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A fotografia da vida de Santa - CAP. 26

Sábado, 10/12/16 - Em breve o final deste folhetim dramático.

Capítulo 26

Após o enterro de Fernando, Linda voltou para a casa e trancou-se em seu quarto. Apesar de todas as desconfianças e presumíveis ameaças da empregada, Santa estava penalizada com o seu estado de sofrimento. Tentou ser solidária embora Linda se mantivesse reticente. Santa também estava desolada pelo fato de Alfredo estar preso. Tudo parecia voltar-se contra a sua família e não havia nada que pudesse fazer. Então teve a ideia de fazer uma nova reunião, já que não havia conseguido unir a família pela missão que acreditava ter que cumprir, a uniria pela salvação do filho.

Aos poucos, todos foram chegando. Sandoval aguardava ansioso e transtornado pelos últimos acontecimentos. Letícia e Ricardo foram os primeiros a chegar. Tavinho desceu do carro, em seguida, incomodado por mais uma convocação da mãe, que achava que poderia resolver tudo ao seu modo. Entrou na casa e foi na direção da biblioteca, mal humorado. Santa aproximou-se do filho e o beijou, pedindo em seguida que sentasse numa das cadeiras em torno da mesa. Em seguida, iniciou a conversa.

– Mais uma vez estamos juntos, só que nunca imaginei que seria desta forma, principalmente por Alfredo estar longe de nós – a voz estremeceu, emocionada ao falar no filho. – Entretanto, precisamos unir forças para tirá-lo daquela prisão.

Ricardo abre uma agenda e rabisca alguma coisa. Fala com certa irritação sobre a ida de Letícia à casa de Fernando, ao lado de Tavinho.

– Se eu soubesse que Letícia tinha feito a bobagem de ir até aquela casa, eu não teria deixado. Aliás, não entendi até agora o motivo.

– Por favor, Ricardo, já conversamos sobre isso. Não recomece.

Santa os interrompe, impedindo que a briga deturpe o objetivo do encontro.

– Agora não é momento para recriminações, Ricardo. Eles foram até lá e assunto encerrado.

– Desculpe, Santa, mas não é assunto encerrado. Eu gostaria que meus filhos explicassem porque foram conversar com o jardineiro naquele dia. Quero saber o motivo, afinal vocês colocaram toda a família em risco.

Letícia fita o pai com certa indignação e responde com veemência:

– Então está bem, papai, já que o senhor quer realmente saber. Nós fomos falar com o Fernando sim, porque ele devia saber muito mais coisas do que sabíamos, principalmente sobre o senhor e Linda.

Sandoval empalidece, mas não se deixa abalar. Defende-se como pode.

– Na verdade, Letícia, sua mae sabe tudo o que aconteceu. Eu fiz questão de esclarecer tudo a ela, contei inclusive que estava sendo chantageado por Linda por causa da gravação de nossa reunião, naquele dia.

Tavinho suspira, manifestando certa culpa pelo que fora proposto na reunião e que certamente Santa devia ter conhecimento de tudo. Aproxima-se da mãe e acaricia-lhe o ombro, desajeitado.

– Mamãe, você deve ter ouvido toda aquela papagaiada, eu só concordei porque quero viver a minha vida, eu fiquei alheio a tudo aquilo.

– Eu sei Tavinho, todos vocês tiveram papel crucial naquela decisão. Todos tinham os seus interesses particulares, ninguém pensou em mim, que seria considerada uma velha louca.

–Não é bem assim, mamãe!

– É sim, Letícia, você sabe que é. Você declarou que eu estaria tirando a liberdade de vocês, talvez tenha razão. Você achou que eu havia me arriscado demais, me metendo onde não devia. E você Tavinho, você lavou as mãos, como Pilatos. O único que sofreu mais e relutou com a decisão foi o Alfredo. Ele concordou também, mas não queria que eu descobrisse que fosse tachada de louca. O Ricardo inclusive, colocou em dúvida a aparição da Virgem, julgando-me sem qualquer escrúpulo.

