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O DILEMA DA PRIMEIRA-MINISTRA

Este conto faz parte de uma oficina literária com o desafio de se inserir no conflito dois personagens reais, Indira Ghandi e o papa João Paulo I. Um encontro impossível, pura ficção.

A Primeira-Ministra da Índia, Indira Gandhi teve uma visita inusitada, na penúltima noite de outubro de 1984: um emissário da Mossad e o Papa João Paulo I. Tudo começou assim.

Indira ensaiou alguns passos, decidida, em direção ao corredor pouco iluminado, observando os pequenos focos de luz que vinham do jardim. Estremeceu, tinha consigo que alguma coisa fatídica estava por acontecer. Mas ultimamente, sua vida estava recheada de acontecimentos surpreendentes. Examinou-se no espelho lateral, próximo à porta, ajeitou com as duas mãos, a ghaghara, saia longa que lhe parecia menos pretenciosa do que o sári e acolheu o véu à cabeça, o significativo odhini, que produzia, sabia disso, uma expressão mais resoluta e misteriosa. Salientava seus olhos negros e grandes, e seu nariz alongado causava um ar de sapiência estudada. De todo modo, talvez a situação exigisse tais doses de vaidade.

Quando chegou à sala e avistou as duas figuras na penumbra, teve um sobressalto. Um dos homens levantou-se e acercou-se dela, apertando-lhe a mão, amistoso. Era o emissário da Mossad, chamado Hersch. Ela, entretanto, não conseguia desviar os olhos do outro, cuja fisionomia quase se escondia na penumbra.

Hersch, ao seu lado a fitava sem sorrir. Seus lábios finos e olhar entrecortado, se deparavam com uma mulher assustada, o que o deixou intrigado. Não imaginava encontrar uma mulher como Indira Ghandi, assim, desorientada. Passou a mão imensa pelos cabelos ralos, apertou os olhos azuis que pareciam disparar das órbitas e perguntou:

- Conhece-o, não? A senhora tem a plena consciência do motivo pelo qual estamos aqui.

- Sim, evidentemente. Mas como é possível isto?

Neste momento, o outro se aproximava lentamente. O cabelo grisalho alinhado para a direita, os olhos apequenando-se atrás dos óculos, ante a fisionomia alegre, o sorriso denso. Vestia-se com um terno preto e o colarinho fechado, vestimenta de sacerdote. Mais perto, percebeu um leve suor na testa ampla de Indira. Esta puxou o véu um pouco para trás e estendeu-lhe a mão.

- Não posso acreditar, não consigo entender como o senhor está aqui.

- Quando Irmã Vincenza veio trazer-me o café da manhã, com o seu afável "Buongiorno, Santo Padre" e eu não respondi, muitos também não acreditaram. Meus partidários, porém, sabiam de tudo. Ou pretendiam saber. Quanto à V. Exª., é preciso acreditar além do que vê, fundamentada nos sentimentos.

Ele sorriu, aconchegando as mãos nas suas.

Indira se recompôs e, por um momento, esqueceu toda dúvida e temor.

- Por favor, V. Santidade, me chame de Indira. Se tenho um milagre em minha casa, em meu País, deixemos de formalidade - e dirigindo-se a Hersch - O emissário também deve ter uma revelação importante, para chegar a este extremo!

- Muito mais do que eu, senhora. O Santo Padre tem muito a dizer. Eu sou um emissário da Mossad, e a minha intenção é salvaguardar as comunidades judaicas na Índia, o único país onde não sofremos discriminações. E a senhora sabe, a religião mulçumana está crescendo muito neste país.

- Nosso encontro teria um caráter informal.

- Exatamente, senhora. O Santo papa que me convenceu a vir aqui!

- Mas ele não está...?

- E quem não está, não é mesmo, nos dias de hoje, onde há tantas traições.

Ele os interrompeu:

- Alguns dias atrás, o dezessete de outubro seria meu aniversário. Atualmente tenho outra data a comemorar. É a impermanência da vida, como refletem os hindus.

Os demais silenciaram. A Primeira Ministra até tentou ser gentil, mas aquela ideia era tão extraordinária, tão surrealista que não encontrava meios de se comunicar e sentir-se à vontade. Ofereceu-lhe um chá. Em seguida, uma criada aproximou-se e serviu-o, na mesa despojada que destoava da sala ornamentada. O papa João Paulo I serviu-se com absoluta calma, gestos pausados, delicados. Seu olhar pousava nos objetos, como se pretendesse ajustar neles o olhar que os vislumbrava. Um olhar apaixonado, vibrante, que não se coadunava com o dos demais. Indira tomava alguns goles, sôfrega, ouvindo a declaração do emissário.

