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O DOCE BORDADO AZUL - 5º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 5º capítulo

O chá

Voltar para casa sozinha, após ter comparecido ao enterro de Irmã Dolores, foi muito doloroso para Lúcia, não por ter se sensibilizado com a morte da freira, mas pelo fato de a mãe permanecer no hospital, com traumatismo craniano, após a sua atitude imprevista. Estava frustrada ainda pelos projetos não realizados, tais como a mortalha que sonhara, no bordado magistral, engendrado pelas mãos hábeis da mãe.

A tarde era longa e desagradável. Não voltaria ao hospital. Laura estava bem, se restabelecendo, afinal o golpe não fora tão forte assim. Sentia pena da mãe, longe da pasmaceira da poltrona em frente à janela, sem poder mexer nos seus bordados, sem espiar a vizinhança, sem espicaçar nenhum vizinho desagradável. Não poderia fazer nada, a não ser esperar pacientemente para que as coisas se ajustassem aos poucos, principalmente na expectativa da conduta desfavorável da mãe em relação a ela. Certamente, ela teria muita dificuldade em perdoá-la. Afinal, fora golpeada, como uma pessoa suspeita, um presumível criminoso.

Como ela não tinha imaginado que seria a sua mãe, como não lembrara que sempre agira daquela maneira, quando criança? Mas faz tanto tempo! E as coisas mudaram tanto. Além de tudo, havia a carta estranha de Irmã Dolores, que sugerindo uma reunião com as suas amigas, para revelar alguma coisa que lhe interessaria muito. Seria um testamento? Seria uma dívida com alguma delas, uma herança? Estes pensamentos, de certa forma, animaram Lúcia, que até resolveu tomar uma atitude, não sabia muito bem o que, mas quem sabe tentar reencontrar as amigas, pesquisar seus endereços nas listas telefônicas, na Internet, nas conversas com vizinhos, no bairro em que moravam na época e até mesmo no mosteiro. Sim, talvez houvesse a possibilidade de Irmã Dolores ter deixado alguma informação com outra freira ou com algum funcionário, alguém próximo a ela, um parente, talvez.

Animada, correu ao quarto, conectou-se à Internet com dificuldade, insultando exasperada o computador obsoleto e a conexão lenta. Mas, quando abriu o google, preencheu em seguida o nome de Bárbara, não sabia o sobrenome, não lembrava detalhes, nem mesmo da fisionomia, a não ser que era uma menina magra e muito pálida. Sabia apenas que morava no mosteiro e seu maior sonho era o de ser uma bailarina profissional. Então acrescentou à pesquisa, a palavra bailarina. Desanimou-se. Recuperou quase um milhão de resultados. Mesmo assim, teria tempo. Procuraria com afinco, refinaria a informação, entraria em sites, blogs sobre arte, balé, academias, escolas, principalmente no exterior. Nem que passasse a tarde naquela tarefa, seria persistente para conseguir o seu objetivo. E o fez durante um bom tempo. Encontrou bem mais do que precisava. Num dos blogs sobre artes, havia uma notícia que grifava o nome de Bárbara e referia-se ao Brasil. Usou rapidamente a ferramenta de tradução e surpreendeu-se com o que descobrira. “A professora de dança, a famosa bailarina Bárbara Santiago perdera subitamente o marido, o Engenheiro Alexei Ivanóvich, num terrível e fatal acidente ...” Lúcia repetiu várias vezes a manchete. Só poderia ser ela, uma bailarina brasileira e o sobrenome não lhe era estranho. Bárbara Santiago. Iria ao mosteiro, investigaria os documentos, os registros antigos para descobrir se realmente era ela.

Estimulada com a descoberta, decidiu ir ao convento. Mas e quanto às outras? Estas, seria mais fácil descobrir onde se encontravam, pois estavam na cidade, embora nunca mais as tivesse visto. Preparava-se para sair, quando tocaram a campainha. Esbravejou, irritada, quem seria aquela hora, ela que estava sozinha, que precisava sair e agora apareciam pessoas para irritá-la, para tirá-la do sério. De mau humor, dirigiu-se à porta e a abriu rapidamente. Exigiria que a pessoa se afastasse, principalmente, se acaso se tratasse de alguém interessado em qualquer serviço. Era uma mulher alta, loira, bem maquiada. Lúcia perguntou de imediato, do que se tratava, ao que a outra respondeu, um tanto ansiosa.

