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A CASA OBLÍQUA - CAP. XXXII

NOSSO FOLHETIM ESTÁ CHEGANDO AO FINAL. FALTAM POUCOS CAPÍTULOS! Ao anoitecer, Clara já vestida com as roupas habituais saiu do quarto, esgueirando-se pelo corredor afora, tentando fugir do hospital. Sabia que se permanecesse ali, teria que constituir advogado para sair em liberdade. Faria isso, mas não agora, em que as coisas se encaminhavam. Devia ir ao banco que Dona Luisa tinha informado, abrir o cofre e descobrir o segredo que a aguardava. De gabardine, guarnecida até a cabeça, afastou-se rapidamente para a rua e chamou um táxi. Ao tomarem uma distância boa do hospital, ela pediu ao motorista que retornasse em direção ao centro. Bastava seguirem uma rótula que desembocaria numa avenida arborizada, na qual encontraria o que precisava. Ao parar o carro, desceu sem olhar para os lados, atravessando a calçada e entrando numa loja. Não demorou três minutos e voltava ao veículo com um pacote, que trazia junto à bolsa. No carro, olhava para fora, tristemente. Pensava e

A FAINA DA BRASA

Animais dão-se as mãos nas campinas Verdes que se espraiam olhar afora Vozes que flutuam em zumbidos longínquos Homens se agrupam na prática eufórica Quando eles chegam de mansinho Deixam os pastos repousar Deitam as arestas de seu sono E dormem em flores a vicejar Humanos acendem fogueiras Perpetuam fogos e álcool a selar Vitórias que chegam com os arreios Ferramentas que lá vão provar No dia da desova das paixões Animais afastam-se em vão Agitam-se desesperados na rotina Da brasa que lhe cede a alma ferina Homens violentam seus bordões Gritam, rudes na faina da brasa Riem, na luta da guerra à vida A morte que chega sem saída Animais caem ao relento Esbaforidos, sedentos e sofridos Olhares perdidos nas vagas madrugadas que anseiam, mas que nada se sonham, nem sabem decifrar A morte é certa, a berrar a brasa ardente escaldando as carnes o sangue transbordado na terra ferida Homens dão as mãos nas campinas Cantam canções de vitórias e gritos de g

NOITE FELIZ

Noite feliz Meu avô, lembras, das noites natalinas, à espera daquela consagrada a Ele? Lembras das carruagens enfeitadas com luzes, em cenários enluarados, onde fogos riscavam céus e nossos olhos encantados nos anjos vestidos de gente? Lembras das tuas frases curiosas, tuas histórias brilhantes, teu afago em meu peito, enquanto seguravas firme a minha mão, assim, pequena, na tua tão grande? Mão de avô, firme, forte, segura. Lembras? Não, não mais lembras e se o fazes, deve ser de uma maneira diferente em que as lembranças ecoam contagiadas da mesma alegria anterior, sem esta melancolia que me atinge. Talvez não haja mais passado para ti, nem futuro. Só o presente em que me acompanhas de longe, inspirando-me melodias e poemas, que inventas sem que eu perceba, para que seja feliz. És bem capaz disso. Teu coração sublime, tua verdade inabalável. Tuas histórias em que me incluías ao lado de cada herói, de cada passagem vibrante, onde a vida brotasse plena em nossas mãos