NESTA TERÇA-FEIRA 29 DE NOVEMBRO, PROSSEGUE O NOSSO FOLHETIM DRAMÁTICO, AGORA COM O CAPÍTULO 24.
Santa estava muito nervosa com o sofrimento de Linda. Afinal, o sobrinho havia sido assassinado. De repente, as situações revelavam um caminho bem diferente do que Santa tinha imaginado. Ela agora, arrependia-se por ter pedido ao rapaz que descobrisse o que Linda estava tramando contra ela em conluio com o próprio marido. Precisava provar aos filhos que o seu objetivo era torná-la uma incapaz. Mas não era essse o caminho que queria para a família, ao contrário, queria o bem para todos. Por que tudo desandara dessa maneira? Até ela se envolveu nessa intriga. Por que não foi clara com Sandoval, com os filhos, por que não abriu o jogo. Isso tudo a deixava mortificada. Não era o que a Virgem lhe indicara, ao contrário, afastava-se cada vez mais dos objetivos de união e credenciamento de novos rumos para a família.
Estava assim, perdida em seus pensamentos, quando Sandoval entrou na sala. Observou que ele estava com um ar cansado, como se não tivesse dormindo toda a noite. Por um momento, lembrou das jogatinas, das festas longe de casa, mas poderia ser outro motivo. Quem sabe, ele também não estava triste pela morte do jardineiro.
Ele aproximou-se e sentou-se ao seu lado. Santa pensou em falar tudo que estava pensando. Naquele instante, sentiu uma certa ternura pelo marido, uma coisa antiga, que já não sentia há muito tempo. Entretanto, reprimiu o sentimento. Sandoval não lhe despertava confiança, como antes.
Ele a olhou amargurado e perguntou:
– O que está acontecendo nesta casa Santa? O que está acontecendo com nossa família?
– É isso que me pergunto Sandoval, a todo momento. Mas você estava tão bem, afinado com a família, fazendo uma reunião sem a minha presença. Parece que tudo está nos conformes, não?
– Não diga isso, Santa. E por favor, não vamos brigar, eu preciso conversar com você, com calma.
– Eu sei, eu também estou muito aflita com tudo que está acontecendo. A morte desse rapaz…
– E você sabe que Alfredo foi chamado para depor?
– Alfredo? O que você está dizendo, Sandoval? Por que meu filho teria que depor sobre a morte de Fernando?
– Não sei. Só sei que as câmeras da rua registraram o carro dele ou um vizinho chamou a polícia, coisa assim.
– Mas o que Alfredo estava fazendo lá?
– Ele encontrou o rapaz morto. E tem mais, depois chegaram Letícia e Tavinho. Por enquanto, a polícia não os chamou, mas não vai demorar muito, porque as câmeras pegaram a imagem de outro carro, certamente o deles.
– E como você sabe de tudo isso?
– Acabei de chegar do escritor de Letícia, ela está muito nervosa. Daqui a pouco, tenho certeza, vão começar os interrogatórios.
Santa não consegue conter as lágrimas.
– Meu Deus, como pode chegar a esse ponto. Não era isso que eu queria que acontecesse para a nossa família.
– Sinto muito lhe dizer isso, Santa, mas você foi a culpada. Foi você que veio com esta história de dividir o nosso patrimônio com aquela gentalha da ilha isolada, e esse desejo de modificar as nossas vidas. você começou com essa loucura!
– E o que isso tem a ver com o pedido de Nossa Senhora?
– Letícia me contou, que foi pedir ajuda ao rapaz. Ela e Tavinho estavam desesperados, porque você os instruiu contra mim. Mas você sabe, Letícia é estômago frio e acabou me contando tudo.
– Eu pedi que eles descobrissem o que você está tramando contra mim. Você induziu a família a pensarem que estou louca!
– E isso não é uma loucura? Acabar com o patrimônio da nossa família, dar dinheiro para essa gente, se misturar com eles, sei lá que insanidade você está planejando.
– Cale a boca, Sandoval! Cale a boca! Porque você ia muito mais longe, você queria me deixar uma incapaz, uma mulher que não pode decidir nada. Não pense que sou uma idiota, eu sei de tudo.
Sandoval tenta acalmar-se. Sabe que precisa de tempo para convencer a mulher e muito mais do que tempo, paciência. Talvez seja necessário mostrar-se arrependido do que fizera e até pedir-lhe perdão. Santa prossegue, indignada. Decidiu dizer tudo o que sabe, às claras, chega de mentiras, de meias-palavras. Chegou o momento da verdade.
– Eu sei que você fez um acordo com Linda.
– Como assim, de onde você tirou essa bobagem?
