossos antepassados, culminando com a própria história do RS, contada com uma maestria que aliada ao lirismo e à poesia, apresenta uma arquitetura talvez nunca antes explorada. Perpetua, portanto, num clima onírico e ao mesmo tempo pictórico, o imaginário corporizado na prosa e na poesia. Talvez palmilhemos caminhos diferentes lendo esta história de bravura, amor e imaginação. A vida e a morte andam tão amiúde, que muitas vezes nos confundimos o que é vida ou o que é morte ou se tudo é uma coisa só.
A história em sua urdidura de fundo, apresenta um proprietário de terras, cujas relações permeiam a realização do sonho ou o simples ato de sonhar, de cultivar a emoção pura e fugaz, de preservar o que resta de vida na memória de sua região, ou seja, o mito que se substancia no conhecimento dos povos e do compromisso com a sua realidade interior e a dos demais. Temas como a morte, o amor e o reconhecimento do outro persistem em toda a narrativa, transformando o mundo que os cerca. Ou apenas marcando território, para deixar brechas ao leitor nas descobertas que pretende apontar. Seu nome é Camilo Sosa, para o qual é anunciado um presente no decorrer da narrativa, cujo embrulho é invariavelmente investido de grande importância e curiosidade, como parte integrante da estrutura. Essa provocação deixa o leitor intrigado, na tentativa de descobrir do que se trata afinal tal presente tão comentado. Porém o autor de modo sagaz, induz o leitor a experimentar a sensação que deve conferir a verdadeira importância das coisas, o que na concepção de mundo de Camilo Sosa (e do próprio autor) são as relações que emergem dos encontros a partir do anúncio do presente esperado. Qual seria o maior presente para Camilo Sosa e seus amigos, a não ser a convivência com os seus, o desabrochar de novas ligações, novos conhecimentos, novas trajetórias, novos encontros. O presente, na verdade, é mero pretexto para transformar a vida em quimera, os caminhos pessoais em trajetórias coletivas, os objetivos em metas definitivas. Enfim, é a luta da preservação do sonho e da liberdade, da maneira de pensar e agir, do “descompromisso” com a realidade alienante e a possibilidade do encontro íntimo com a imaginação. É uma história que parte do regional para o universal, porque remete aos temas íntimos a toda humanidade. Uma história densa que deve ser lida com o coração, com o cuidado dos que procuram mais do que uma simples narrativa, mas um sopro de liberdade.
Autor: Luís Horácio
Editora : Fábrica de Leitura de Ângela Puccinelli
Porto Alegre, 2008
Sugiro aos amigos a leitura deste livro. Por certo, encontrarão nele um bom presente de reflexão.
Gilson Borges Corrêa
Livro disponível no site da Livraria Cultura
Às vezes, uma história aviva importantes temas em detrimento da busca da inspiração, fundamentada em narrativas hegemônicas, de mesclas de ritmos e rumos. Neste texto imperdível do autor Luiz Horácio, têm-se a impressão de que a vida acontece no tempo preciso, na hora imaginada, na qual o sol poente aparece brilhante e belo para os personagens, entre os quais nos incluímos. Ou seja, no ritmo de nossa respiração. Não é uma história comum. Por outro lado, não é uma história de temas grandiloqüentes, mergulhada em objetivos pomposos, ou subordinada a emoções baratas para fisgar o leitor. Ao contrário, é a história de nossas vidas, nossos antepassados, culminando com a própria história do RS, contada com uma maestria que aliada ao lirismo e à poesia, apresenta uma arquitetura talvez nunca antes explorada. Perpetua, portanto, num clima onírico e ao mesmo tempo pictórico, o imaginário corporizado na prosa e na poesia. Talvez palmilhemos caminhos diferentes lendo esta história de bravura, amor e imaginação. A vida e a morte andam tão amiúde, que muitas vezes nos confundimos o que é vida ou o que é morte ou se tudo é uma coisa só.
A história em sua urdidura de fundo, apresenta um proprietário de terras, cujas relações permeiam a realização do sonho ou o simples ato de sonhar, de cultivar a emoção pura e fugaz, de preservar o que resta de vida na memória de sua região, ou seja, o mito que se substancia no conhecimento dos povos e do compromisso com a sua realidade interior e a dos demais. Temas como a morte, o amor e o reconhecimento do outro persistem em toda a narrativa, transformando o mundo que os cerca. Ou apenas marcando território, para deixar brechas ao leitor nas descobertas que pretende apontar. Seu nome é Camilo Sosa, para o qual é anunciado um presente no decorrer da narrativa, cujo embrulho é invariavelmente investido de grande importância e curiosidade, como parte integrante da estrutura. Essa provocação deixa o leitor intrigado, na tentativa de descobrir do que se trata afinal tal presente tão comentado. Porém o autor de modo sagaz, induz o leitor a experimentar a sensação que deve conferir a verdadeira importância das coisas, o que na concepção de mundo de Camilo Sosa (e do próprio autor) são as relações que emergem dos encontros a partir do anúncio do presente esperado. Qual seria o maior presente para Camilo Sosa e seus amigos, a não ser a convivência com os seus, o desabrochar de novas ligações, novos conhecimentos, novas trajetórias, novos encontros. O presente, na verdade, é mero pretexto para transformar a vida em quimera, os caminhos pessoais em trajetórias coletivas, os objetivos em metas definitivas. Enfim, é a luta da preservação do sonho e da liberdade, da maneira de pensar e agir, do “descompromisso” com a realidade alienante e a possibilidade do encontro íntimo com a imaginação. É uma história que parte do regional para o universal, porque remete aos temas íntimos a toda humanidade. Uma história densa que deve ser lida com o coração, com o cuidado dos que procuram mais do que uma simples narrativa, mas um sopro de liberdade.
Autor: Luís Horácio
Editora : Fábrica de Leitura de Ângela Puccinelli
Porto Alegre, 2008
Sugiro aos amigos a leitura deste livro. Por certo, encontrarão nele um bom presente de reflexão.
Gilson Borges Corrêa
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