– Desculpe, eu não sei se estou no caminho certo, quero dizer: procuro uma pessoa e a informação que eu tive era...

Os olhos negros de Lúcia saltaram das órbitas, observando fixamente a mulher. Pensou ainda um instante, fez cálculos matemáticos em sua cabeça, organizou pensamentos e exclamou, surpresa: – Ana! Você é Ana!

A outra se esquivou um pouco, acabrunhada. Não disse nada, a não ser abrir e fechar a boca, numa rápida restrição ao que pensava. Lúcia, ao contrário, prosseguiu, enfática.

–É você mesma! Imagine como as coisas acontecem. Agora mesmo, eu estava tentando encontrar o nosso grupo do colégio, lembra-se de Bárbara?

Não houve resposta conclusiva, apenas um não, mas pelo que Lúcia entendera, não se referia à Bárbara. Então, repetiu: – não se lembra de Bárbara?

A resposta reticente: –não... Ou melhor, me lembro.

–Mas, então entre, vamos. Precisamos conversar.

Foi interrompida, com um não, mas que desta vez, referia-se a si própria.

–Não sou Ana.

Lúcia a fitou, por um momento. Depois, voltou-se para o interior da casa e imediatamente para ela, respondendo e perguntando ao mesmo tempo.

–Não?! Não acredito! Eu me lembro muito bem de você. Mas se não é Ana...

–Sou... Eu sou...

Lúcia temia nunca mais ouvir o verdadeiro nome da mulher que estava a sua frente, tal era a sua dificuldade em se expressar. Impaciente com tanta hesitação, perguntou, impaciente: –Escute aqui, amiga, se não é Ana, fale a que veio e se despache, porque não tenho tempo a perder!

A mulher, numa compulsão, responde com voz grave e forte, quase soletrando as letras.

– Ma-da-le-na.

Desta vez, Lúcia teve a impressão de que uma barra de ferro desandava em sua cabeça, fazendo-a cambalear. Madalena, a Madá, como a chamavam entre si, como ela não tinha percebido? Então a confundira com Ana, que era tão diferente. Mas, certamente se justificava a sua perplexidade, afinal, passou tanto tempo, mais de dez anos. O que restava das quatro, a não ser, ínfimas lembranças, cada uma encaminhando-se para a sua própria vida de adultas. Só poderia ser Madá, realmente. Ela sempre tivera dificuldade de expressar os seus sentimentos, suas sensações e até mesmo de falar normalmente. Exagerava nos esses e erres e esquecia o conteúdo. Mas precisava desfazer aquela má impressão que causara, demonstrar que estava nervosa e que a tratara mal apenas por estar envolvida em seus problemas cotidianos. Por isso, amaciou a voz, aveludou a tonalidade, piscou delicadamente e dirigiu-se a ela com demasiado interesse.

–Desculpe, Madalena, é realmente você – e respirando fundo, acrescentou – como eu não tinha percebido. Na verdade, aconteceram coisas terríveis comigo, de ontem para hoje. Acredite que a minha mãe sofreu um acidente...

– A... acidente?

– Sim, um acidente terrível, ela levou uma pazada na cabeça, quero dizer, resvalou na calçada, bateu com a cabeça e teve um traumatismo craniano. Como se tivesse mesmo batido com uma pá, sabe? Mas felizmente foi só um tombo.

E, em seguida, percebendo que ao explicar, também se enrolava em demasia, emendou: – mas o que estou dizendo? Você não deve estar entendendo nada do que estou falando, não leve a mal. É que estou muito nervosa, sabe. Foi traumatismo craniano.

Madalena apenas concluiu, desolada: – coitada!

–Foi por isso que eu agi daquela forma pouco educada com você, peço mil desculpas! – e colocando, teatralmente a mão sobre o peito – por favor, me perdoe, de verdade. Do fundo do coração, eu jamais magoaria você, uma colega de infância.

