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O SEGREDO

Quando avistou a mãe no velho espelho do quarto, pensou que chegara a hora. Olhar enviesado, taciturno. Precisava de coragem, isso sim. Coragem que nunca tivera na vida. Era um fraco, diziam seus irmãos, truculentos e pouco amistosos. A própria mãe se preocupava com aquela passividade que sempre o caracterizara. Mas, enfim, era chegada a hora. Como contar porém, que à noite, não ia para a casa de amigos, mas apenas circular por vielas escuras. Um impulso indefinido. Talvez sentir-se vivo. Impulso, pulsão, compulsivo. Tudo que havia ouvido de centenas de psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e até autores de autoajuda. Sabia, entretanto que precisava seguir o ritual. Um sentimento de busca, uma verdade inconteste que latejava no peito e respondia no sexo, o degrau inferior que percorria pensamentos, mas que o impelia a se sentir alguém. Talvez fosse um louco, destes que andam às escuras, escondidos nas brumas das árvores dos parques, prontos a atacar ou serem atacad

O DOCE BORDADO AZUL - 17º CAPÍTULO

Nosso folhetim como se fazia no século XIX, nos jornais brasileiros, continua em todas as terças e quintas, na sequência dos capítulos. Hoje, como é terça-feira, apresentamos mais um capítulo. Capítulo XVII O amor de Laura Laura ouviu a filha afastar-se para o quarto. Foi até o canto da sala e a avistou: assim magra, esquálida, olhos inchados. Ela havia chorado. Mas que podia fazer se era assim, tão suscetível. Por que se preocupava tanto com a morte? Por que temia a morte? Na verdade, Lúcia sempre fora uma menina assustada, com medos estranhos, terrores do desconhecido, e a morte para ela, nada mais era do que o enfrentamento do ritual. O que sempre a assustou foi todo o ritual do velório, da palidez do cadáver, dos cantos fúnebres, da missa de corpo presente. Isso que a assustava, também causava-lhe certa curiosidade, que não conseguia evitar. Sabia que no fundo, havia um certo prazer com a morte e esse frisson a deixava em pânico. Não suportava alegrar-se com o ritual, conce