- Não se preocupe, que meu amigo Luciani, ele permite que o chame assim, me induziu da maneira mais tranquila. Surgiu como um frágil foco de luz, quase a chama de uma vela, que foi se fortalecendo, até se tornar uma luz densa e arrebatadora. O papa sorri, dizendo que o emissário tem a capacidade de acomodar tudo numa caixa padrão e sempre o conteúdo é maior do que o invólucro. - Certamente, V. Santidade sabe do que estou falando. Quando me apareceu, eu não tinha a expectativa, nem o sentimento do que realmente deveria fazer.

- Essa expectativa se refere ao meu país? - perguntou Indira, intrigada.

- Podemos afirmar que é de uma abrangência mundial.

- Então encaminhemo-nos ao meu gabinete. Na verdade, devia tê-los convidado desde que chegaram.

- Se não se importa, senhora, ficamos por aqui mesmo. A menos, que haja a impossibilidade do sigilo. - Asseverou o emissário, abandonando, cauteloso, a xícara sobre a mesa.

- Meus guarda-costas da etnia Sikh cuidam de meus negócios. Eles têm a disciplina como eixo principal de sua crença e tenho absoluta confiança neles. Acho porém, que no escritório ficaríamos mais bem acomodados.

- O que tem a dizer, meu amigo Luciani?

- Que a oportunidade se aporta. O que temos de fazer não deve esperar, a não ser com o tempo da compreensão.

- Então está bem. Continuemos aqui.

- Nós viemos, naturalmente por um motivo especial, mas deixarei que meu amigo mesmo a convença. - Apontou para o papa que fisgava um doce com a ponta do garfo.

- Estou ansiosa em ouvi-lo.

- Talvez o que tenho a dizer-lhe não mude em nada os fatos ou pelo menos, não a curto prazo. O essencial, no entanto é conhecer a verdade e a verdade está acima de nosso conhecimento. É única. Não existem duas verdades. Não se pode afirmar que tal autoridade sofreu um ataque cardíaco ou que morreu pela espada. Não. A morte é uma só. Por isso, a verdade, vem do alto e a mentira é dos homens.

- Mas os homens são filhos de Deus.

Indira percebia-se mais tranquila, o que a deixava intrigada, não a ponto de negligenciar a curiosidade. Deveria ocupar seus pensamentos e coração naquele encontro e no resultado que produziria em sua vida. Talvez fosse isso, uma guinada, uma mudança de direção e ela pudesse assim, vencer todos os adversários, de agora em diante.

- Há duas maneiras de nos encontrarmos com a verdade: a primeira é abrir o coração e deixar que a verdade flua do alto, sem a nossa participação física. Na adoração, na entrega do espírito, na meditação, no deixar envolver-se nas mãos de Deus. A segunda, é agir de acordo com a lei, com as condutas de moral, de honestidade, bondade, de consolo, de integração com as rochas, com as conchas, com os animais, com a natureza. Deus não está apenas no sacrário, ou na comunhão, ou no sacrifício da missa, como o veem os religiosos, mas na natureza, em todas as religiões, em todas as crenças, nos pobres, nos que vivem à revelia da sociedade, até nas pedras.

- V. Santidade acredita nisso... meu Deus, fala como um hindu!

- Sou a favor da vida.

- V. Santidade me deixa confusa. Não veio aqui para me convencer ou falar de religião?

- Seguramente, não falei de religião.

- E o emissário, o que tem a dizer?

- Vou direto ao ponto. Não queremos que V. Exª. perca o poder para os conservadores. Os mulçumanos há cada dia propagam mais a sua religião e ratificam o ódio pelos judeus, além disso, os conservadores de ultradireita entregarão a Índia ao grande colonizador, à Inglaterra, através da dependência econômica. Não queremos isso. Não podemos ser massa de manobra! O governo fatalmente se submeterá aos interesses das classes superiores, dos donos de terras e sindicatos poderosos. Haverá toda sorte de criminalidade e corrupção! Os poderosos terão preferência aos partidos organizados.

- Um me fala de política e o outro de religião!

- Não, do encontro com a verdade, que vem de Deus.

- Mas então?

- Vim aqui para que o movimento que alavanca as possibilidades dos mais pobres não pereça. Que o slogan de 1974 "garibi hatao" seja reativado. Que a Índia dispense o apoio internacional e execute o seu próprio desenvolvimento social. Que não haja ódio entre doutrinas, mas a união entre os filhos de Deus. Por isso, eu o convenci a vir, afinal, ele luta pela reintegração dos judeus, que faz parte deste caldo cultural tão dissociado da realidade nos dias atuais.

- E como resolver esta questão, Santo Padre? O senhor tem uma solução?

- A solução depende de sua aproximação com os representantes da religião Sikh e pedir perdão.