Ricardo a interrompe, desculpando-se: – Ah, dona Santa, a senhora há de convir que era tudo muito estranho e se o próprio Seu Sandoval, seu marido afirmava isso, seria eu que duvidaria?

Ela o olha entediada. Volta-se para Sandoval e dispara, com raiva:

– E você Sandoval, foi o traidor, infelizmente.

– Por favor, Santa, não vamos recomeçar! Agora não entendo como você sabe de tantos detalhes. Quem lhe contou? Foi você, Letícia?

– A senhora não disse a ele, mamãe?

– A que você se refere Letícia - e voltando-se para Santa – há mais alguma coisa que desconheço, Santa?

– Mamãe recebeu a gravação quando Linda enviou a mensagem para uma amiga. Ela sabia de tudo desde o primeiro momento, por isso não caiu na armadilha que vocês arquitetaram!

– Você sabia, Santa? Então eu não tinha motivo nenhum em obedecer àquela mulher.

– Naquele dia, eu havia ido à igreja, e uma amiga de Linda recebera a mensagem com a gravação. Ela seria o suporte dela, mas eu acabei sabendo de tudo, passei para o meu celular na hora. No entanto, fiquei quieta, pois precisava saber até que ponto você iria, até que ponto tentariam me anular, me transformar numa mulher imprestável.

– É papai, o senhor pisou na bola e mamãe foi muito esperta.

– Mas eu não entendo. Linda deveria ter descoberto que a a tal mulher, se era amiga dela, mandou para você a mensagem.

– Não sei, isso é um mistério. Ela deve ter se comunicado com Lúcia, a mulher que recebeu a mensagem com a gravação. Deve ter contado tudo, mas você sabe que Linda é dissimulada. Certamente, ele mudou de planos. Talvez nem você Sandoval fizesse mais parte dos seus planos.

– Isso é um absurdo, meu Deus! - exclama Sandoval, aniquilado. Santa levanta-se da cadeira e encaminha-se para uma posição em que consegue observar a reação de cada um. Assim, em pé, continua:

– Mas eu não os chamei aqui para ficarmos remoendo esta história. Há muito tempo eu já sabia de tudo, já tinha me frustrado com todas as conclusões que tiveram e agora acabou. Só me interessa encontrar uma maneira de ajudar Alfredo.

– Mas por que vocês acham que o rapaz sabia mais alguma coisa sobre essas manobras de Linda? - pergunta Sandoval, dirigindo-se aos filhos. Santa porém responde com frieza.

– Você mesmo disse Sandoval que ele era o homem que nos assustara naquela noite, andando pelo jardim, aparecendo e desaparecendo e jogando um bilhete pela janela. Você afirmou que tudo fora tudo articulado por Linda.

– É verdade, é verdade. Tenho certeza disso, ela me confiou o seu plano. Mas então… Alfredo também tinha a intenção de descobrir alguma coisa com ele?

Ricardo olha para a mulher intrigado, pretendo impulsionar alguma explicação.

– Vocês dois combinaram ir na casa de Fernando, foi o que você me disse. Eu sabia os motivos, mas por que Alfredo estava lá. Ele deve ter dito alguma coisa para vocês, Letícia.

– Calma, Ricardo. Parece que você está mais interessado do que o papai. Alfredo estava lá, sim, quando chegamos, mas provavelmente tinha a intenção de encontrar alguma coisa que revelasse uma provável armação de Linda. Ele andava desconfiado há algum tempo.

Ricardo intervém, insinuando:

– Eu já tenho as minhas dúvidas, vocês sabem como ele tem interesses estranhos. Vai ver que não era nada do que vocês estão pensando!

– Você é terrível, hem Ricardo, quer calar a boca?

– E o que você acha que tenho que pensar? Você mesma já pensou nisso, que eu sei. Além disso, devemos avaliar todas as hipóteses, querida.

