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Contar estrelas

Dou alguns passos em direção à porta da rua. Lá fora, é tão íntimo quanto aqui dentro. O quintal sombrio, as estrelas pontilhando o negrume do céu sem lua. Pode haver estrelas, quando a lua se esconde? Percorro as vielas estreitas, esgueirando-me entre os canteiros mal desenhados, com a cabeça para o alto. Sinto uma dor no pescoço, mas insisto na manobra radical para minha idade. É bom ficar assim, feito criança, olhando o céu, apenas o vazio infinito, perdido num mundo que não é mais meu. Ou de ninguém. Mas quero viver este momento evasivo, no qual a solidão se esvai como balão estourado. Fugidio, brigando com arvores, destelhando nuvens. Acendo velas para os mortos ou para os vivos. Não sei. Agora que a energia faltou, bom viver na escuridão quase total da noite. Não fossem as estrelas...Quisera não sair nunca mais do meu quintal, nem sentir o cheiro agro-doce das velas. Parecem incenso vagabundo da dona da Confeitaria. Que tem a ver incenso com confeitaria, com pães e doces

SOU DO CONTRA!

Eu sou contra tudo isso. Não importa que me fritem com azeite quente, nem que me façam ferver no fogo do inferno. Sou assim e não vou mudar. Quero acabar com as alianças dos que se enfileiravam à direita do prato. Há os que se regozijam do mal que nos fazem, mas tenho comigo, que apenas servem ao verdadeiro sabor da vida. Dias e dias os assisti calado, sem dizer nada, esperando que algum dia liberassem. Dei com os burros nágua. Mas agora, não vou voltar atrás, não vou declinar por falsas ameaças. Está na hora da luta. Comecei agora. Retirei devagar aquelas alianças de barbante que envolviam as linguiças campeiras, uma por uma e coloquei para o outro lado do prato. Da direita, para o outro canto, para incluir na mesma porção, os temíveis pedaços de bacon alinhavados com o queijo gorgonzola e o paozinho de alho. Todos os embutidos foram se soltando, as linguiças amarradas se transformaram em pequenos blocos de petiscos proibidos, um a um, pendurados em argolas, agora desfeitas e s