
São lindas, feias, morenas, loiras,
negras e sararás.
São pobres, jovens; jovens demais.
Aparentam entre 14 e 21 anos. Não se sabe precisar ao certo. Afinal, permanecem
ali, na beira da calçada, sem sonhos ou direções.
Seus encantos e encantamentos se
foram há tempos, na sarjeta da rua sem meio fio.
Por certo, há pouco brincavam e vez
que outra, ainda o fazem, na imaginação. Brinquedos usados, roupas da última
campanha, dores do desfazer, do quase inexistir.
Estão lá, considerando-se belas, cabelos despenteados,
roupas que nem lhes cabem, botas compradas com o dinheiro da humilhação e
decadência.
As meninas da Socoowski*.
Talvez tivessem outro destino.
Talvez não se desfrutassem nas
madrugadas e manhãs frias da Socoowiski, oferecendo-se nos pontos de ônibus ou
aos caminhoneiros de passagem.
Talvez tivessem outros sonhos, se a vida lhes fosse
afável.
Ou não.
Buscam o que precisam, não refletem,
não questionam. Seus sonhos são rasteiros e doídos, despidos de qualquer
beleza. Seu aspecto é tristonho. Carregam consigo o mais torpe fardo. Seu olhar
é perdido, quiçá um pensamento distante de um futuro que não lhes cabe,
vasculha de vez enquanto, a mente.
A prostituição é atividade profissional no Brasil,
enquanto praticada por adultos.
Mas serão adultas, as meninas da
Socoowski?
E há os que as procuram, por isso,
elas existem. Não importa se são menores ou não. Há os pais que as oferecem. E
o que fazem as mães das meninas da Socoowski?
O que querem as meninas da
Socoowski? Dinheiro, roupas da moda, drogas?
Certamente as drogas são ferramentas de seu trabalho.
São prostitutas as meninas da
Socoowski? Ou sofreram abuso sexual intra e extra familiar?
Estão ali por que querem?
Quem entende as meninas da
Socoowski?
Quem salvará as meninas da
Socoowski?
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