Santa interfere, amargurada:

– Esse não é o caso, gente, pelo amor de Deus. Alfredo é um homem de bem. E por favor, vamos tentar ajudá-lo, não crucificá-lo.

– Estamos aqui para isso. – Complementa, Tavinho.

– Então, contem o que aconteceu naquela casa. - Insiste Sandoval.

Neste momento, batem à porta e Santa afasta-se, tentando saber o que estava acontecendo. Linda surge com o olhar aflito, com olheiras ainda sublinhando a dor que manifesta. Avisa à patroa que o o doutor Tavares, advogado de Alfredo está na sala anterior e tem interesse em conversar com eles. Todos observam a cena surpresos. O que estaria fazendo ali o advogado de Alfredo, o que teria acontecido? Linda afasta-se ao ouvir a ordem de Santa, para que o advogado se dirigisse à biblioteca.

Quando entra, o homem revela-se muito preocupado. Todos fazem silêncio e Santa pede que ele sente à cabeceira da mesa, cedendo o seu lugar. Em seguida, acomoda-se ao lado de Tavinho. O homem começa a falar, desculpando-se.

– Eu não esperava que estivessem tendo uma reunião, por isso peço desculpas. Tenham certeza de que serei breve. Por um lado, foi bom encontrá-los juntos, porque assim, poderei conversar com todos. Como já devem estar imaginando, o assunto só podia referir-se a Alfredo.

– O que aconteceu com meu filho doutor?

– Ele está bem, dona Santa, claro que dentro das condições em que se encontra. Não é nada agradável estar preso, mas pode ter certeza de que está sendo bem tratado, inclusive, por enquanto está numa cela sozinho.

Santa não consegue esconder algumas lágrimas. Tavinho acaricia-lhe as mãos, por um momento. Enquanto isso, o advogado prossegue, enfático.

– Pois é pessoal, eu vim aqui porque preciso da ajuda de vocês para tirar o seu irmão da cadeia. Sei que poderão me informar fatos mais detalhados, que tenho certeza, poderão ajudá-lo com muita eficácia. Infelizmente, posso lhes afirmar que Alfredo está bem encrencado.

– Como assim, o que o senhor quer dizer com isso? - pergunta Sandoval, ansioso.

– Se possível, senhor Sandoval, peço a todos que me ouçam com atenção. Somente assim poderão me ajudar, de algum modo.

– Está bem doutor, por favor, fique à vontade.

– Bem, há uma prova física de que Alfredo esteve lá, embora esteja nos autos que ele confessara ter estado na casa do morto.

– Mas então, essa prova não significa nada. - intervém Ricardo.

– Na verdade, senhores, esta prova corrobora com o que ele disse à polícia. Ou seja, de que esteve lá. O problema é que houve uma limpeza no ambiente, no cenário do crime, entendem? Esta limpeza o incrimina ainda mais, porque ele deve ter feito isso para escapar da condição de suspeito.

– A prova física foi a lente que ele perdeu, doutor? - pergunta Letícia, interessada.

– Sim, foi encontrada, examinada e comprovada que era dele.

– Como meu irmão foi burro! Ele disse que tinha perdido uma lente!

– Meu Deus, Letícia, pobre do seu irmão! Ele é inocente, doutor! Ele não seria capaz de um ato tão torpe!

– É, entretanto alguém tentou se livrar da acusação, seja ele sozinho ou incentivado por outros.

– Estes outros somos nós, não é doutor? É a gente que o senhor se refere?

– Sim, Tavinho, vocês estiveram lá e encontraram o seu irmão apavorado, tentando descobrir se a vítima ainda estava viva. Mas, temos outro problema pior, embora pareça impossível. Uma gravação foi encontrada no celular da vítima. Uma mensagem do próprio Fernando referindo-se a Alfredo.

– Sim, eles devem ter combinado se encontrarem, isso é óbvio.

– Não se trata disso, apenas Letícia.

– Havia mais alguma coisa, doutor? - pergunta Ricardo.

