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Mostrando postagens com o rótulo carrasco

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI EM FLORES II

Rosas se espalhavam pelo alambrado, tingindo de vermelho o cenário, no qual se avistavam pequenos pedaços de azul da parede do prédio. Quase não se via o outro lado da cerca, tão fortes estavam as rosas. Tínhamos a impressão que o verde era apenas um adereço à beleza e ao perfume que revelavam. Houve momentos em que cresceram tanto, que atingiram o jardim por trás da cerca, envolvendo-se nas margaridas, nas frágeis papoulas ou nos vigorosos cravos amarelos. Achavamos que o vermelho suplantava as cores da discórdia, do ódio, da intolerância. Pensávamos que o desafio estava tomado, que o sangue vertido nas lutas pela democracia representava os anseios de uma sociedade fragilizada por anos e anos de dissociação cidadã de sua pátria. Achávamos por fim que a sociedade estava madura. Mas as pétalas foram caindo aos poucos, lentamente, no subterrâneo dos insetos devoradores, minando as raízes, as folhas, os galhos. Minando o verde da esperança até chegar no vermelho. O vermelho

O DOCE BORDADO AZUL - 15º CAPÍTULO

Todas as terças-feiras e quintas publicarei capítulos em sequência do romance "O doce bordado azul". A seguir o 15º capítulo. Capítulo XV A transformação de Laura Laura agora sentia-se aliviada. A conversa com a filha lhe transmitia a segurança que sentia evadir muitas vezes, como se perdesse o controle sobre seus atos. Mas conversar com Lúcia, impor-lhe suas razões, tinha o poder de retomar aos poucos a segurança, talvez até a autoridade que mantinha sobre a filha, pois esta não conseguia encontrar qualquer falha em seu caráter que pudesse acusá-la. Voltou ao bordado com sofreguidão, experimentando uma criatividade instantânea, uma necessidade de concluir o trabalho com urgência. Sua autoestima estava em alta. Lúcia, ao contrário, continuava desanimada com tudo que acontecera. Ela lhe dera dicas de como mudar a situação adversa, mas não fora ouvida. Pelo menos, por enquanto. Mais dia, menos dia, aos coisas mudariam e ela a obedeceria, pois era a única alternativa vi