Indira chacoalhou a colherinha entre os dedos. A observação era absurda. Esquivando-se de qualquer agressividade, porém, perguntou com paciência:

- Por que V. Santidade me pede isso?

- Porque é a única maneira de evitar o derramamento de sangue que está por vir. Tal como Irmã Vicenza em meu leito de morte, V. Exª. desconhece o destino do homem, as tramas que o envolvem. Ele fez uma pausa, segurou-lhe as mãos, afetuoso e pediu que ouvisse o que o emissário tinha a declarar, em relação aos detalhes políticos.

Hersch assentiu, de bom grado.

- Pois não, amigo Luciani. Para que o destino da desavença e da destruição não se cumpra, a senhora deve assumir o perdão de seu governo como ferramenta essencial para a paz. Deve estender a mão aos sikhs, pedindo que acolham o seu pedido de perdão pela invasão ao seu templo sagrado - e antes que ela tentasse argumentar ao seu favor, ele prosseguiu, enfático - sabemos que foi uma tentativa desesperada de trazer a paz à Índia, impedindo que o líder dos separatistas exercesse maior desestruturação da nação, mas a que preço, não? Olhe, não pedimos que V.Exa. se converta a sua crença, apenas que mantenha um olhar mais atento, quase de súplica, investindo nos sentimentos mais profundos de seus partidários.

A primeira-ministra ainda tentou esclarecer, do jeito que costumava convencer a si mesma de que havia sido razoável em sua estratégia.

- Eles querem dividir a Índia. Querem estabelecer uma nação desunida. Nossas tropas ocuparam os estados de Punjab e Haryana, porque os rebeldes se espalharam em manifestações violentas. Precisávamos reestabelecer o controle da Nação. Portanto, foi inevitável a invasão do templo, porque o líder deles se refugiou lá.

O emissário não ousou contrariá-la. Apenas sugeriu que utilizasse a diplomacia, ao que ela replicou: _É uma humilhação! - Seus olhos outrora límpidos, estavam marejados e não havia como evitar o conflito de sentimentos. Uma dose de desilusão reinou em seu íntimo.

Ao voltar-se para João Paulo I, Indira observou um sorriso leve, expressando uma aura de santidade que transtornava ainda mais o seu coração perturbado. Talvez por isso, sentara-se a sua frente, almejando que ele lhe desse as respostas, cujas perguntas pululavam desordenadas. Também sorriu para ele e quando o fazia, sentia-se tranquila e receptiva. Então, ele completou o tema, com afável delicadeza.

- Talvez a sua missão seja hostil aos seus sentimentos humanos, mas muito elevada perante os desígnios divinos. Muito mais do que diplomacia, trata-se de uma demonstração de humanidade, de que a filha principal da Índia não é somente a Primeira-Ministra, mas uma cidadã solidária, que respeita e ama todos os seus conterrâneos, sem ver-lhes a casta ou a inclinação política ou religiosa. Sabe, Irmã Indira, a vida não tem sido fácil para eles também.

Neste momento, o pranto silencioso embargou a voz e ela se aquietou, sem dizer nada, apenas limitando-se a ouvir o Pontífice.
- É uma verdadeira tragédia para os que lutam pela liberdade ou o que chamam de liberdade. Se V. Exª luta pela liberdade dos pobres, pela socialização da terra, das riquezas, deve lutar também pelas liberdades individuais.

Num esforço extremo, a estadista superava a mulher:

_A mando de quem vierem aqui? Meu Deus, às vezes, penso que tudo não passa de uma alucinação. Querem que eu me aproxime dos sihks e peça perdão? Mas nossas relações são de paz, vejam os meus agentes que pertencem esta seita!

O emissário e o papa se entreolharam, expressando, talvez, tudo o que seu coração trouxera na bagagem.

Indira observava o Santo Pontífice e de repente, seus olhos se transformaram, como se a revelação saltasse pelas órbitas. Seu coração abalado a fez recuar, aproximando-se do corredor envidraçado. Lá fora, do outro lado da residência, o jardim todo às escuras, tão bem guardado pelos agentes. Então, voltou-se para os dois que agora estavam separados.

O papa folheava algumas páginas da Bíblia, que o emissário lhe entregara. Este desenhava pequenos círculos com os pés, contornando as estrelas dos ladrilhos. Ela aproximou-se e pousou a mão sobre a Bíblia, reluzindo a ametista no anular, num gesto de alerta. O papa levantou os olhos e a ouviu, paciente.

- V.S. pretende indicar-me um caminho! Agora, sinto que as coisas estão aqui, na minha mente, no meu coração. São eles... eles me trairão. Assim, como o senhor previu a sua morte ...

