Fonte da ilustração: https://pixabay.com/pt/metamorfose-casulo-borboleta-macro-228720/
Não penses que a borboleta baterá trezentas vezes as asas aos teus ouvidos, nem que as flores vicejarão impunes, mesmo que as regues e cuides todos os dias de tua vida.
Um dia te cobrarão pela beleza que expressam.
Um dia exigirás que seu perfume abranja um espaço maior e que seus brotos e ramos pululem abrangendo tua paisagem interior.
Nunca pensaste que a vida viraria de ponta-cabeça, que o mundo que corria lá fora, corria muito mais veloz dentro de ti mesmo?
Nem percebias o quanto teu espírito sugava o néctar de cada flor e as examinava muito mais do que as borboletas ou quaisquer outros insetos.
Por certo, ficavas plasmado como uma folha tenra, mas sem vida, caída ao tronco da árvore, próxima à raíz, embora sem qualquer ligação com a seiva-mãe.
Foi num salto que a vida te mostrou sem ressalvas o que eras e o que no fundo já sabias.
Foi num salto que mergulhaste no nada, um vazio tão grande que pensaste em desaparecer.
Que nada!
Aí estava o furo da placenta, o regurgitar do prazer contido, o explodir pro macho, pra fêmea, pro bicho, pra flor.
Por que temer esse riso medonho, a achincalhada travessia, se teu destino começa agora?
Comentários