O filme “De porta em porta” (Door to door), de 2002 do diretor Steven Schachter ( Sem suspeita, Atraídos pela fama, Lady Killer entre outros) mostra a história simples e humana de Bill Porter (William H. Maci), portador de paralisia cerebral, que pretende tornar-se um vendedor.
As dificuldades de Bill são gritantes e proibitivas, pelo menos aparentemente em tornar-se um eficiente vendedor de porta em porta.
Entretanto, com o desenrolar da trama, ele consegue tornar-se um dos maiores vendedores de sua época, mas apesar de sua facilidade em comunicar-se, a vida é muitas vezes injusta e para ele, o passar do tempo pode piorar as coisas.
Bill, no entanto, sabe sobrepujar as suas dificuldades e tornar-se um vencedor.
O filme desenvolve uma narrativa densa, estruturada de forma a delinear situações que vão mostrando ao espectador a metamorfose que ocorre na comunidade, paralelamente à transformação que também ocorre no protagonista.
Aos poucos, ele interage com a comunidade através de suas vendas, mas mais do que isso, através de seu carisma, alinhavado num carinho cheio de humanidade. Aliado a isso, suas atitudes não demonstram qualquer censura ou preconceito à conduta dos que o rodeavam, embora houvesse sofrido preconceitos nem sempre dissimulados, em muitas oportunidades.
Mas a história anda, evoluindo com o passar do tempo, numa analogia ao progresso interior dos personagens e das mudanças tecnológicas que surgiam.
É neste momento, que Bill quase se deixa esmorecer, ao perceber que a sua comunicação precisa não mais bastava, em virtude das novas demandas da sociedade.
A partir dessa condição de sofrimento, ele recebeu em contrapartida o reconhecimento de sua amiga, uma assistente no trabalho de vendas, ajudando-o a reconstruir a sua vida.
Ele relutou exaustivamente em reconhecer que havia outras saídas, que também precisava da ajuda, do carinho e do conforto que sempre soubera transmitir.
Esta caminhada em busca do próprio desalento o levou a descobrir o verdadeiro significado de sua vida e luta pessoal, pois através dela soube dialogar com a comunidade e modificar atitudes arraigadas, pensamentos preconceituosos e vencer a intransigência.
Foi aí o seu ganho pessoal.
Trata-se de um filme denso, com belíssimas imagens de época, uma luminosidade marcante e uma trama comovente.
O filme nos instiga a pensar no outro como um processo desafiante a partir da aceitação de suas deficiências e perceber que as imperfeições da alma podem ser bem mais destruidoras do que as físicas.
Um desafio a compreender e participar da experiência humana, seja de que forma for.
Comentários