Ele faz um aceno com a cabeça. Seus olhos diziam mais do que ela gostaria de ouvir. Entretanto, nada parecia surpreender Indira, desde que iniciara o dia, portanto, até nos discursos que teria pela frente, suas previsões seriam as mesmas.

- Então acha que...

- Minha filha, quando nos afastamos do perdão e da justiça, buscamos a vingança.

Ela dirige-se ao emissário.

- A revelação era esta?

Ele abre os braços, mostrando que não há nada a esconder.

- E como sabe?

- A senhora mesma afirmou. Veio dele, do amigo Luciani.

- Então, que devo fazer? Se pedir perdão, apenas para me livrar da vingança, para me livrar da morte, não serei digna para a história. Estarei apenas abreviando a minha partida, mas faltarei com a verdade que o senhor propaga.

- Por outro lado, evitará o derramamento de sangue. Evitará que a Nação se abaixe ao colonizador imperialista, que o povo seja esmagado na miséria, que o capitalismo destrua os benefícios alcançados, impeça que os judeus sejam mais uma vez expulsos de seus nichos.

Neste momento, o emissário Herscher se encaminha até a mesa, juntando-se aos dois. Quando ela pergunta "Devo então desviar o rumo, devo mascarar o meu destino?", ele devolve, convicto: "Ao contrário, deve exercer o seu destino. Está em suas mãos."

Indira abaixou a cabeça, melancólica. Um filme se passou em sua vida: Lembrou o pai, Nehru, o qual ajudou enquanto era primeiro ministro, recordou da vitória na guerra do Paquistão, cuja parte oriental, resultou na República de Bangladesh, com sua influência e participação marcante, motivando a aceitação pelo povo que a elegeu. Pensou em sua vida pessoal, na sua família, em seu filho que morrera num acidente aéreo, no outro filho que detestava política, mas que faria qualquer coisa para agradá-la. O que seria dela, a partir de agora?

Suspirou. Perguntou ao emissário:

- Quando será?

- Não sabemos com certeza, mas o fim está próximo. V.Exa. tem de se apressar.

- Tão pouco tempo assim?

- Tempo suficiente para decisão. Para a reconciliação. Para o pedido de perdão.

O velho papa ouvia o diálogo, alisando suavemente a página de um salmo. Quando Hersch perguntou o dia, Indira retirou um pequeno calendário da gaveta da mesa. Ele repetiu a data por duas vezes. E na segunda vez, completou:

- Trinta de outubro. Deve ser amanhã. O ator inglês já chegou?

- Peter?

- Sim Peter Ustinov. Você não deve ir ao jardim sob hipótese alguma, amanhã. Esqueça a entrevista.

- Que loucura!

João Paulo I levantou-se, deixando a Bíblia aberta sobre a mesa e se aproximou de Indira. Abraçou-a e abençoou-a ante o olhar emocionado do emissário. Em seguida, perguntou se ela pediria perdão à nação Sikh. Indira afirmou que pediria perdão, conforme o desejo do sumo Pontífice.

Neste momento, o emissário foi até a porta principal e pediu que um dos agentes entrasse na sala. Indira o olhou petrificada. Seria ele, o homem que a mataria, ou junto com o outro, executaria o plano na íntegra. Perguntou ao papa, o que significava aquilo? Teria chegado a sua hora?

Ele sorriu e acrescentou, satisfeito.

- Ele mesmo dirá.

O homem, a princípio, receoso, depois mais seguro aproximou-se e estendeu a mão à Primeira-Ministra. Ela recuou alguns passos, mas deteve-se, paralisada. Seria o seu fim, a previsão se antecipara para o dia anterior? Estaria ali, encomendada a sua morte? O que queria aquele homem e o outro guarda-costas que acabava de entrar.

- Nós queremos a paz e antes que peça perdão, nós também pedimos, pelo derramamento de sangue que também causamos. Queremos partilhar da mesma paz que V. Exª pleiteia.

Indira Gandhi estremeceu. Voltou-se para o jardim e sorriu.

Na noite seguinte, proferiu o discurso mais lindo e emocionado, que lhe valeu por presságio, em toda a sua história:

"Não me importa se perco a vida ao serviço da nação. Se morrer hoje, cada gota de meu sangue revigorará a nação."

Somente Hercher sabia que ela descobrira o dia de sua morte e por isso, fizera um vaticínio tão preciso.

Entretanto, a esperança de que não se concretizasse fora inabalavelmente destruída pela vingança do homem. O papa convencera Indira, mas o coração empedernido do antagonista não soubera compartilhar o mesmo ato conciliador. Somente o emissário Herscher sabia o quanto ela fora enganada, não por ele, nem pelo papa, mas pela bestialidade humana.

A verdade está no alto, não no homem.

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