Quisera ser como tu, José. Tiveste a vida devassada pela sociedade patriarcal e machista da época. Carpinteiro que eras, carregaste pedra, para sobreviver. Lutaste contra as injúrias, o preconceito, o ciúme, a dor. Lutaste contra teus sonhos. Mas tua integridade justificou-se no amor por Deus. Um homem de fé. Um homem que superou os preconceitos e derrubou a maledicência. Que honrou a mulher. Que soube ser fiel, quando todos o julgavam, quando ele mesmo temia e a incerteza rondava seus pensamentos; quando a morte da dúvida avassalava seu ser. Um homem de fé. Que soube vencer os medos e discernir entre o que a sociedade lhe tirava e o que a vida lhe entregava de galardão.
Mas como enfrentar tudo isso, se não pelo amor?
Tu amaste, José. E por este amor, sobrepujaste qualquer temor, qualquer discórdia em teu coração. Quantas vezes choraste, José. Turbulências na vida, somente aplacadas pelo anjo a ti enviado. Até que a calma chegou e a mansidão de tua alma alternou a dor com a alegria. Tua sobriedade e honradez te tornaram o pai amoroso que lutou pela vida do filho amado. O medo, as traições te perseguiam, a ponto de precisares fugir para salvar teu filho. E foram tantos os dissabores, que precisaste superar! Por certo, soubeste ensiná-lo! Soubeste transmitir-lhe a sabedoria da paz, da tolerância, do momento certo de agir. Afinal, ficaste quatro anos no Egito para voltares à terra natal. E haja paciência para aguardar o tempo que já não era teu. E quando tudo parecia acomodado e tranquilo, teu filho se sobressaía entre os doutores da lei. Ali perto, à sombra, humilde o procuravas, orgulhoso talvez de o vires tão bem relacionado. Teu coração ordeiro e sábio, no íntimo sabia que ele voaria alto e que o Espírito justificaria em plenitude sua jornada. Por certo, José, não conhecias o futuro, mas teu coração garantia a tua parcela de protagonismo, mesmo ali, apenas na espera de teu rebento. É muito difícil ser como tu, José. Um homem onde a dúvida é aplacada pela fé.
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