– Sim, eu disse que era uma mensagem do Fernando, uma espécie de monólogo, não uma troca de mensagens apenas.

Santa está cada vez mais nervosa. Questiona o advogado, com a voz trêmula, prevendo que o pior está por acontecer.

– Mas o que o meu filho tem a ver com isso?

– A mensagem é muito grave, dona Santa e está nas mãos da justiça.

– Do que se trata doutor Tavares?

– Senhor Sandoval, eu não gostaria que o senhor soubesse assim dessa maneira do teor da gravação, mas é necessário. Infelizmente, o senhor é o pivô da mensagem deixada pela vítima.

– Mas o que eu tenho a ver com isso?

– O que supomos e o que até mesmo a polícia acredita é que o Fernando, a vítima, tenha feito a gravação para se defender, para garantir que estava isento de um presumível crime que estava prestes a acontecer.

– O senhor pode explicar melhor, doutor? Não estou entendendo nada.

– Bem, Sr. Sandoval, a vítima diz textualmente que Alfredo planejava sequestrar o senhor.

– O que? Isso é um absurdo! Meu filho não faria isso! - grita Santa, em desespero.

– Isto é mentira doutor, meu irmão não teria sangue frio para isso.

– Calma Leticia, deixa o doutor continuar - argumenta Ricardo interessado.

– Alfredo não ia se meter numa merda dessas, a menos que estivesse louco. – conclui Tavinho.

– Bem, pessoal, continuando: A vítima deixa claro que Alfredo queria que ele sequestrasse o pai e o levasse para a casa onde estava morando por um tempo determinado, o tempo suficiente para que ele, Alfredo, pudesse comprovar que a mãe era lúcida e capaz de tomar suas decisões quanto ao patrimônio, longe da presença do pai que para todos estaria viajando. Para isso ele daria uma grande recompensa em dinheiro ao rapaz. Mas, segundo as palavras da vítima, ele jamais faria isso, porque seria preso e não teria chances de sair da cadeia. Entretanto, queria deixar claro quem era o culpado de tudo.

Sandoval levanta-se transtornado e golpeia a porta da biblioteca com raiva. Grita indignado:

–Maldito! Meu próprio filho queria a minha ruína! Ele sempre me odiou, aquele bicha miserável! Com certeza, queria matar-me, acabar comigo!

–Não diga isso Sandoval, pare de insultar o nosso filho, com certeza isso é tudo uma armação. Alfredo é um homem doce, de coração bom. Isso não é verdade, não pode nem ser verdade! - Santa conclui descontrolando-se e caindo num choro convulsivo.

Letícia aproxima-se dela e a abraça, pedindo que se acalme para ouvir o que o advogado tem a dizer. Tavinho também conforta a mãe, ao seu lado. O advogado prossegue, expressivo:

– Verdade ou não, o fato é que esta gravação piorou em muito a situação de Alfredo. Para a polícia, ele é o único culpado do assassinato do rapaz e só falta saber a causa motivadora de tal crime.

– Meu filho não seria capaz de um ato tão torpe! -– Insiste Santa, enquanto Letícia exclama, confusa – Eu estou pasma! Alfredo estava louco, possesso!

– Ou ele queria acabar com o seu pai mesmo, Letícia. O dinheiro, o poder, o patrimônio, tudo conta numa hora dessas. – Afirma Ricardo, categórico. Tavinho insiste:

– Deve existir outra coisa nesta historia toda. Não pode ser isso. Eu também não acredito nessa lorota, meu irmão não ia planejar isso. É loucura. O advogado olha em torno e observa que todos estão muito confusos. Então, responde a Tavinho, tentando esclarecer a situação:

– Loucura ou não, Tavinho, nós não sabemos. Eu conversei com ele, ele foi reticente. Mas o problema é o que lhes falei. Ele está muito encrencado!

– Que apodreça na prisão, esse miserável! - grita do outro lado da sala, Sandoval completamente alterado. Santa o repreende, assustada:

– Não diga isso Sandoval, tenha piedade de nosso filho! Ele é inocente!