Madalena fez menção de retirar-se, afinal, entendera que não era um bom momento para visitas, dizendo que em outra oportunidade conversariam com mais calma, mas Lúcia novamente desculpou-se, pedindo que entrasse. Só assim, se sentiria perdoada. A casa era simples, os móveis antigos, mas certamente muito acolhedores para receber uma amiga. A outra então balançou a cabeça pra cá, balançou pra lá, como uma criança que na dúvida, entre escolher um doce e outro, escolhe o que o pai determinou. Então entrou.
Atravessou a porta, limpando cuidadosamente o sapato no capacho, como se fosse um hábito rotineiro. Lúcia a observou com uma certa náusea. Ela sempre fazia este gesto, agora vinha-lhe nitidamente na mente, como se fosse hoje, num dia qualquer do passado, uma entrando na casa da outra, após percorrerem o caminho entre a parada do ônibus e a casa de Madalena. Era uma rua enlameada, suja, empoeirada. Ela repetindo aquele hábito ridículo e vulgar.

Pediu que sentasse na poltrona, mas Madalena hesitava, como se não devesse, como quando criança: dar o recado e afastar-se depressa para a casa, impedida de ficar. Lúcia insistiu: – por favor, sente-se Madá.

A outra avermelhou, os lábios estremeceram e quase gritou, suplicando: – não, Ma-dá, não. Por favor.

Lúcia riu de um modo escancarado.

– Desculpe, é a força do hábito. Nós sempre a chamávamos assim, e parecia tão afetuoso. Lembra daquela música do Ivan Lins, oh, Madá, oh Madalena, Oh, Madalena-lena-lena-ná.

Madalena sentou-se desolada. Não tinha argumentos, mas não gostava do que ouvia, e depois, pensava consigo, como ela ainda tem este hábito, se a tinha confundido com a outra? Se esquecera que ela existia e apenas recordou-se quando se apresentou. Olhava para os joelhos brancos, descorados, sentindo-os trêmulos, debilitados.
Lúcia percebeu o estado da mulher e esforçou-se em parecer afável.

–Acho que estou sendo inconveniente. Se você veio aqui é porque tem algum motivo.

Madalena levantou a cabeça, os olhos azuis esbranquiçados, num cinza aguado na lágrima que tentava esconder.

Lúcia abreviou a conversa, sugerindo trazer um chá quente para conversarem, sem ouvir o frágil protesto da outra, que tentava dizer que não queria nada, que não se incomodasse.

Madalena olhou para os lados, vendo-a afastar-se. Limpou delicadamente os olhos com um lencinho de papel, suspirou, mergulhou no passado, lembrando-se como era o comportamento de Lúcia. Não tinha mudado praticamente nada. Era a mesma mulher, a mesma mulher que nunca fora criança, que sempre agira como adulta. Esperta, prática, cheia de ideias e planos, muitas deles que não davam certo, principalmente para quem participasse. Então, passou a examinar o ambiente. Havia duas poltronas vermelhas, feitas de um material sintético, de fundo brilhante, com algumas pintinhas pretas e prateadas, causando reflexos estranhos. Uma delas estava próxima à janela e ao lado, uma pequena mesa redonda, sobre a qual havia centenas de panos, bordados, toalhas de crochê, centros de mesa, guardanapos de todos os tipos de tecidos, sempre guarnecidos com enfeites, rendas e bordas. Fazendo parte do cenário, um pequeno baú com carretéis, novelos, agulhas, bastidores e toda espécie de instrumentos dedicados ao bordado. Foi no que ela mais se deteve e pacientemente, aproximou-se e começou a manusear os diversos panos, guardanapos e todos os desenhos trabalhados, esquecida até dos demais detalhes da casa. Nem percebeu as imitações baratas de quadros famosos nas paredes, nem as fotografias em preto-e-branco, de pessoas que pareciam observar o que se passava ao seu redor. Entre as duas poltronas, outra mesa pequena com algumas adornos obsoletos, pequenas figuras em porcelana, herança de tempos idos. Em um canto da sala, um televissor antigo enfeita uma estante vazia, exceto por uma bíblia amarfanhada num canto, parecendo à primeira vista excessivamente usada, mas chegando-se perto, observa-se pela poeira vigente tratar-se apenas de um objeto de decoração.
Madalena deixou-se ficar, encantada, desta vez, segurando um bordado todo em azul, imaginando ser uma toalha de mesa ou alguma guarnição de baú ou talvez um colcha. Encontrava nele, entretanto, um desenho que lhe era familiar, não sabia de onde o tinha visto, mas tratava-se de um símbolo, uma flor de Liz vermelha, num moldura azul, como se fosse um triângulo. Havia alguma coisa de singular neste trabalho, talvez um símbolo de uma instituição, que ela não conseguia decifrar.
Estava assim, envolvida nestes pensamentos, quando Lúcia apareceu com uma bandeja de chá e alguns biscoitos. A jarra de porcelana fumegante, as xícaras tilintando pela pressa do carregar, o ar ansioso, a paciência limitada. Largou sobre a mesa de centro com estardalhaço, para chamar a atenção. Quase gritando, exclamou, exultante, produzindo um sobressalto em Madalena, mesmo sabendo que a outra já entrara na sala.

