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A CASA OBLÍQUA - CAP. XXII

No capítulo anterior de nosso folhetim, Clara deduziu através da fotografia de dona Luisa, que a chave estaria na casa da praia, onde segundo ela, passara os dias mais felizes de sua vida. Neste dia em que ela mostrara a fotografia à Clara, lembrara também da mãe, Moema, com uma certa amargura. Assim começa o nosso vigésimo segundo capítulo, com a história de Moema, que voltava do correio. Moema voltava com um embrulho nas mãos, um pacote envolvido em papel pardo, devidamente lacrado. Noutro envelope, uma fotografia do filho. Trazia-a na mão, parecendo carregar um bem precioso, olhando-a detidamente, caminhando tão devagar que Luisa pensou numa tragédia. Vendo-a pela janela do porão, Luisa aventurou-se pela cozinha, seguida de Saymon. Coração bamboleando, tanto quanto as pernas. Um forte sentimento de culpa, uma pergunta intensa que lhe martelava o cérebro. Moema chegou em casa, empurrou o pequeno portão de ferro, com um joelho, como quem ultrapassa apenas um pequeno obstáculo

A fotografia da vida de Santa - CAP. 21

Nosso folhetim dramático e exagerado é publicado às terças-feiras e aos sábados. A seguir mais um capítulo, agora nos capítulos finais, no qual os desfechos aos poucos vão acontecendo. Boa diversão! Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/chá-preto-e-branco-bule-de-chá-1001654/ Capítulo 21 Santa desliga o celular e se surpreende com a visita de Letícia. A filha dificilmente apareceria, a menos que fosse chamada para algum encontro de família, como no caso das reuniões que aconteceram há pouco. De todo modo, estava feliz com a presença da filha, embora a achasse um pouco estranha. Leticia tomava chá ao seu lado, na varanda que desembocava num jardim enorme, do qual se avistava algumas montanhas. O por do sol ficava muito bonito, naquela região. Santa observa a filha com carinho e mostra-se afável. Percebe, no entanto um certo desconforto, que não caracteriza a personalidade de Letícia, afinal sempre categórica e arrogante. – Fico muito contente que você tenha vindo, L

SOBRE O FILME "UM MESTRE EM MINHA VIDA"

Um mestre em minha vida é um filme de 2011, com 83 minutos de duração, baseado na peça teatral de Athol Fugard chamada “Master Harold and the boys”. Tanto o filme quanto o livro receberam o mesmo título, no Brasil. Vamos falar um pouquinho sobre o autor da peça, um renomado dramaturgo sul-africano, que vivenciou todos os horrores do apartheid e incluiu este tema em muitas de suas peças, inclusive nesta, acenando para a gama de sentimentos que revela o ser humano desnudo em suas percepções da vida. Ao contrário do que se possa deduzir em situações conflitantes, extraordinárias e limites, o homem age de modo natural, capaz de amar e odiar, em que pese às circunstâncias desfavoráveis. Através de um discurso inconfor mado e eivado de lutas de resistência ao apartheid, Athol Fugard tenta refletir as transformações das relações pessoais através do contexto político-social. Afinal, o homem é produto do seu meio e age em conformidade com seus sentimentos arraigados e obsessivos, inter

O DOCE BORDADO AZUL - CAPÍTULO 10º

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 10º capítulo. Capítulo X A volta Lúcia percorreu sem pressa os jardins do convento, como se pretendesse retardar ao máximo o encontro. Estava e aflita. Não havia o que temer. Apenas, sentia-se insegura, como se o seu futuro se decidisse naquele encontro, considerado absurdo alguns dias atrás. Ao chegar na sala de reuniões, foi recebida por Irmã Carlota, que parecia ansiosa, segurando-a pelo braço, como e a poupasse de uma entrada desagradável. Talvez quisesse preparar-lhe o espírito. Conhecia Irmã Carlota há tantos anos e nunca a vira tão insegura. ––O que aconteceu Irmã? Parece que não quer que eu entre... Percebera que a freira estava pálida. Nunca esperaria a resposta tão incisiva. ––É verdade. Não quero que você entre. Estava esperando-a para impedi-la. ––Não estou entendendo. Foi a senhora que me convidou, quase me intimou. A freira conduzi

O DOCE BORDADO AZUL - 5º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 5º capítulo O chá Voltar para casa sozinha, após ter comparecido ao enterro de Irmã Dolores, foi muito doloroso para Lúcia, não por ter se sensibilizado com a morte da freira, mas pelo fato de a mãe permanecer no hospital, com traumatismo craniano, após a sua atitude imprevista. Estava frustrada ainda pelos projetos não realizados, tais como a mortalha que sonhara, no bordado magistral, engendrado pelas mãos hábeis da mãe. A tarde era longa e desagradável. Não voltaria ao hospital. Laura estava bem, se restabelecendo, afinal o golpe não fora tão forte assim. Sentia pena da mãe, longe da pasmaceira da poltrona em frente à janela, sem poder mexer nos seus bordados, sem espiar a vizinhança, sem espicaçar nenhum vizinho desagradável. Não poderia fazer nada, a não ser esperar pacientemente para que as coisas se ajustassem aos poucos, principalmente na expectativa da