– Eu percebi quando ela começou a me tratar como se eu fosse uma demente, que esquecesse o passado, que esquecesse por exemplo que não tem um filho com você. Ela queria me fazer acreditar que eu estava fantasiando e me trazia chás com calmantes, eu tenho certeza disso. Um dia escondi os comprimidos e mostrei-os ao doutor Oliveira. Ela não deve estar fazendo isso sozinha, Sandoval. Você está nisso.Não tente me enganar, pelo amor de Deus.
Sandoval percebe que precisa fazer da mulher uma aliada. Então, decide contar-lhe toda a verdade. Levanta-se, fecha a porta da sala e volta a sentar ao seu lado. Fala em tom mais baixo.
– Santa, você tem razão. Eu vou contar-lhe toda a verdade.
– Eu sabia que você seram cúmplices!
– Mas agora, você precisa me ouvir, com calma. Temos que nos unir contra esta mulher, principalmente agora, que ela está fragilizada. Precisamos agir de uma maneira, que ela fique encrencada com a polícia e vá embora desta casa!
– Mas o que vocês estavam tramando contra mim?
– Começou com você, quando a mandou gravar a nossa reunião.
– E o que você queria que eu fizesse. Uma reunião que não teria a minha presença. Você acha justo isso?
– Santa, agora não é mais momento de pensarmos se é justo ou não. O fato é que ela gravou, mandou a gravação por mensagem para alguém para se assegurar que eu não tiraria dela a tal prova.
– A prova de que você convenceria os meus filhos a me considerarem louca.
– Não fale nestes termos.
– Mas é verdade. Não foi isso que foi tratado naquela reunião?
– Sim, foi, mas olhe. Vou ser sincero com você Santa, todos acabaram concordando comigo. Os nossos filhos pensaram bem e viram que eu tinha razão.
Santa emudece. Uma lágrima corre rápida dos olhos. Sente-se desolada. Os filhos concordaram que ela não deveria decidir sobre mais nada em sua vida.
– Sinto muito Santa, mas não posso omitir nada de você. Bem, quero falar de Linda. Ela fez uma chantagem comigo, disse que mostraria a gravação para você se eu não fizesse o que ela queria.
– Ela quer o quê? Acabar comigo?
– De certo modo, sim. Ela quer que eu assuma o nosso filho, que lhe dê o meu nome, que divida a fortuna com ele também. Ela quer ser a dona desta casa!
– Então quer me matar realmente.
– Não, o combinado era deixar você cada vez mais incapaz. Ela sugeriu isso, até você não ser mais nada nesta casa, até… bem quem sabe, se afastar daqui, de uma vez por todas.
– E você concordou com isso?
– Claro que não, eu fiquei louco, mas acabei concordando, pedi um tempo de 6 meses para poder por em prática o plano, até conseguir fazer o que ela queria.
– Até me enlouquecerem! Você é tão cruel quanto ela! Você é um criminoso, Sandoval!
– Mas eu não faria isso.
– Seja sincero. Você deixaria que ela tomasse as rédeas, como tentou fazer e me enlouquecer, me deixar tão fraca que acabaria pensando que estava louca realmente.
Sandoval não responde e Santa percebe que está em plena solidão, naquele vendaval de mentiras e planos criminosos.
– Seu miserável! Você é tão indigno quanto ela! Eu o odeio! E odeio aquela mulher!
– Santa, Santa, por favor, eu mudei de ideia, você está vendo. Eu não quero mais fazer isso, precisamos acabar com esta mulher, mandá-la embora. Por isso estou aqui, com você, ao seu lado.
– Nunca mais você estará ao meu lado, como não está agora Sandoval. Você está no seu lado. Você está com medo desta mulher, porque apesar de tanta covardia e sujeira, você nào queria que tudo viesse à tona, que nossos filhos soubessem e principalmente, você não quer dar nada a ela. Pois eu lhe digo, só há uma solução: você legalizar a situação do seu filho, dar-lhe algum dinheiro e a mandar embora. Você não precisa casar com Linda para fazer isso, então não se preocupe tanto com a situação.
– Mas você acha justo? E se este rapaz não for meu filho realmente?
– Faça o DNA. Vá para a justiça. Ela existe para isso.
– E quanto ao sobrinho? Ela tinha algum plano contra nós através dele?
– Sim, naquele dia em que um homem apareceu em nossa casa e deu um susto em você, foi tudo arranjado por ela. Era o tal sobrinho, que se fez de estranho para assustar todo mundo.
– Mas e o bilhete do bispo Martin?
– Linda o tinha pego no dia da reunião o e deu para ele, para parecer mais real.
– Então esta mulher é muito perigosa.
– Sim, por isso, precisamos nos unir, Santa.
– Eu já lhe disse o que fazer. Faça a coisa legal. Quanto a ela, não temos provas de que esteja tramando coisas contra nós, contra mim, principalmente. Não podemos chamar a polícia. Mas o que interessa agora é quanto aos nossos filhos, que parecem implicados com este crime. Afinal, por que mataram o rapaz? Você sabe alguma coisa Sandoval?
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