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Quase parente

Ela nem tinha chegado aqui e eu já me emocionara com a sua presença. Era forte, altiva, esclarecida e divertida. Nas poucas horas em que tínhamos contato, na verdade, eu que ficava hipnotizado por ela, meu dia ficava mais festivo. Ou melhor, a noite, o período em que realmente nos encontrávamos na casa de uns amigos de meus pais. Depois, passávamos praticamente uma semana sem nos vermos. Até que chegou o grande dia. Ela apareceu majestosa, imponente, tomando conta da casa como se fosse uma visita. Uma visita esperada, aguardada e que já tomava ares de hóspede eterna. Ficava no melhor lugar da sala, defronte ao sofá, onde permanecia mais exposta e parecia estar sempre pronta ao diálogo. Diga-se, a bem da verdade, que às vezes, parecia indisposta, um tanto alheia e embora fizéssemos o possível e o impossível para que correspondesse, não dava as caras. Mas nunca a censurávamos, ao contrário, ficávamos felizes quando ela voltava. Muitas vezes, não foi exclusividade minha, amigos apareciam

Um natal ecumênico

Nos dias que antecedem o Natal, percebemos que apesar da correria natural pela proximidade da data, ocorrem, por vezes, acontecimentos inesperados e muitas vezes inexplicáveis. Numa data distante, num Natal que se vai no tempo, ficaram as lembranças como registros que vira e mexe, nos ocupam a mente. Lembro de meus pais atarefados, cada um na sua atividade, além da demanda natalina. No jantar, eu e minha irmã conversávamos animados sobre os brinquedos, o tema que mais nos interessava. Ela já tinha escolhido o seu, uma boneca de louça, olhos azuis que abriam e fechavam e comentava isso com a maior eloquência, como se fosse o ápice da modernidade. Já havia, inclusive, escolhido o nome: Maximira Carlota. Eu a ficava ouvindo e me perguntando que nome era aquele. Mais tarde descobrira que era a protagonista de uma radionovela, uma personagem que chorava o tempo inteiro, vivendo a mocinha ingênua e sofredora. Eu sonhava com um caminhão com carroceria ou uma locomotiva. Meu pai falava

O DOCE BORDADO AZUL - 22º CAPÍTULO

Hoje é quinta-feira. Nosso folhetim continua com o 22º capítulo. Na próxima terça, continuamos na sequência. Espero que gostem! Faltam 8 capítulos apenas!Vamos a ele! Capítulo XXII A visita de Gustavo Quando entrou, Gustavo imediatamente acomodou-se no sofá, observando atento os outros móveis. Percebeu que Bárbara sentara na lateral de um divã antigo, com as pernas finas enviesadas, uma colada na outra, de uma maneira que julgava elegante. Pensou em fazer um galanteio, mas calou-se. Ela poderia levar a mal, achando que havia algum interesse de sua parte, que não fosse o motivo por que viera até a sua casa. Bárbara, vez ou outra, virava o rosto para a janela, olhar perdido nos telhados cheios de musgos e plantas que se sobressaíam, cultivadas pela umidade das infiltrações. Ele achava-a uma moça estranha. Tinha uma certa tristeza solene, que não conseguia decifrar o motivo. Via em seus olhos uma dor inatingível, o que não lhe diminuia a beleza e simplicidade. Talvez pela