–São lindos, não? Suaves, belos, magistrais. Minha mãe tem mãos de fada!

–São... são de sua mãe?

–Sim, ela gasta todo o seu tempo fazendo estes bordados, estas verdadeiras obras-primas – empurrando-os com a mão, sem qualquer cuidado, convidou-a para sentar-se e deixar aquilo para lá. Deveriam se acomodar e tomarem o chá, antes que esfriasse. Madalena obedeceu e voltou a sentar-se na poltrona. Lúcia a serviu com o bule, tentando ser delicada e a seguir, fez uma tentativa de início de conversa, tentando abordar o tema que imaginava ter trazido a visita.

– Madalena, estou pensando que você veio aqui com um único motivo. A morte de Ir. Dolores.

Madalena encheu novamente os olhos d’água. Na verdade, este acontecimento não passara de um pretexto. Estava depressiva, precisava encontrar um novo foco em sua vida. Lembrou das amigas de infância. Lúcia insistiu: – trata-se da morte da irmã?

Madalena engoliu mal a bolacha, afoita, engasgando-se, ficando em brasa. Tossia ininterrupta, desesperada. Lúcia levantou-se, aproximou-se e puxou-lhe as orelhas para cima, desafogando-a. Madalena tentava falar alguma coisa, mas a voz surgia sumida, resfolegando agoniada pelas cordas vocais. Olhava-a em desespero e dos olhos não se continham as lágrimas. Lúcia tentou acomodar as coisas, mostrando-se compreensiva.

–Vamos, vamos, não se incomode. Isso acontece com todo mundo!

Fez-se silêncio. Madalena pediu para ir ao banheiro ajeitar-se e lavar o rosto. Lúcia mostrou-lhe o caminho e ficou se perguntando porque a deixara entrar. Sempre fora cheia de frescuras, não me toques, temores injustificáveis. Não passava de uma idiota. Mas agora, precisa aturá-la. Pra que ajeitar-se, como ela mesma disse? Lavar o rosto, retocar a maquiagem? Por que não não se utilizou de um guardanapo e limpou aquela boca mole, que se deixou engasgar feito uma criança desesperada pelo doce. Ah, tinha aversão por pessoas fracas e frouxas como ela.

O tempo passou lentamente para Lúcia, que caminhava de um lado para o outro da sala, já pegando as xícaras para levar à cozinha e talvez aquecer o chá novamente, mas eis que aparece Madalena, completamente refeita e até com um leve sorriso no rosto. Um sorriso tão tênue que quase não se notava, mas se podia adivinhar uma certa leveza, uma débil segurança, que anteriormente não havia. A maquiagem refeita, os olhos, embora vermelhos, mas já não chorosos, bem delineados com o lápis preto, acentuando o azul-acinzentado, as sobrancelhas marrom-claro, os cabelos loiros caídos nos ombros. A boca vermelha contrastava ainda mais a brancura da pele.

Lúcia acenou que estava retornando com as xícaras para aquecer o chá, e não sabia se voltava e largava novamente a bandeja com todos os utensílhos sobre a mesa, ou se definitivamente a levava até a cozinha. Surpresa, sentiu a mão de Madalena pousar-lhe no braço, impedindo-a pausadamente, que deixasse o chá. Precisava apenas conversar com ela e isso, disse-o com todos os esses e erres. Lúcia largou a bandeja e sentou-se desajeitada na poltrona da mãe, amassando os guardanapos que ainda haviam por ali.

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