– Pois saiba Santa, que já nem tenho certeza de que ele é inocente ou matou mesmo o jardineiro! Um homem que planeja sequestrar o próprio pai, é capaz de tudo!

– Você não pode acreditar nisso, é um erro muito grande. Este rapaz estava louco, certamente queria fazer chantagem com Alfredo, não há dúvidas.

O advogado tenta apaziguar a situação.

– Por isso estou aqui, para ajudá-lo. A polícia já sabe que vocês estiveram lá, então é o momento de dizerem o que viram naquele cenário, o que Alfredo estava fazendo. Você Letícia e você Tavinho precisam detalhar o que viram, dar argumentos para a presença de vocês, pois convenhamos, esta história está muito confusa. Vocês precisam ajudá-lo.

– Eu não tenho mais nada a dizer. Cheguei lá e vi o Alfredo segurando o corpo. Nunca imaginei aquela cena horrenda! - exclama Letícia, enquanto Tavinho complementa que vira o irmão em absoluto desespero, por isso pensaram em ajudá-lo naquele momento.

– E como o ajudaram? De quem foi a ideia de fazer uma limpeza na cena do crime?

– Foi minha, claro. Todos nós estariamos implicados, afinal mexemos em tudo naquela casa. Passamos pra lá e pra cá, porque estávamos muito nervosos, inclusive porque o verdadeiro assassino poderia estar ali, bem perto.

– A gente estava ferrado, por isso, fizemos o que Letícia sugeriu.

– Mas vocês sabem que mexer na cena do crime, desfigurar as provas é um considerado uma falta grave, o fato de extinguir os registros que comprovam um assassinato é uma prova de que queriam se livrar de alguma transgressão. Vocês podem ser acusados de serem cúmplices do assassino. Você deve saber isso muito bem, Letícia. É uma promotora. Eu não entendi porque fizeram isso, uma coisa tão primária.

– O senhor tem razão doutor, é que estávamos muito nervosos, como lhe disse, a família toda ali envolvida, Alfredo apavorado. Não sabíamos o que fazer.

– Foi mal mesmo. – Completa Tavinho.

Em seguida, Sandoval abre a porta da biblioteca e se volta para o grupo, desolado.

– Eu vou me retirar, isso já está me dando náusea. Meu próprio filho armando contra mim e os demais limpando a cena do crime. É uma frustração muito grande.

– Não se esqueça que no fundo, o senhor é o culpado de tudo isso que está acontecendo papai. – Reitera Letícia, sem piedade.

Sandoval afasta-se sem olhar para atrás. Santa está desconsolada, ora dirige-se ao advogado, ora aos filhos tentando achar uma solução. O doutor Tavares ratifica o seu pedido: acha que devem comparecer à delegacia e explicar como tudo se sucedeu, provando que o rapaz já estava morto quando Alfredo chegara. Entretanto, Tavinho faz uma pergunta, que faz todos se olharem surpresos.

– Tudo bem, a gente fez tudo isso, a gente ajudou o Alfredo, mas, vejam, não to afirmando nada, e se meu irmão for o verdadeiro culpado? E se ele matou o tal Fernando?

– Você não acredita nele? - indaga o advogado, intrigado, enquanto Santa acena a cabeça desiludida.

– Eu acredito, mas sei lá, agora veio esta confissão do jardineiro dizendo que ele queria sequestrar o pai.

– Isto é um absurdo, Tavinho. É tudo mentira desse homem!

– Não sei, mamãe, me desculpe, não quero que a senhora sofra mais do que já está sofrendo, mas e se for verdade? Eu já não sei em quem confiar!

– Então deixe que a polícia descubra, que a justiça encontre o verdadeiro assassino. Não será você quem julgará o seu irmão, não acha? Quero apenas que cumpra a sua parte. Você e Letícia devem abrir o jogo, contar o que sabem daquele momento. É só isso o que o advogado está pedindo.

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